Um dos principais impactos da evolução tecnológica na cadeia produtiva da música foi o surgimento do mercado de música online e seus desdobramentos. Hoje, os processos de distribuição, divulgação e comercialização de um conteúdo musical podem ser administrados diretamente pelos artistas, através de uma cadeia produtiva estruturada: por um lado, com menos intermediários e custos, e por outro, com mais facilidade e liberdade.

Isso já gerou bons frutos: segundo o IFPI (International Federation of the Phonographic Industry), o crescimento da indústria fonográfica deixou para trás, em 2012, 12 longos anos de queda. Foi a primeira vez em que registrou um aumento de 0,3% no seu faturamento, fechando o ano com receita de USD 16,5 bilhões.

O aumento foi, em grande parte, impulsionado pelos diferentes formatos da música digital, em especial o streaming. Houve crescimento de 44% em número de assinantes desse tipo de serviço, correspondendo a 20 milhões de novos logins no mundo.

Os dados estão no estudo O Mercado de Música Online, lançado em maio e organizado pela área de inteligência de mercado do programa Brasil Music Exchange – desenvolvido pela BM&A com o apoio da Apex-Brasil. Realizada de agosto a dezembro de 2013, o levantamento teve como objetivo entender como a indústria da música global se organizou em torno dessa expansão e seus novos modelos de negócios digitais.

“A pesquisa foi desenvolvida dentro do contexto de expansão do formato digital, que representou grandes desafios competitivos para a indústria fonográfica mundial nas últimas décadas”, explica Teresa Dantas, responsável pela pesquisa.”Essa primeira edição representa o início da estruturação destas informações. A pesquisa será publicada anualmente, com atualizações periódicas”, diz.

A metodologia foi concentrada em publicações do setor já existentes, um processo contínuo de pesquisa e a geração de dados novos, a partir de entrevistas com representantes do setor. “As entrevistas possibilitaram o contato direto com o mercado e suas múltiplas visões sobre o universo da  música, indicando tendências, projeções e expectativas”, explica Teresa.

Segundo ela, a importância do estudo está não somente na geração de conhecimento específico, mas principalmente por ajudar a construir conteúdo de pesquisas setoriais para o setor música.

Brasil – De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), as vendas digitais no país cresceram mais de 83% em 2012 e representaram 28% das vendas de música gravada, arrecadando R$ 11 milhões.

Os downloads representaram 21,3%, enquanto assinaturas de serviços de streaming foram 25,3%; 27,4% streaming de vídeos musicais remunerados por publicidade e 26% música ouvida no celular.

Ainda segundo a ABPD, o mercado de música digital em 2012 chegou a 28,37% do mercado total de música no Brasil. Em 2011, esse percentual era de 16%.

Futuro – O estudo Digital Music Industry, divulgado pelo Banco de Investimento Americano Siemer & Associados em junho de 2013, prevê que as vendas de músicas online devem superar as feitas por meio físico até 2017.

As receitas com download e streaming avançam a uma taxa de 12% ao ano e, em 2016, devem chegar a US$ 11,6 bilhões, enquanto as receitas do mercado global de música estarão em cerca de US$ 60,9 bilhões.

Se por um lado o crescimento do streaming é possível a partir da ampliação do acesso à tecnologia em países emergentes – principalmente pela difusão dos aparelhos portáteis, como tablets e smartphones -, por outro, o acesso à tecnologia ainda é feito de forma desigual.

Dados do Ministério das Comunicações indicam que a penetração média da banda larga fixa do Brasil dobrou no período de 2011 a 2012, passando de 5,3% para 9,9%. A questão é que o serviço continua a ser ofertado de forma desigual: no Sul é de 14,6%, contra 3,8% no Nordeste, por exemplo.

Ou seja, além de uma tecnologia mais democrática, os países emergentes precisam de um plano de assinatura de música online no mínimo compatível com a distribuição da renda média do país.

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*De 29/9 a 2/10 Cultura e Mercado apresenta o curso Música Digital promovido pelo Cemec em parceria com a BM&A. Clique aqui para ver a programação.


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Jornalista, responsável pelo conteúdo nas mídias sociais do Brasil Music Exchange, um projeto da BMA - Brasil Música e Artes em parceria com a Apex- Brasil.

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