Personalidades do setor cultural de vários países discutem em Recife a criação de uma base de dados sobre cultura e economia no Brasil, para orientar o trabalho de gestores públicos e produtoresPor Sílvio Crespo
Os profissionais do setor cultural brasileiro estão prestes a ganhar uma ferramenta essencial para orientar seu trabalho: um sistema brasileiro de informações sobre a cultura. O Seminário Internacional Políticas Culturais para o Desenvolvimento, promovido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), reuniu na cidade de Recife, de 27 a 29 de agosto, alguns dos mais importantes profissionais e pesquisadores da cultura.
O evento foi patrocinado pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) e pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com apoio da Fundação Joaquim Nabuco e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Potencial da cultura brasileira
Representantes da Unesco, do Ipea, do IBGE, do Sebrae e de outras importantes entidades ligadas à cultura realizaram uma grande discussão e troca de experiências com estrangeiros que já atuam em outros sistemas de informações. Todos estavam empenhados em estimular a elaboração de uma agenda comum para a criação de uma base de dados que permita identificar o potencial da cultura brasileira para o desenvolvimento econômico.
Ganho inédito
?Uma base de dados significará um ganho inédito, porque estamos dando um passo à frente na proposição de medidas concretas que permitam ampliar a relação entre cultura e desenvolvimento?, explica Jurema Machado, coordenadora de cultura da Unesco no Brasil.
Para o presidente do IBGE, Roberto Martins, ?a cultura tem um papel estratégico na economia, na geração de emprego e renda e na redução da pobreza e da desigualdade?.
Menos amadorismo
O sistema de informações, que compreenderá a base de dados, é essencial para que produtores culturais, gestores de políticas públicas e empresas que investem e cultura possam contar com análises confiáveis, que possibilitem compreender tendências, práticas e consumo de bens culturais.
?Isso vai reduzir o amadorismo das decisões empresariais do pequeno produtor, e permitirá a eles descobrirem os vazios do mercado a serem explorados?, explica o professor Teixeira Coelho, que trabalhará na fase de conclusão do projeto.
Algo novo
Para Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil, o evento traz ?algo novo? em relação às dezenas de seminários culturais já realizados em todo o mundo: ?o desenho de um sistema orgânico articulado, em que os mais diversos setores da sociedade participam?. De fato, estavam presentes os setores público e privado, além de organizações governamentais e não-governamentais.
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