Caveira cravada de diamantes, de Damien HirstA indústria da música foi pioneira ao definir sua estratégia de investimento direcionada para o digital, em plenos anos 90 . Quem viu lembra do grande chefe Andre Midani explicando na TV o que e como seria o mundo das vendas de músicas pela Internet, na época isso era tarefa para visionários. 

O enxugamento de toda máquina administrativa e galpões de estocagem, as maravilhas da venda imediata on line, a simplificação contábil e a diminuição do quadro de funcionários, a divulgação sem custos de jabá, tudo isso era motivo de “talk show” na época. É célebre também as perdas com enchentes, os casos de desvios nos galpões de discos em São Paulo, e culminou no escândalo internacional da EMI Odeon com impacto no preço de suas ações. Esse era o velho mundo e a velha cultura.

Com a Nova Cultura uma série de novos desafios e questões se impõem, sobretudo o estabelecimento de uma Nova Ordem, legal, para o negócio, sem contudo desprezar o momento histórico de distribuição e alargamento da posse de computadores e meios de conexão. Essa explosão é promovida prioritariamente pois será base constituída do negócio. Cada computador, mais que um loja, um negócio. É preciso encorajar e dar credibilidade nesse momento de expansão e inclusive fazer disso mais que um bom negócio, uma necessidade. Ao lado disso, vem a Nova Ordem, que se estabelecerá, é questão de tempo. Tempo é dinheiro, mas o Poder deve ser eterno.

Nessa fase de desconstrução da velha Ordem, até o inimigo tem função, cabe ao pirata o desmantelamento do mercado e a desconstrução dos velhos meios, abrindo caminho para o novo mundo, limpo e digno, do futuro.

Nas sociedades mais desenvolvidas, mais educadas e com maior grau de percepção dos agentes sociais de seu papel , nas sociedades enfim de maior poder cultural, o trabalho inicial e fundamento de todos os passos seguintes é o da educação. E educação é ensinar a ser livre. Num ambiente cidadão, onde o privilégio da cidadania plena é exercido e gozado pela sociedade, pagar imposto ou respeitar as leis é mais que obrigação, é um direito. Nesses espaços é muito mais fácil projetar o novo mundo e a Nova Cultura. E é lá que está em processo esse evento, de forma gradativa e constante. A lei e a repressão vem a reboque, para aqueles que insistirem muito e perturbarem o ambiente, caso contrário é melhor até deixar quieto. Mas a sociedade avança. É isso que está ocorrendo silenciosamente nos EUA, na Europa e no Japão.

Enquanto no ambiente bárbaro ( hummm…que ótimo…) as teorias da debacle das grandes corporações evolui junto das considerações sobre o mau desempenho dos seus executivos e estratégias, bem no estilo futriqueiro e mau intencionado que é próprio na mídia comprometida com a anti cultura vigente no Brasil. Enquanto tudo isso, somos alcançados pelo tsunami ( pronto, não vou mais chamar de Bomba Atômica) que fulmina toda capacidade reprodução e geração de riquezas da música brasileira. Interna e externamente. Instala-se aqui o modelo de pirataria que é justificado pela burguesia, a primeira a se fartar em utilizá-lo, como uma mera reprodução do que ocorre no mundo inteiro ou recorrendo ao “mas quem não pratica isso ?”, fazendo questão de fechar os olhos para o desenvolvimento e avanço da Nova Ordem. Esquecem também que o desemprego e a falta são as decorrências desse comportamento social. Aproveitam para clamar pela inovação que justifique a legalidade, como se isso não fosse uma decorrência de seu comprometimento.

Tristeza não tem fim, felicidade sim.


author

Produtor cultural, economista e diretor da Showbrás Produções Artísticas.

5Comentários

  • gil lopes, 26 de março de 2010 @ 12:12 Reply

    A foto da caveira cravejada , é minha.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 27 de março de 2010 @ 17:59 Reply

    “A foto da caveira cravejada,é minha”(GIL Lopes)

    Eu nunca tive duvidas disso Gil!

    Abraços.

  • gil lopes, 27 de março de 2010 @ 20:09 Reply

    ahahah…vc foi mórbido Carlão…mas vc merece uma explicação. Notei que as ilustrações dos comentários não traziam a legenda de quem as criou. E como são bacanas as fotos, desenhos e ilustrações! Reproduções que muitas vezes estimularam minha curiosidade. Assim, perguntei ao Leonardo se o crédito autoral poderia constar e, foi adotado. Quando noto a ausência, pergunto por ele e no caso, como o crédito foi descritivo, informei o autor da foto, pois trata-se de uma foto.
    O Damião que fez a caveirinha é o mesmo que algumas semanas atrás fez o tubarão reproduzido em outro comentário, do próprio Leonardo. O Damião é inglês e está bombando por aí, com muita crítica, emparedamento, xingamento e o escambau…é polêmico o gajo.
    Gerchman por exemplo, lembro dele novamente aqui, antes do Damião, fez uma série de jóias, veja vc, com motivos semelhantes. O anel do Keith Richards, as capas do Greateful Dead também andam por ali. Vc gostou da foto? O texto eu sei que não te interessa muito né? assunto neoliberal?
    Carlão, teu som é que é bacana. E teu sentido de humor…Abração

  • Elisa Gueiras, 27 de março de 2010 @ 23:59 Reply

    Gil, uma pena, mas ao ler o texto vi um grande equívoco:erro gramatical…

    “A foto da caveira, é minha.”(sic) Não se separa o sujeito do predicado.(E nem da sua caveira!) Portanto, NÃO há vírgula.

    Que triste…

    Elisa

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 28 de março de 2010 @ 18:12 Reply

    Gil, o meu grande amigo, Maestro Rildo Hora, diz que Luiz Gonzaga gostava de repetir para ele que domingo não é um dia, mas um estado de espírito.
    Então, é com este batismo dominical que lhe digo com a leveza das poéticas notas do nosso gênio, Gonzagão.
    Seus textos?…São muito bem escritos, e não discordo de sua essência, mas sim à dosagem castrate que você aplica a certas questões, e aí beira ao desafinado, mas nada que fizesse Ary Barroso te gongar.
    Não sou contra a economia da cultura, mas isso fica para um papo aí na pizzaria guanabara e, lógico, você como anfitrião paga para o espanhol e eu fico com a gorjeta dos gentis garçons.
    Abração e obrigado pela referência carinhosa com as minhas músicas.
    Já a minhas piadinhas?…Bom, estas.. só mesmo no domingo de Gonzagão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *