Brasileiros nos EUA investem em trabalho de Ongs em nove estados da terra-natal; serão US$ 150 mil destinados a 17 projetos nas áreas de cultura e outras quatroPor Deborah Rocha
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25/08/2003
Criada por Leona Forman em junho de 2002 com o objetivo de captar contribuições de brasileiros trabalhando nos EUA e de empresas e fundações interessadas em apoiar organizações não-governamentais brasileiras, a Brazil Foundation, com sede em Nova York, anunciou no começo deste mês mais uma de suas ações. Após o processo de avaliação dos 895 projetos de ONGs vindos de 266 municípios brasilerios, foram divulgados os 17 projetos sociais selecionados que receberão apoio financeiro da Fundação este ano. Além da cultura, os escolhidos atuam nas áreas de educação, saúde, direitos humanos e cidadania, em nove estados do Brasil. Ao todo, eles receberão US$ 150 mil – 13 terão US$ 10 mil e os outros quatro, US$ 5 mil.
Conexão EUA-Brasil
“Procuramos atender a instituições com mais dificuldade de acesso aos órgãos financiadores – seja por serem pequenas, ou por estarem localizadas no interior do país ou mesmo por proporem ações de aceitação mais difícil, como nos casos dos direitos humanos e população encarcerada”, diz Susane Worcman, vice-presidente da Brazil Foundation. Segundo ela, o apoio financeiro de no máximo US$ 10 mil é repassado em duas parcelas: a primeira, após a seleção, e a segunda, seis meses depois. O acompanhamento é feito através de relatórios trimestrais, visitas, telefonemas e, quando necessário, apoio técnico na solução de problemas. Os aportes menores são os chamados Prêmios Incentivos, atribuídos a projetos em estágio inicial de líderes promissores ou projetos que solicitem menos. O projetos são escolhidos pelo escritório de programas no Rio de Janeiro, que conta com uma rede de 4 consultores.
Talentos culturais
Entre os projetos selecionados na área de cultura estão projetos vindos da Bahia, do Maranhão, Ceará e de Santa Catarina. O Projeto Quixabera pretende valorizar a cultura musical do recôncavo baiano manifestada na Festa da Quixabeira, momento máximo de troca cultural, que conta com ensaios, oficinas e seminários; o Projeto Remédios de Encantados e Voduns, combinando pesquisa, cultivo de plantas medicinais e capacitação de agentes multiplicadores de saberes populares, propõe uma ação de resgate, valorização e preservação do saber curativo vindo de manifestaçãoes culturais afro-maranhenses. Inclusão pela dança
Já os dois outros projetos utilizam a dança como meio de expressão e inclusão social. O Projeto Vidança, em Fortaleza, e o Aplysia, em Florianópolis, “utilizam o ensino da dança como um meio de expressão, mudança de comportamento e eventual oportunidade profissional para crianças e jovens de comunidades pobres”, comenta Suzane. O Vidança já existe há alguns anos e utiliza a cultura regional como temática para os espetáculos que apresenta. O figurino e cenários são feitos com material reciclado e o trabalho de pessoas de várias gerações. O Aplysia, por outro lado, é um projeto desenvolvido por moças muito jovens e há menos tempo. Trabalha com oficinas de dança clássica e contemporânea em comunidades de baixa renda em Florianópolis.
Crises
Em relação à reestruturação que está sendo feita no Ministério da Cultura, além da Reforma Tributária, que possivelmente irá extinguir as Leis Estaduais de Incentivo à Cultura, e da falta de verba orçamentária destinada à cultura este ano, a vice-presidente acredita que tais acontecimentos no Brasil não afetarão as atividades da Fundação. A dificuldade econômica norte-americana é que, ao contrário, poderá interferir. “Eu diria que a crise nos EUA é que poderá, eventualmente, afetar os projetos da Fundação, pois os nossos recursos são todos captados lá (nos EUA) e aplicados no Brasil. Isso nos deixa imunes às crises econômicas brasileiras”, explica.
Crescimento
Desde sua criação, a BrazilFoundation cresceu significativamente e em menos de dois anos de existência conta com um banco de dados com mais de 1.500 nomes, 500 dos quais tornaram-se Amigos da Fundação participando das nossas atividades, e mais de 150 doadores. Hoje a BrazilFoundation conta com 11 membros no seu Conselho Consultivo e 4 membros na sua Diretoria Executiva. A rede de voluntários ativos em Nova York e no Brasil ajudam a manter vivo o trabalho da Fundação.
Mais informações no site da Fundação: www.brazilfoundation.org .
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