Criada em 2005, no início da gestão Gilberto Gil no MinC, as Câmaras Setoriais das Artes tiveram por objetivo analisar e investigar as diversas atividades culturais (Teatro, Música, Dança, Audiovisual etc) através de um conceito denominado “cadeia produtiva das artes”, gerando distorções e insatisfações que duram até hoje.
Fica fácil compreendermos que o núcleo criativo ou “criador de conteúdo” não é mais um elo da cadeia produtiva mas, a razão de ser da música, de onde gravitam outras atividades geradas pela exploração, comercialização e circulação desta arte.
Os novos desafios da era digital, as novas mídias, o abandono do mercado de trabalho, a pirataria, os tratados internacionais, o “jabá”, a formação de platéias, a transparência da arrecadação, da partilha e da distribuição dos direitos autorais e conexos, para citar algumas questões; necessitam de clareza, calma e um mínimo de entendimento por parte dos agentes envolvidos.
Políticas Públicas, Regulamentação, Inclusão Social, são importantes ações do Governo Central, que devem sempre ser exercidas como Política de Estado, podendo assim ser aprimoradas de governo para governo.
A verba destinada à Cultura, é alocada para a execução das Políticas Culturais cuja finalidade é universalizar o acesso do nosso povo à fruição dos seus bens simbólicos.
Em seu discurso de posse, a ministra foi clara ao afirmar: “Visões gerais da questão cultural brasileira, discutindo estruturas e sistemas, muitas vezes obscurecem – e parecem até anular – a figura do criador e o processo criativo. Se há um pecado que não vou cometer, é este. Pelo contrário: o Ministério vai ceder a todas as tentações da criatividade cultural brasileira. A criação vai estar no centro de todas as nossas atenções. A imensa criatividade, a imensa diversidade cultural do povo mestiço do Brasil, país de todas as misturas e de todos os sincretismos. Criatividade e diversidade que, ao mesmo tempo, se entrelaçam e se resolvem num conjunto único de cultura. Este é o verdadeiro milagre brasileiro, que vai do Círio de Nazaré às colunatas do Palácio da Alvorada, passando por muitas cores e tambores.”
A classe artística em geral e a musical em particular, deve se acalmar em relação ao início de uma gestão que tem todos os princípios e fundamentos para se tornar um exemplo.
Blogs, Lobs, ecos do “fica Juca”, Ecad, Creative Commons, “fogo amigo”, Internet Livre, Inclusão digital, Pontos de Cultura, Software Livre, Rede Música Brasil, são alguns dos terrenos aonde vemos muita tensão, açodamento, contradições e até ações de má fé, principalmente nas insinuações feitas à ministra.
Tivemos oito anos de mandato do presidente Lula e teremos mais quatro da presidente Dilma. O conceito de “criação”, “inclusão” e “probidade” estará em alta. Resta a nós músicos e artistas em geral aguardar o novo governo iniciar sua gestão e acreditarmos com otimismo redobrado, que estamos magnificamente representados neste ministério.
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Nada melhor que a tranquilidade nestas horas.
Grato
Salve,
Acusar o movimento da cultura de "açodamento", "tensionamento" ou "má-fé" é o mais deslavado exercício de duplipensar.
Quem toma decisões imperais, de cima pra baixo, tem sido o novo MinC. Em vez da formulação multitudinária, em rede, escancarada, do governo Lula, agora a ministra governa na base da canetada.
"E podem falar o que quiserem!"
Açodamento na investida contra o CC, na guinada da política da propriedade imaterial, na apresentação de uma falsa opção entre "qualificar" (profissionalizar, especializar, tecnocracia de mercado) e "expandir" (mais democracia).
Ora, QUEM são os criadores? como se produz uma cultura?
Por acaso algum ser iluminado, que verte das Musas ao povão consumidor, a Criação? é assim: fiat lux?
A criatividade é imanente ao tecido social e pode ser achada em toda a cauda longa de minorias e regiões e jovens produtores pelo Brasil, que nunca receberam nem receberão um tostão do ECAD ou em "direito autoral".
