(reflexões de um velho pensador e ativista da Cultura que decidiu se retirar em autoexílio)
A editalização da Cultura e das Artes vai matar a cultura em sentido emancipatório, acaba com qualquer possibilidade de colaboração, tornando todos concorrentes entre si. Edital não é política pública! Simples concurso, é apenas uma ferramenta para seleção de projetos, que deve ser utilizada em casos específicos, como porta de entrada, jamais como caminho único. A editalizacao como está posta, vira apenas e tão somente um meio para administrar a exclusão, bem ao gosto do capitalismo, que ao final seleciona alguns para criar a aparência de que todos podem conseguir, o que é uma grande mentira.
O trágico é que o atual MinC é o maior promotor desse neoliberalismo na Cultura, que se espalha pelo país. As repercussões no habitus da Cultura levarão anos para serem revertidas. Há outros meios para acesso a recursos públicos, muito mais eficazes e equitativos. O princípio da Universalidade sequer é debatido no momento atual, em que tudo virou uma mediocridade absoluta, como se regras de editais fossem a panacéia.
Mas, enfim, quem quer discutir a fundo essas questões?
Antes é necessário pedir autorizações para as Diretivas e Operativas (em linguajar de burocratas submissos) para depois realizar Oitivas (linguajar de delegacia). Se o povo da Cultura se submete a isso, esperar o quê em termos de mudança qualitativa? Fazer arte e cultura em perspectiva emancipatória é ser rebelde, criativo inventivo, insubmisso. Não é o que esta acontecendo, pelo contrário. Quem sabe no futuro, por hoje a batalha está perdida por falta de luta e horizontes. Quando corações e mentes se disciplinam e se conformam na pasmaceira da mediocridade, do hedonismo e do vazio, não há o que fazer.
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