Secretária da Cultura do Estado de São Paulo anuncia seus projetos e a linha administrativa de sua gestão: “antes, era tabu falar em corte de desperdícios”Por Sílvio Crespo
02/04/2003

A secretária da Cultura do Estado de São Paulo, Cláudia Costin, anunciou na terça-feria, 1º de abril, suas prioridades para o mandato. ?Estou aqui para explicar o que é o choque de gestão?, disse Costin, referindo-se ao contraste entre a sua linha administrativa e a de seu antecessor, Marcos Mendonça. Costin nunca havia lidado com a área cultural. Com sua experiência em administração de políticas públicas, assumiu a Secretaria da Cultura em janeiro com a missão de organizar a casa. Para ela, na gestão de Mendonça ?havia projetos belíssimos, mas não havia uma política cultural?.

Sem desperdícios
Costin disse ter revisto todos os programas, projetos e equipamentos da Secretaria, e pretende enxugar o que for preciso. De um orçamento de R$ 109 milhões, apenas R$ 9 milhões estão disponíveis para investimento. Com a exigüidade da verba, a gestão será marcada pela forte presença do capital privado e pelo corte de gastos. ?Antes, era tabu falar em desperdícios?, afirmou.

Segundo a secretária-adjunta, Evelyn Levy, serão buscados recursos na iniciativa privada por meio da Lei Rouanet e também por patrocínio direto. Costin acrescenta que pretende fazer parcerias com os municípios. Na capital, deve haver uma cooperação entre as Fábricas de Cultura, do Governo do Estado, e os CEUs (Centros Eduacionais Unificados), projeto da Prefeitura, para otimizar os recursos.

?Gastamos R$ 18 milhões em 2002 com a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). Pensei: ?quantas pessoas são beneficiadas?? Os 5.080 assinantes?. Costin pretende ampliar o público da Osesp para justificar tal investimento, que corresponde a 17% do orçamento. Para isso, a secretária prometeu ?aumentar a itinerância? da orquestra no interior de São Paulo e ?desenvolver ações educacionais junto aos professores?, para sensibilizar os alunos à música instrumental.

Casa das Rosas
Na redefinição das políticas culturais, uma das mais polêmicas medidas é a transformação da Casa das Rosas ? entidade voltada para a arte contemporânea ? em espaço para leitura, a ser inaugurado dia 23 de abril. A medida faz parte de um projeto da Secretaria de estimular o hábito de leitura em São Paulo. ?A idéia pe o resgate da leitura por prazer?, explica Costin.

Mas o cancelamento da programação artística da Casa das Rosas não agradou os artistas nem os freqüentadores e muito menos os funcionários. O espaço já tinha um público cativo e vinha se consolidando como centro alternativo para a arte contemporânea. (Clique aqui para saber como está a situação da Casa das Rosas).

Irregularidades
Outro problema que a secretária terá que enfrentar é a irregularidade no quadro de pessoal. Dos 2.750 funcionários da Secretaria, 2.400 são ?credenciados?, ou seja, não foram contratados de forma convencional. Esse tipo de contrato é previsto legalmente para trabalhos temporários em projetos específicos da Secretaria. Contudo, na gestão anterior, diz Cláudia Costin, a Secretaria utilizou esse expediente na contratação de pessoal para a área administrativa. ?Isso será corrigido?, disse Costin, sem explicar se vai demitir funcionários ou regularizar os contratos.

Classe artística
Para a secretária, o fato de ela não pertencer ao meio cultural facilita o diálogo com a classe artística. ?Posso com tranqüilidade perguntar coisas que não se perguntam?. De acordo com ela, ?o importante é não tratar a política cultural de forma fragmentada?, dividida por áreas artísticas. ?A Secretaria não pode ser um balcão de negócios para produtores. A política cultural deve ser para o ser humano, para o cidadão, não para os produtores culturais?, frisou.


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