Explorar a propriedade não pode favorecer cultura alguma, que, pássaro livre, tão mais valiosa quanto mais circular, difundir, recombinar. Daqui a pouco faremos o discurso latifundiário de um Caetano: "ninguém toca nos meus direitos".
Governos Lula e Dilma não põem no centro criador algum, mas o pobre. E pobre precisa sobretudo de xérox, download, remix, remédio. Precisa de bolsa família e pontos de cultura, de cultura viva.
Lamentável aristocracia carioca que assumiu o MinC, e duplamente lamentável por trair a continuidade do governo Lula que Dilma prometera na campanha.
embasbaquei-me com o grau de petulância com que vc é capaz de afirmar quais são os terrenos de onde sairão "até ações de má fé ... e insinuações à ministra"... a julgar pelo que vc assertiva, quando os Pontos de Cultura, por exemplo, cobram o pagamento de editais, contratos e convênios, eles estão agindo por pura má fé e insinuando-se contra a ministra... cláudio, meu caro, em torno do cultura viva, segundo dados do ipea (já defasados por sinal), orbitam mais de 8 milhões de pessoas. um organismo vivo, pulsante e que muito fez para que o minc, em muito pouco tempo, saisse da condição subalterna para a de uma jóia reluzente, capaz de atiçar cobiças e perdições, inclusive morais e éticas. sou um ponto de cultura e conheço muitos de nós. não tem má fé nem insinuação, não, meu velho. tem é trabalho, dignidade e decência. por favor, mais respeito com essa galera valiosa que muito, mas muito mesmo, faz em prol da cultura.
Nomear movimento é prerrogativa de qualquer um, o movimento na cultura quem fez foi o Minc inaugurando novas perspectivas, as anteriores são responsáveis por um quadro de derrotas na Literatura, na Música, nas Artes Cênicas e no Cinema. A política foquista também não mostrou ao que veio e o centro foi abandonado, entregue ao conteúdo estrangeiro.
Do novo ministério o que se espera é ação por que falação a gente sabe, falam mesmo e falam mesmo, e que falem afinal...se mandasse calar seria pior, "que falem o que quiserem", muito bem falado.
CC é brasileirismo, não existe como assunto em nenhuma outra parte do globo, e não se discute a geração de riquezas na circulação de arquivos. CC é portanto no mínimo um escapismo. Guinada na política que não produziu nada é muito bem feito, Dilma sabe que precisa produzir.
Desrespeitar Caetano não nos fará melhor, pelo contrário. O gesto de publicar suas reflexões no site ministerial é um sinal revelador, extraordinário, agregador, amplia novas alianças, constrói o Brasil de Todos.
O Brasil precisa de união e desenvolvimento...de menos preconceito, menos sugestões preconceituosas, provincianas, bairristas, não precisamos desses "movimentos". A aristocracia artística e popular representada pelos Jobim, Buarque de Holanda, Veloso, entre outras, são motivos de orgulho e símbolos nacionais...oi skindô, oi skindô.
Não, gil lopes, o MinC não fez o movimento. Isso é até erro conceitual. O MinC reconheceu e potencializou um movimento de cultura viva que existe. Conferiu renda, ferramental, liberdade, para milhões de pessoas sem qualquer possibilidade de expressar e produzir cultura. O MinC mobilizou ainda mais um movimento que lhe preexistia. Sua força vem justamente de ter se deixado ocupar e enriquecer pelo movimento, de baixo pra cima. O atual MinC despega-se desse movimento, e passa a funcionar como estado (estático), favorecendo quem já está no topo da produção: indústria cultural e algumas dezenas de medalhões. E não quem vinha se empoderando e subindo: a multidão, os milhões, a produção imanente de cultura e vida.
O passivo dos Pontos é absolutamente desprezível comparado a qualquer outra área essencial do governo. O ativo, por sua vez, é gigantesco e não cabe em nenhuma parametrização. Mesmo o impressionante número de 8,4 milhões de contemplados não capta a imensidade que significa o programa Cultura Viva para o Brasil. Pode-se dizer, sem demagogia, que o bolsa família e os pontos de cultura foram a chave do sucesso e da força do Governo Lula.
