Documento assinado por profissionais o setor pede que a Ancine fique no Ministério da Cultura. Congresso Brasileiro de Cinema, contrário à proposta, escreve carta a José DirceuPor Sílvio Crespo
24/03/3003
A classe cinematográfica está divida quanto ao destino da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Na semana passada, o produtor Luiz Carlos Barreto havia entregado uma carta ao ministro-chefe da Casa Civil (órgão ao qual a Ancine está provisoriamente ligada) pedindo que a Agência fosse transferida ao Ministério da Cultura. Mas o Congresso Brasileiro de Cinema, que representa importantes entidades do setor, entre sindicatos, associações, fundações e cinematecas, está redigindo outra carta para ser entregue a Dirceu. O CBC defende que a Ancine seja vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Cultura e Desenvolvimento
A proposta original, discutida pelo Gedic (Grupo Executivo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica), definia uma Política Nacional do Cinema em que o Ministério da Cultura ficaria responsável pelas políticas culturais do cinema, enquanto o do Desenvolvimento cuidaria das questões industriais.
Surpresa
Na Assembléia do CBC, realizada em Brasília no dia 12 de fevereiro, 42 entidades decidiram que a Ancine deveria ficar no Desenvolvimento. Segundo um cineasta que esteve no encontro, o próprio Luiz Carlos Barreto ?lutou e encampou o documento [escrito na Assembléia] que apontava o MDIC como abrigo para a Agência?. De acordo com o cineasta, ?o conjunto das entidades vinha em consenso procurando ser atendido pelo novo Governo e foi pego de surpresa nesta nova articulação?.
Carta do CBC
A carta do Congresso Brasileiro de Cinema será destinada também ao ministro da Cultura Gilberto Gil, ao secretário do Audiovisual Orlando Senna e ao presidente da Ancine Gustavo Dahl. O documento, que ainda está sendo discutido por entidades e personalidades do setor cinematográfico, afirma que ?a vinculação da Ancine e a orientação estratégica do novo governo na área de cinema, causam apreensão e podem levar à paralisia do setor e dos órgãos recém criados?.
O Congresso ressalta que ?entende e respeita? as decisões do Governo, e coloca-se à disposição do governo para ?debater suas proposições e contribuir na implementação de uma nova política nacional de cinema?. Todas essas afirmações poderão ser modificadas, já que a carta ainda está em fase de elaboração.
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