O canto e o instrumental do Novo Pessoal do Ceará
Quando não emperra na obtenção do patrocínio das empresas ou mesmo na aprovação do CEFIC da Lei de Incentivo a Cultura, a música cearense de qualidade pára na execução das programações das emissoras de rádios e televisões mais populares.Salvo a Rádio Universitária FM, a qual dedica uma hora diária em seu “Pessoal do Ceará” e também toca em outros horários, a Atlântico Sul e a Calypso FM, estas duas últimas em doses hiper-homeopáticas em suas programações, a música de qualidade feita em Fortaleza não merece execução nas outras emissoras.
No caso das emissoras de TV, inexiste um programa especializado em divulgar a atual música de qualidade feita em Fortaleza. Os espaços culturais de alguns deles, como o Studio 22 e Ponto de Encontro – ambos da TV Diário, o Na Boca do Povo da TV Jangadeiro e o Revista da TVC (a qual também exibe clips) – apenas são preenchidos para a divulgação de shows pelos artistas, aos quais sempre é permitido interpretar uma canção.
Seria até desnecessário. No entanto, é bom citar também que os outros “programas” especializados em música na TV cearense apenas apostam cada vez mais no “emburrecimento” de seus telespectadores. Isso é provado nas suas “atrações” que se resumem na execução do pseudo-forró, axé, e “breganejo”, as quais evidenciam muito mais as curvas de suas dançarinas em “closes ginecológicos”, do que a informação de melodia e letra.
Dizer que a música de qualidade feita em Fortaleza não tem boa informação nem público é tentar tapar o sol com uma peneira. Alguns exemplos sistemáticos atuais de eventos vitoriosos de platéia e crítica são o Som Plural no Dragão do Mar e o Projeto Cultura Musical do Centro Cultural Banco do Nordeste, além da programação de casas noturnas como Cais Bar, Kukukaia, Caros Amigos e The Wall.
Todos, sempre acreditaram na qualidade musical de suas atrações, notadamente dos artistas que residem em Fortaleza. Eles fazem um trabalho mais sofisticado e possuem público cativo, isso significa também que trazem retorno financeiro aonde se exibem. Nesse sentido, quando é que os empresários e programadores das emissoras de TV e de rádio vão acordar para essa realidade ?Quando falamos também da execução fora do Ceará – de música feita com qualidade em Fortaleza – as dificuldades são maiores. A última que furou esse duro bloqueio que se tem notícia foi “Coca Colas e Iguarias” de Valdo Aderaldo, cantada por Kátia Freitas que fez parte da coletânea “A Gema do Novo 2” da Rádio FM Musical de São Paulo, a qual também tocou na programação da emissora.
E por falar em Kátia Freitas, desde o lançamento do seu primeiro disco individual é uma cantora que já está pronta para o show business. Assim, aos empresários e programadores de rádio e TV aqui fica o toque: além do trabalho dela, prestem atenção também aos de Edmar Gonçalves, Isaac Cândido, Lily Alcalay, Marta Aurélia e David Duarte, Paulo Façanha e Júnior Colares, só para citar alguns.
Esses três últimos acabam de lançar com sucesso de crítica e vendas o CD “Som da Noite – O Melhor da MPB”. No álbum, grandes sucessos da música popular brasileira contemporânea e criações de cearenses. Esse disco, pela proposta de repertório e qualidades artística e técnica, tem a possibilidade de se tornar um divisor de águas na divulgação de um trabalho com informações mais sofisticadas (de melodia, harmonia, canto e mensagem). Basta que os programadores de rádios e TV se sensibilizem e executem o trabalho, o qual tem criatividade musical para ser tocado em qualquer emissora do Brasil.
Nesse sentido, a partir do conhecimento de interpretações de canções já conhecidas do grande público nacional, como o CD “Som da Noite” também traz composições cearenses de qualidade, sua divulgação permitirá aos que gostam da boa música, o interesse para outros artistas da nossa terra, os quais também trabalham na mesma vertente criativa. Vamos torcer para que isso aconteça e as platéias conheçam o canto e o instrumental do NOVO PESSOAL DO CEARÁ.
Nelson Augusto é jornalista e radialista na Universitária FM em Fortaleza, desde 1981. Atuou nos jornais O Povo e Tribuna do Ceará, produziu e prestou assessoria a shows de Francis Hime, Renato Teixeira, Bia Bedran, Almir Sater, Nonato Luiz, Quinteto Violado, Vital Farias, Xangai, Gereba, entre outros.
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Nelson Augusto