Claudio
A tônica de sua mensagem pode ser aproveitada por um pequeno número de ex-atores da falida indústria fonográfica. Ela não tem nada a ver com os movimentos populares, sobretudo os protagonizados pelas camadas mais pobres da população. O empobrecimento crescente desta indústria mostra os limites de seu discurso frente à realidade vivida pela maioria dos músicos no Brasil. Você foca uma interpretação multidisciplinar par realçar o papel que o MinC viria a ter numa busca por um novo universalismo.
A grande questão é que o reino das necessidades registra que esse império mergulhado na hegemonia industrial da cultura não pode mais criar seu totalitarismo. Ana de Hollanda, quando incorpora a advogada do Ecad ao seu dream time, ela informa à sociedade que vai valorizar a cultura dos flashes, do antigo glamour dos barões falidos da grande indústria fonográfica. A demanda da sociedade é outra, e hoje ela se encontra com condições materiais de produzir seus próprios trabalhos sem ter que glorificar os medalhões da indústria. E a progressão dessas ideias vinha sendo feita de forma livre, o que não interessa ao mercado. Por isso o MinC de Ana usou de violência quando retirou o Creative Commons.
Temos que entender o seguinte: a antiga exacerbação do consumo da indústria fonográfica criou um narcisismo, um imediatismo, um egoísmo na alma de muitos grandes artistas brasileiros. Eles, com isso, limitaram-se a entender a música fora das novas realidades e calcularam erradamente o tamanho de seu reinado. Agora levantam-se unilateralmente contra as regras de vida, sobretudo as novas formas de informação que a sociedade criou, tentando definir claramente que a sociedade é perversa com o artista da ex-indústria multinacional da música. Querem criminalizar o próprio povo.
A isso, Claudio, eu chamo de salve-se quem puder, de canibalismo típico da competitividade do mercado. E o pior é assistir artistas se entregarem a supressão da solidariedade, perfilando suas artes apenas a um aferidor quantitativo, longe da generosidade que sempre marcou, de forma emergente, o caldeirão cultural do povo brasileiro.
Ninguém imaginaria, há trinta anos, que os artistas que compunham e cantavam em seus processos de criação, a dor do povo brasileiro se unissem para criminalizar o mesmo povo, classificando-o como um povo pirata, porque tem sede de informação. Sabe o que vai acontecer? Muitos desses artistas serão deletados da nossa cultura. Isso já aconteceu em outras ocasiões, e o ostracismo é bem mais caro quando ele vira um componente histórico imposto ao artista pela própria sociedade. Por isso, ao contrário dessa mesquinhez toda, os artistas da indústria, Villa Lobos, o maior músico brasileiro é cada vez mais adorado pelo seu povo, pois Villa Lobos nunca se colocou acima do povo brasileiro e, por isso se transformou no nosso grande gênio.
interesse político é diferente de vontade pública....
e infelizmente nesse momento de transição e início de gestão política, a vontade pública fica pra depois......
infelizmente isso não é novidade...a questão é que temos a esperança de que quem se dispõe a trabalhar um certo tempo no poder público tenha uma postura mais madura e menos provinciana de "feudos" e disputa de poder...afinal, muuuuuito trabalho existe pra ser feito, não é mesmo?!
“O DIREITO AUTORAL É SAGRADO... UM AUTOR AGRADECE!”
A Internet é fantástica. Baixa-se tudo! Copia-se tudo! Usa-se tudo disponível! E a criação? Cria-se tudo com qualidade duvidosa. Existem toneladas de lixo digital! Que alimentam os analfabetos digitais! Oxente! Analfabetos digitais? Quem "são" ou quem é? Talvez sejam aqueles que não conseguem escrever uma letra no papel! São os que não possuem senso crítico, na escolha do que é bom ou ruim! Que não sabem o que é que tem qualidade. Que compram lixo como se fosse um bem cultural da humanidade!
