Matéria de Márcia Abos, publicada no jornal O Globo de hoje, promete abalar as estruturas do governo. Uma das vozes de maior prestígio no país, o ator Antonio Fagundes diz: “Estou cansado de ser chamado de ladrão”, sobre as acusações do MinC ao setor, e ameaças em controlar os gastos e lucros em novo texto do Profic, a ser enviado para o Congresso “em breve”.
Alguns trechos da entrevista:
Apesar de ter aprovação do Ministério da Cultura, Antonio Fagundes não quis captar recursos via lei Rouanet para montar o espetáculo “Restos”. O monólogo do dramaturgo norte-americano Neil LaBute estrelado e produzido pelo ator, com direção de Marcio Aurélio, estreia em São Paulo no Teatro Faap em 20 de agosto.
– Estou um pouco cansado de ser chamado de ladrão, até porque não sou. Quero evitar isso e poder cobrar quanto quiser – revelou Fagundes em coletiva sobre o espetáculo nesta segunda-feira, cujo ingresso custa R$ 100.
Fagundes parece ter respondido declarações do Ministério da Cultura sobre a concentração dos recursos captados via lei Rouanet nas mãos de apenas 3% dos produtores culturais, além de críticas de Juca Ferreira ao preço dos ingressos.
Produtor de teatro há mais de 35 anos, Fagundes não se mostrou otimista com as mudanças na lei Rouanet e queixou-se do aumento nos custos para produzir um espetáculo.
– É a paixão que nos move [a fazer teatro]. Mas não é verdade que esse sentimento não morre, está morrendo aos poucos, quando a gente não consegue manter um espetáculo em cartaz por causa dos custos de manutenção. Estamos enfrentando um círculo perverso – explicou.
O custo para produzir uma peça e manter o espetáculo em cartaz chegou a um patamar em que é impossível cobrir gastos com bilheteria, segundo Fagundes.
– Quando você tem patrocínio, a relação muda. Perdeu-se a medida das coisas, pois estão sempre achando que há uma grande empresa por trás – resumiu. – O Brasil cria leis sem base. Lei nenhuma cria mentalidade. A lei Rouanet foi boa durante um período, mas não é uma solução, pois não criou mentalidade – completou Fagundes, ao responder sobre as mudanças da lei de incentivo fiscal e a criação do Vale-Cultura.
Como produtor, Fagundes acredita que é impossível reduzir o valor dos ingressos.
– Será que tem alguém no Ministério da Cultura que já tenha feito teatro na vida? Desse jeito [obrigatoriedade de ingressos a preços populares], só vai ter espetáculo com morte anunciada.
As declarações contrárias do ator e produtor à proibição de fumar em cena, prevista na lei Antifumo do estado de São Paulo, ajudaram a fazer com que o governo voltasse atrás, liberando o fumo nos palcos.
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