Centro de pesquisa leva arte a crianças e adolescentes que habitam favela do Rio de Janeiro; objetivo é formar artistas socialmente engajadosSegundo matéria publicada pela Rede de Informações do Terceiro Setor, comunidade carente da zona norte do Rio de Janeiro tem acesso a produção artística através de projeto do Centro de Pesquisa Contemporânea em Dança e Teatro. Leia a matéria na íntegra.


Desde 1997, a comunidade do Morro do Andaraí, na zona norte do Rio de Janeiro, se acostumou a conviver com a música e a dança. A atriz e coreógrafa Carmen Luz aportou ali com a sua Cia. Étnica de Dança e implantou um Centro de Pesquisa Contemporânea em Dança e Teatro, que, mais do que arte, pretende dar às crianças e aos adolescentes da favela uma consciência crítica da realidade, associada ao sentimento de solidariedade. Carmen milita na arte cidadã há mais de 20 anos, mas criou sua companhia somente em 1994, com foco no desenvolvimento de espetáculos profissionais priorizando a participação dos afro-descendentes e na formação de “um novo público e um novo artista”. Ou seja: levar a arte a lugares onde ela não chega e formar artistas socialmente engajados.

A idéia é mostrar que um espetáculo produzido na favela não está necessariamente vinculado a formasultrapassadas de arte. E que a arte contemporânea não precisa ser hermética – o que muitas vezes acaba por excluir o próprio espectador. “Sou uma mulher negra, vinda de uma família de baixíssima renda e sempre me interessei por arte. Faço teatro engajado desde adolescente. E tenho a preocupação de que a platéia compreenda a nossa mensagem. Quando me tornei professora, sempre escolhi trabalhar em escolas próximas à periferia, onde eu pudesse fazer esse intercâmbio com a minha arte”, lembra.

Coordenadora do grupo de teatro da organização não-governamental Criola, Carmen ficava impressionada com a ociosidade dos jovens no Morro do Andaraí. Como não havia ali nenhuma iniciativa semelhante, plantou a semente do seuprojeto, que atende atualmente 88 alunos e está montando seu terceiro espetáculo. As estréias, invariavelmente, acontecem no próprio morro. Segue-se um pequeno circuito pelas comunidades vizinhas. Só depois a encenação chega ao asfalto.

“A gente prepara essas crianças e esses adolescentes para o mercado detrabalho das artes cênicas”, explica. O currículo inclui balé, dançamoderna, jazz, dança afro, teatro, produção de espetáculos, iluminação esonoplastia. E o que faz a diferença: cidadania e ética. “O que norteia onosso trabalho artístico é que a gente tem uma questão social a responder.Eu não perdi o meu poder de indignação, e tento passar isso para os meninos.O nosso trabalho tem que ser uma referência positiva para as outras pessoas.É uma proposta de liberdade e de não querer deixar o mundo do jeito queestá. Portanto o nosso discurso tem que ser na mesma proporção da ação. Eu não quero formar jovens que façam sucesso e dêem as costas para o lugar deonde vieram. O nosso objetivo é formar uma consciência solidária”, afirma.

Rits ? Rede de Informações do Terceiro Setor: www.rits.org.Br


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