E quem paga para o criador de um verdadeiro bem cultural? A criação de algo de qualidade envolve tempo, pesquisa, horas não dormidas, investimento em dinheiro, desprendimento para com a família. Então vem um aventureiro e usa a criação do outro. Sua vida e seu nome. E o "corvo" pega sem pagar, sem dá crédito, e ainda diz que é moderno, intelectual, e sabe usar o lado digital.
É fácil escrever sobre a doação da propriedade intelectual do outro, quando não se cria: apenas se usa! Antes da crítica, os que criticam, devem procurar escrever um livro, gravar uma música em estúdio, buscar o melhor ângulo de uma fotografia, tentar formatar uma tese sobre algo, apresentar uma TCC, em uma banca examinadora! É fácil! É digital. Tá tudo aí. Na frente de um computador, burro, programado, repetitivo, e com vários seguidores, repetindo, repetindo, o que já foi repetido! E com memória RAM!
Quem pagará pela aventura da criação? Alguém precisa criar. A criação tem um preço! Qual o preço da criação? Será que uma vida tem preço?
A ministra Ana de Hollanda está correta em brecar, a nova pirataria, que está travestida de mundo digital. É preciso que o autor receba pelo que se cria! O direito autoral - do autor - precisa ser discutido na mídia. Isso é democracia!
Sem "essa conversa de direita x esquerda". A criação não tem partido político!
Abraços.
Lailton Araújo
O que está por trás desse desacerto todo? Mau gerenciamento dos recursos do governo anterior ou mudança na política cultural da nova ministra Ana de Holanda? A questão do calote do Ministério na Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo para o pagamento dos Pontos de Cultura no ano passado parece indicar que o problema vem da gestão Juca, e perdura na gestão Ana. Por outro lado, há Editais, como o Pontinhos de Cultura,cujos contemplados sequer mereceram no ano passado um aviso do Ministério, mesmo após a publicação no Diário Oficial.
Outros Editais, lançados no final do ano (Circo, Dança e Teatro), parecem estar irremediavelmente condenados. Mas, nenhuma comunicação foi feita.
A impressão é que não haverá nenhuma continuidade na política cultural do Governo Dilma em relação ao Governo Lula, e que a nova administração não respeitará nada que não seja obrigada a respeitar. É LAMENTÁVEL!!
Fico triste ao ver uma visão que coloca o artista contra o povo ganhar espaço entre os artistas. E pior que isso, em um governo de esquerda. Era de se imaginar um Ministério da Cultura assim em um governo do PSDB, não do PT!
O artista é fruto do seu povo, e seu povo se vê representado nele, dialoga com ele.
E o pior, tem artistas que não são e nunca foram beneficiados pelo atual esquema comercial que defendem a manutenção do status quo, na esperança de um dia se tornarem medalhões também...
Um aviso: é vã a esperança de alguns que as gravadoras e o ECAD vão aceitar mudar suas regras para beneficiar mais artistas para "darem os anéis e manterem os dedos". Eles querem manter tudo como está e ponto final, pois sabem que em qualquer mudança eles teriam de abrir mão dos seus lucros.
Isso é sociologia pura - "a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante", e é isso que faz artistas de baixo se solidarizarem com algumas dúzias de figurões, mesmo sem ganharem absolutamente nada para isso.
Precisamos mostrar a estes artistas que ainda estão iludidos que este modelo que aí está não os beneficia e que se aliarem às decadentes gravadores multinacionais e aos grandes artistas em sua cruzada contra o povo só irá prejudicá-los.
Podem chamar de ruim, feio, pobre, sujo, amador e o que for, mas o pessoal do tecnobrega ao meu ver está bem mais avançado em perceber que é preciso cativar o público, dialogar com ele e ganhar dinheiro de outras formas. Eles não só aceitam a dita pirataria como vão nas feiras conversar com os vendedores e autografar os CDs piratas!
São fenômenos assim que deixam os figurões dos palácios culturais de cabelo em pé.
Yuri Soares
Coordenador do DCE UnB