Em tempos de Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), nada melhor do que uma reflexão sobre dois temas relacionados ao evento. Primeiro, seguindo tendências mundiais, o Brasil tem aproveitado nichos culturais em algumas cidades do país, fazendo delas pólos de desenvolvimento cultural. Não apenas Paraty e seu evento literário, mas Paulínia e seu mais recente pólo cinematográfico e o próprio Rio que voltou a se mostrar empenhado em retomar a liderança cultural no país, dão a entender que a cultura começou a virar indústria no Brasil, e indústria no bom sentido, que não gera apenas empregos, mas faz eventos que permitem maior reflexão e espalham conhecimento para quem não tinha acesso. Ainda falta maior participação do setor público para estimular essas cidades e eventos como a Flip ainda tem elevada participação do setor privado.
Mas mais do que o meio que se lê em si, a discussão mais premente é sobre os direitos autorais. Depois de muito tempo a indústria fonográfica conseguiu certos meios de sobrevivência, que passam pela massificação dos shows de seus artistas, uso dos CDs como propagandas de shows, como tem sido feito por grupos populares no Brasil, e a venda pela internet, que deslanchou principalmente em países onde os direitos autorais são respeitados. No caso brasileiro, o escritor não tem a possibilidade de ganhar a vida fazendo shows como músicos, dependendo quase exclusivamente da venda de seu produto. Num país em que a pirataria ainda prevalece, os leitores digitais poderão ser preenchidos por livros pirateados. Essa experiência é diferente do cinema, onde também pode se piratear. A diferença é que no cinema há a experiência do evento de estar numa sala com várias pessoas, numa tela gigante e em geral como ponto de encontro de amigos.
A literatura, por ser um meio cultural de consumo individual, independe desse conceito e é mais aberta à pirataria. Assim, como o escritor poderá lucrar com seu livro? A tendência é que o retorno caia ainda mais para ele. Saídas que passam pela publicidade virtual nos leitores digitais podem ajudar, mas pela baixa saída dos livros, que em geral saem com edições de três mil cópias, podem não ser suficientes. Afinal, não é de se imaginar que por serem digitais mais livros serão lidos.
Assim, o mercado de livros tende a passar por um processo semelhante às dúvidas pelas quais passou o mercado fonográfico, com o agravante de que a solução deverá ser mais difícil.
* Sergio Vale é economista-chefe da MB Associados.
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