2011 foi um ano importante para o mercado musical. Após 13 anos em queda, o setor finalmente voltou a crescer, adaptando -se de vez ao consumo digital e criando novos modelos de negócio a cada dia. Neste contexto, nasceu o site brasileiro ClapMe, um palco virtual onde artistas e bandas se apresentam com transmissão ao vivo de onde e quando quiserem.
A plataforma, lançada em março deste ano, já realizou mais de 250 transmissões e conta com cerca de 500 artistas cadastrados. Cultura e Mercado conversou com Celso Forster, um dos quatro sócios do site, para saber quais as perspectivas atuais para este mercado em transformação.
Cultura e Mercado – Como surgiu a ideia de desenvolver um modelo de negócio como o ClapMe?
Celso Forster – Como a maioria das ideias, o ClapMe surgiu de uma necessidade. No nosso caso, mais especificamente de uma frustração de um dos sócios, que era guitarrista de uma banda quando adolescente. Ali, ficou claro para ele que um artista pouco conhecido precisaria de inúmeras ferramentas para fazer com que seu trabalho ficasse conhecido – e, então, gerar receita para viver dessa arte. O surgimento de sites e o desenvolvimento de serviços online (e, claro, as evoluções tecnológicas como o streaming) foram mostrando que a internet é suficientemente democrática para ser usada como espaço para divulgação. O primeiro passo foi criar um palco virtual, para que os artistas pudessem se apresentar ao vivo. A partir dai, o artista – famoso ou não – tem a verdadeira oportunidade de se apresentar, ao vivo, para milhares de pessoas que até então não conhecia pela internet. Tudo de forma orgânica. Qualquer usuário pode criar um perfil e agendar um – ou até mais de um – show. Música. Humor. Mágica. Artes plásticas. No ClapMe cabem todos os estilos e, principalmente, todos os artistas. O botão “Clap” é que faz a curadoria dos artistas mais relevantes. E o botão “Tip” (ou “Apoio” como chamamos internamente) é a forma de contribuir com o artista – os “top tippers” ainda recebem recompensas definidas pelos artistas.
CeM- Como funciona esse modelo?
CF – Com a transmissão, o artista passa a ter contato em tempo real com o público. E, desta forma, a possibilidade de ganhar reconhecimento financeiro com as performances. E caso ele não tenha condições de fazer a transmissão da própria casa, pode procurar algum dos parceiros do site – como estúdios e bares, por exemplo – onde encontrará boa qualidade de áudio, vídeo e internet. Além disso, é possível apoiar o trabalho do artista (com o botão “Tip”) e receber recompensas. É um modelo digital de fidelização, que visa gerar uma relação mais legítima entre público e artistas.
CeM – Quais os principais conflitos patrimoniais diante dessas novas modalidades de distribuição e comercialização das obras e as novas formas de criação e licenciamento?
CF – A questão da propriedade intelectual artística sempre foi o “calcanhar” das relações entre artistas e toda a cadeia produtiva (estúdios, gravadoras, casas de show, bares etc.). Isto porque o artista é o dono, mas não tem a capacidade de gerar a receita, por inúmeros fatores (conhecimento limitado, inúmeras frentes de atuação e planejamento, investimento financeiro etc.). Então, as relações estabelecidas sempre privilegiaram aquele que seria capaz de dar vazão ao trabalho do artista. Hoje, com tantas ferramentas disponíveis e com a constante mudança de hábito dos consumidores, a internet se torna cada vez mais o principal ponto de contato do artista com o público. O que é preciso é rever os modelos de relação entre a cadeia (para que se adaptem às novas realidades).
CeM – Na sua opinião, as questões jurídicas em relação aos direitos autorais estão acompanhando devidamente a evolução do consumo musical?
CF – Elas estão evoluindo, mas ainda precisam de adequações que permitam ao artista preservar suas criações, mas sem perder a “liberdade” que o ambiente digital proporciona.
CeM – Qual a tendência do consumo de música brasileiro para os próximos anos e por quê?
CF – Não só no Brasil, mas no mundo, a tendência é que as relações se tornem cada vez mais legítimas. O artista não é mais dependente da gravadora, ou alguém que financie sua carreira. A internet é a mídia mais democrática que existe, permitindo que artistas estejam em contato com o público e este, por sua vez, possa acompanhar, consumir, apoiar, aplaudir seus artistas prediletos. Ou conhecer novos.
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