Mercado exibidor vive fase de grandes investimentos, principalmente nos espaços Multiplex, e contabiliza aumento de público e renda. Produção nacional busca seu espaçoPor Sílvio Crespo
24/03/2003
O mercado exibidor de filmes continua em expansão. Para este ano, a previsão é que sejam abertas cerca de 100 novas salas em todo o Brasil, segundo matéria publicada na Revista de Cinema deste mês. Grande parte das novas telas estará fora do eixo Rio-São Paulo. Já no começo do ano, o Grupo Severiano Ribeiro abriu seis salas em Vitória (ES). Das 26 que a Cinemark promete inaugurar, 16 estarão em Curitiba e 10 em São Paulo, informa a revista.
Glamour nos anos 50
Atualmente, o mercado cinematográfico brasileiro vai cada vez melhor no ramo da produção, mas os filmes nacionais continuam esbarrando no crivo da distribuição e exibição. Entretanto, a situação do mercado exibidor já foi bem melhor. Em 1953, o Brasil contava com cerca de 3.200 salas, segundo dados do Ministério da Cultura. Eram os tempos dos majestosos palácios de cinema que atraíam multidões. Em 1943, os três maiores cinemas do bairro do Brás, em São Paulo, tinham juntos 12 mil assentos, segundo Simone Dias, que fez uma pesquisa sobre a trajetória do mercado exibidor em são Paulo.
Decadência
Em meados da década de 50, essa fase dos palácios cinematográficos começou a sentir os primeiros sinais da sua decadência. De acordo com Simone Dias, o afastamento do público, provocado pelo suposto descaso dos proprietários com a conservação das salas e com a qualidade dos filmes, levou ao fechamento de alguns dos mais tradicionais cine-teatros paulistanos.
Na época, estudos atribuíram a queda do público ao advento da televisão, pois até então as salas exibiam não apenas filmes, mas notícias que já podiam ser vistas pela TV. Desde então, até os anos 90, a tendência foi a diminuição gradativa do público e do número de salas. Em 1980, o Brasil tinha 2.300 salas, segundo a Revista de Cinema. Em 2001, apenas 1.620, de acordo com a empresa Filme B.
Tecnologia multiplex
Hoje, as redes Cinemark e UCI são responsáveis pelo reaquecimento do mercado exibidor, como diz a jornalista Ana Paula Souza, da Revista de Cinema. Os projetores de ponta, o som digital e outras tantas comodidades somaram-se a inúmeros outros fatores da reconquista do público.
Nesse mercado em expansão, o cinema nacional vai aos pouco garantindo seu espaço. A cota de tela, número de produções brasileiras que as salas são obrigadas a exibir, subiu 20% em relação ao ano passado, segundo o revista, chegando a exigir que os cinemas multiplex com mais de 10 salas exibam pelo menos sete filmes nacionais por ano, por um período total de 280 dias. Em 2002, foram vendidos 7,2 milhões de ingressos para os filmes nacionais, e a previsão é que 2003 feche com 10 milhões.
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