Acompanhamento crítico do jornalismo cultural da semana que passou, e da que começa.As armas de Boal
Augusto Boal, no programa Personalidades da TV Câmara, afirmou que estamos vivendo a terceira grande guerra mundial. “É a guerra da informação”. Defendendo o fortalecimento do Programa Cultura Viva, Boal diz que, nessa guerra, “nossas armas são os Pontos de Cultura”.
Empoderamento bélico
Boal considera essencial destacar o tripé que sustenta a existência dos pontos para além de um projeto de governo, que resulta em uma política pública que nasce das expressões vivas da sociedade. Segundo Célio Turino, secretário do MinC e coordenador do Programa, a intenção é intensificar esse processo de empoderamento.
Exército sem comando
O exército sem comando dos Pontos de Cultura está preparando a Teia 2007, que abrigará a Plenária dos Pontos de Cultura. O maior encontro da diversidade do Brasil, que será realizado em Belo Horizonte, é a plataforma criada para aprofundar esse processo delicado de transição e perpetuação de uma política pública blindada de tempestades eleitorais.
Orçamento da batalha
A Gazeta Mercantil abriu os olhos para a TEIA 2007. O maior encontro da diversidade já conta com o apoio da Petrobras, com R$ 3 milhões, e da Fundação Vale do Rio Doce, com R$ 1 milhão. A coluna Nomes & Notas dessa segunda-feira, apareceu para lembrar que a TEIA Tudo de Todos ainda está em fase de captação de recursos para conseguir atingir o máximo de programação planejada em sua complexa e grandiosa estrutura que aplicará a metodologia desenvolvida para empoderar os Pontos de Cultura.
Tevê Pública
Mesmo com as ofensivas do governo em atropelar a participação da sociedade civil, o debate sobre a TV Pública está conquistando todos os cantos do país. As audiências públicas regionais e workshops temáticos estão ganhando espaço até mesmo nos mais conservadores jornais. A Tarde, da Bahia, do dia 24, deu destaque ao secretário do Audiovisual do MinC, Orlando Senna. “Uma TV pública brasileira, para cumprir a sua missão, tem que ser múltipla, diversa e miscigenada”, declarou Senna.
Comissão pró-conteúdo
Já a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado parece empenhada em trazer para a centralidade do debate sobre a comunicação de massa o fator fundamental da existência dos meios: o conteúdo. O tema “Conteúdo audiovisual em tempos de convergência tecnológica” está possibilitando uma série de discussões no Congresso, e possibilitou audiência pública com o diretor-executivo da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), Alexandre Annenberg. Ele disse, à Agência Senado, que atualmente os serviços da TV a cabo detêm 61% de todos os clientes de TV paga no Brasil.
Ministro que late
Claudio Humberto, em sua coluna dessa segunda-feira espalhada pelo Brasil afirmou que é o próprio deputado Frank Aguiar quem anda espalhando que será o forrozeiro substituto de Gilberto Gil no Ministério da Cultura. Frank Aguiar diz que o presidente Lula lhe garantiu a nomeação. “E ele acreditou!”, pontua a coluna.
Esvaziamento do Estado
O Valor Econômico da última sexta-feira se empenhou em defender a agenda administrativa baseada na lógica de terceirização da gestão das políticas culturais do estado de São Paulo. Em entrevista, o secretário de Estado da Cultura, João Sayad, explicou como a Secretaria, que já chegou a ter dois mil funcionários, hoje conta com menos de 200 contratados diretos. “A idéia é que a secretaria seja como uma montadora de automóveis, que compra peças de cada uma das OSs”, diz o economista na gestão da cultura paulista.
Quem são os excluídos?
“E o apoio às expressões artísticas que não conseguem se viabilizar no mercado?”, arrisca o repórter do Valor. “O apoio à Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) é conhecido. Mas está em estudo uma Companhia de Dança…”, responde o secretário. Ai, ai, ai.. O que dizer então sobre culturas populares? Sabe lá. A reportagem não se preocupou e o secretário não atendeu, desde sua posse, pedido entrevista do 100canais, para explicar qual é a política pública de José Serra (PSDB).
Filosofia da Ética I
Um velho amigo mandou um e-mail contando sua experiência televisiva sobre a novela das sete, com a Gabriela Duarte. “Eis que a personagem da Gabriela chega a uma biblioteca – pelo visto comunitária – organizada, imagino, com a ajuda da própria Duarte Filha. Lá, encontra uma menina, jovem professora, e uma senhora de voz desgastada e obesidade visível. Elas se cumprimentam (a gorda, com certo encrespamento) e logo a pequena professora diz: ‘A biblioteca está maravilhosa. Veja quantos livros bons temos aqui. Veja este: A Ética do Rei Menino, de Gabriel Chalita’. No que a companheira Gabriela Duarte responde: ‘Ética… Assunto tão importante hoje em dia. O autor é um filósofo…’”.
Filosofia da Ética II
“É sempre descarado assim?”, pergunta meu amigo. Deveria não ser assim, apenas respondo. E pergunto: Quem é Chalita para falar sobre ética? Utilizando-se de uma concessão pública de tevê para promover seu livro sobre pedagogia tucana? Jabaculê? Ou propaganda eleitoral fora de época?
Carlos Gustavo Yoda
* Bom deixar claro – Não se pretende neste espaço, em momento algum, criar nenhum tipo de pseudo-observador de imprensa à moda de Alberto Dines, nem a pretensão de este autor ter se auto-intitulado o ombudsman do jornalismo cultural. Longe disso. O objetivo do Caderno 2.0 é inter-relacionar a pauta e a estratégia política dos meios de comunicação. Provocar o debate com o melhor e o pior que o jornalismo permite, sem sequer medi-los, apenas expondo-os. Dos comentários fofoqueiros sensacionalistas, às novas iniciativas e propostas tecnológicas. E assumiremos todas as nossas contradições. Saiba mais em s://culturaemercado.com.br/setor.php?setor=4&pid=3244