O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada realizou a pesquisa de ação social das empresas, resultando numa análise por região da ação da iniciativa privada embuída do espírito público. O objetivo desta coleção é “a identificação de espaços para que a ação do Estado seja compartilhada com outras iniciativas da sociedade, tanto de empresas privadas quanto de organizações do terceiro setor”, com a intenção de agregar novos atores às atividades essencialmente públicas e impulsionar mudanças para a construção de uma sociedade mais justa.
O volume dedicado à ação das empresas no Nordeste busca identificar o perfil das empresas que lá investem em ação social, em quais setores econômicos elas mais se concentram, o tamanho predominante das empresas e a distribuição delas nos Estados do Nordeste. Na análise feita dos principais beneficiários das ações sociais das empresas, a grande maioria é composta de empregados e familiares que têm relação com a empresa, sendo certo que pouco mais da metade das empresas da região declaram realizar algum tipo de ação social para a comunidade.
A seguir, a pesquisa retrata o perfil em si das ações: assistência, desenvolvimento comunitário, alimentação, abastecimento, cultura, esporte, educação e alfabetização, entre outros.
Ao longo de um estudo balizado por um método claro, a pesquisa traz os resultados e as dificuldades encontradas pelas empresas para investir mais em ações sociais. O aumento da satisfação pessoal e a melhor inserção da empresa na comunidade são resultados que as empresas identificaram, sabendo-se que a responsabilidade das ações sociais encontra-se concentrada na figura do proprietário. É interessante também notar que em termos de dificuldades, além da falta de recursos disponíveis, as empresas citam também a falta de incentivos do governo e a qualidade dos projetos sociais apresentados pela comunidade.
O volume dedicado às pesquisas realizadas na região Sul também enfoca os mesmos elementos, com resultados de grande interesse. Primeiramente, a distribuição de empresas por Estados é quase idêntica, com predomínio das empresas com menos de 10 empregados, sendo interessante notar que a maioria das empresas combinam as duas formas de atuação, interna e externa (comunidade e empregados).
As análises que se seguem encontram-se dividas por segmento, comércio, indústria e serviços, também oferecendo um indicativo da vocação dos diversos segmentos nas ações sociais empreendidas. A assistência social é o tipo de ação social mais aplicado, também se notando que mais da metade das empresas atende as comunidades carentes por meio de atividades relacionadas à alimentação e abastecimento. Comparando-se com as outras regiões, é notável a participação das empresas em atividades educacionais (48%).
A par do mérito de enfatizar os investimentos realizados e a contrapartida que as empresas estão percebendo com suas ações, a obra também traz a análise fina e comparativa dos pesquisadores, ressaltando as tendências das empresas conforme o porte e o segmento em que atuam.
Quando se identifica o caráter fundamentalmente assistencial e filantrópico das iniciativas, bem se nota a importância do estudo realizado para apontar os outros campos a merecerem o incentivo privado e público com o fim de conduzir formas de apropriação mais justa das riquezas sociais.
Livro:
A iniciativa privada e o espírito público – um retrato da ação social das empresas do Sul do Brasil
A iniciativa privada e o espírito público – um retrato da ação social das empresas do Nordeste do Brasil
Coord: Anna Maria T. Medeiros Peliano
Priscila Akemi Beltrame Advogada, formada pela Faculdade de Direito da USP, especializada em propriedade intelectual e em relações internacionais pela London School of Economics. Conclui formação em letras pela FFLCH-USP. É free lancer do jornal Gazeta Mercantil. Possui diversos artigos publicados nessa área.
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Priscila Beltrame
