Em entrevista especial ao Blog do Brant, o maestro Branco Bernardes, da Orquestra de Câmara Paulista, fala sobre mecenato: “nossa questão atual brasileira é a ausência de uma política artística. O que se viu até agora é um arremedo de auto-propaganda governamental criando simulacros de política pública. O ápice da falácia é esse compromisso social obrigatório nos projetos culturais. É preciso ser claro que não há atividade cultural que social não seja! E vice-versa. Cultura é uma atividade essencialmente humana, resultado da interação de nossa espécie com o habitat. Se estamos falando de atividade artística, a conversa deveria ser outra.”
Sobre a polêmica da Lei Rouanet Branco Bernardes proclama: “Faz-se cortesia com chapéu alheio. Se patrocino uma obra de arte com dinheiro do governo, uma vez que são impostos, estou obrigatoriamente dispondo de recursos da sociedade. Ora, se estou dispondo de recursos da sociedade, como posso fazer dele uso privado, uma vez que o ganho de imagem institucional será meu?”
Farpas ao governo não se restrigem ao Ministério da Cultura: “temos uma tradição estatizante que sufoca a livre iniciativa e a criatividade nacionais. O chamado Custo Brasil é excessivamente alto, não apenas temos impostos em demasia com taxas muito altas, como também incidem em cascata o que aumenta excessivamente os custos de qualquer projeto, seja artístico ou não. Além de que essa arrecadação toda é notoriamente mal administrada. Se o governo não atrapalhasse, já seria de grande ajuda.”
“O governo tradicionalmente extrai o sangue da sociedade – em especial da classe média – administra muito mal e finge que devolve esses recursos através de programas mal costurados como bolsa-esmola, vale-lotação, cesta-afásica… Não existe milagre: riqueza gera riqueza. Apesar do peso do governo, a população brasileira ainda está conseguindo gerar riqueza e desenvolvimento. Seríamos muito mais pujantes em um ambiente melhor”, dispara.
Leia a entrevista na íntegra, resultado do movimento Wikiducação, uma iniciativa da Educartis, que conta com a parceria da Brant Associados. A nova etapa do programa será dia 3 de julho às 17h com o tema “Lei Rouanet”. O entrevistado será o dramaturgo e produtor Paulo Pélico.
