Fui ao novo MAC USP, no antigo Detran de São Paulo, neste sábado (28/1). No térreo, uma exposição curta, 18 peças, e uma sensação estranha, de que faltava algo. Um menino, naquela sabedoria inenarrável que temos por volta dos oito anos, vira para a mãe e sentencia: o museu está fechado, né. A mãe tenta discorda, mas não parece convencer a criança. Eu, ao menos, concordei com o pequeno.
Representando o governo estadual, Andrea não colheu do evento os louros que esperava. A inauguração, meio que forçada, um tanto que às pressas, e voltarei neste ponto em breve, enfrentou protestos de manifestantes, flagrados pela imprensa, numerosa como sempre. Os contrários, num “ato pró-Pinheirinho”, deram vazão às críticas que ecoam nas redes sociais, e fizeram valer – e se não discuto aqui se de forma válida ou não, é unicamente por não estar lá àquela hora – o direito à manifestação, assim como Andrea fez valer o direito ao palanque, buscando capitalizar na Cultura o apoio político para se legitimar como candidato tucano à prefeitura paulista.
O secretário, como de praxe para seu cargo, se colocou na defensiva, em nota oficial dizendo que “lamenta a agressão sofrida durante a entrega do maior museu de arte contemporânea da América Latina”. Aí, acredito, esteja o ponto que nos interessa. A tal entrega, por demais parcial, não passou de uma assinatura que oficializou a passagem do prédio do Detran para o MAC USP, tornando-o responsabilidade da Universidade de São Paulo, desenrolando um novelo que já estava ameaçando puir de tão velho – o processo, até então, demorou seis anos, e a inauguração a pleno vapor só ocorrerá em outubro, segundo Chiarelli.
O próprio diretor, em entrevista ao portal IG, preferiu o termo “assinatura da permissão de uso do prédio”, deixando claro que a universidade só passou a ter a responsabilidade pelo prédio a partir do dia 28 de janeiro. A Secretaria estadual de Cultura era a responsável até então, segundo o acadêmico.
O preâmbulo nos leva ao fato. Embora “inaugurado”, servindo de vitrine para tentar gabaritar o multi-secretário Matarazzo na corrida pela prefeitura paulista, o aparelhamento – juro, tentei um termo mais neutro, mas não encontrei – o maior museu de arte contemporânea da América Latina se apequena. A cena, montada às pressas, foi talvez um “recuo estratégico” muito pesado, ao expor, num prédio que ainda está longe de se parecer com um museu obras raras.
Não vou discutir a curadoria. Chiarelli lançou mão do incrível acervo do museu – palmas aqui ao papel que as gerações anteriores dos Matarazzo tiveram para o museu, iniciando sua preciosa coleção – e, numa mostra de 18 peças, ocuparia bem o espaço do MAC na bienal, ou mesmo na USP. Foi muito pouco frente à nova, e muito aguardada, nova sede. Melhor seria, inclusive em vista ao momento de tensão pós-Pinheirinho, que se tivesse guardado a assinatura oficial para abril, quando outras mostras exposições devem chegar ao prédio, e espera-se que o aspecto soturno de seu interior seja melhor trabalhado, assim como o paisagismo de seus jardins e a fachada dos prédios internos, capazes de causar estranhamento em comparação com as obras expostas. Numa cidade com tantos museus de qualidade, alguns dos quais ligados a própria USP, o cuidado com os detalhes deveria chamar mais a atenção.
A tentativa soou estranha. Para o museu conviria manter uma postura distante, talvez até crítica, da política, frente ao risco de se tornar a instituição de uma pequena Arte, ligada a uma política provinciana.
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