A idéia de laboratório, consagrada pela ciência, compreende um espaço em que os conhecimentos teóricos são aplicados com um objetivo prático. Uma visão pobre e dicotômica resumiria o laboratório a um espaço de mera confrontação entre essas duas instâncias da pesquisa , algo como “o lugar em que a efetividade da teoria é testada”. Numa perspectiva mais rica, é no laboratório em que teoria e prática se conciliam, visando, primeiramente, o aprendizado, a transformação.
Partindo desta perspectiva, a Brant Associados inaugurou no mês de agosto o Laboratório de Políticas Culturais. O programa reúne pesquisa, experimentação e uma rede sociocultural, com participação de 10 profissionais atuantes nas áreas de produção, patrocínio, pesquisa, gestão pública e privada.
A primeira conversa abarcou a definição do campo de abrangência das políticas culturais, tema que pautará esta primeira discussão pública do Laboratório, por meio deste blog, que inauguramos hoje.
A primeira inquietação que trazemos a este espaço é a de que política, cultural ou não, precisa de um campo de atuação para sair do estágio do discursso e se tornar palpável. Mas, será que os aparelhos públicos (leis e instituições) dão conta de cumprir essa tarefa?
O objetivo do Laboratório, assim como deste texto, não é validar ou invalidar conceitos. Mas, diante da fragilidade ou incipiência de nossas plataformas políticas, torna-se necessário ao profissional da cultura recorrer também ao conceito para determinar seu campo de atuação ou mesmo orientá-lo numa ação política.
O problema é que, assim como os instrumentos políticos, os conceitos de cultura parecem vagos demais e oferecem brechas perigosas para a má apropriação da “coisa pública”.
Um exemplo clássico é a definição da Unesco para cultura: “conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”. (Mondiacult – México 1982).
– É possível determinar um campo de atuação política a partir deste conceito?
– A quem esta determinação favoreceria?
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Sugiro a leitura de "Influir em Políticas Públicas e Provocar Mudanças Sociais - experiências a partir da sociedade civil brasileira", org Elie Gahanem, Ed. Ashoka/Avina (www.ashoka.org.br) , São Paulo 2007.
Olá Badah.
Acho bem interessante a questão que você coloca.
Ao nos depararmos desnorteados para as ações, devemos sempre recorrer ao panorama das transformações históricas dos conceitos com os quais trabalhamos. Penso que um "laboratório de políticas culturais", não só é importante, como deveria ser previsto no Plano Nacional de Cultura, para efetivação a médio prazo.
O que mais me aflinge é a dispersão das ações que fazemos neste sentido, penso que uma experiência, claro, um pouco diferente da sua idéia, mas de extrema importância e da qual pouco sabemos e até mesmo, talvez na prática não aconteça, é o Observatório de Políticas Culturais da ECA - USP, sob coordenação do Teixeira Coelho.
No primeiro semestre deste ano participei do Curso Livre Cultura e Mercado, na medida do possível me dedico à pesquisa sobre Políticas Públicas de Cultura no Brasil, ainda que não tão sistematicamente e confesso que toda discussão feita no curso, a proposta de reorganizar a Rede Pensarte, o próprio Laboratório, ou pouco repercutiram ou deixaram de me informar. Entendo que as informações estão disponibilizadas na Internet, mas neste bomboardeamento de informações que vivemos, muitas vezes não acertamos na filtragem!
Se podermos trocar informações mais focadas diante da questão do Laboratório, creio que será de grande proveito para todos os interessados.
Abraços, Sérgio Martins
outrosbrasis@gmail.com