Há cerca de 3 anos, a cantora Ana Gilli recebeu na plateia de um de seus shows ninguém menos que Toquinho. E ele não só viu a apresentação como depois foi conversar com ela e elogiar o trabalho. Ela comentou que já fazia um show em que só cantava músicas de Vinícius de Moraes, e daí surgiu a ideia de gravarem uma música juntos.

Um tempo depois, já trabalhando com a Cult Cultura – que faz todo o planejamento de comunicação dos projetos e a produção dos seus shows – veio uma nova ideia: colocar o projeto no Catarse. “A Thais Polimeni e o Leonardo Cassio, que são sócios da Cult, sempre chegam com várias ideias, antenados nas tendências das redes sociais. Uma vez, durante o planejamento de ações para 2011/2012, conversamos sobre o crowdfunding e concluímos que seria uma excelente estratégia para arrecadar a verba para gravação da faixa com o Toquinho, além de divulgar nosso projeto”, conta Ana.

Thaís recebeu carta branca da produção do cantor e aí começou o trabalho de divulgação nas redes sociais (Twitter e Facebook). “Divulgamos no meu perfil e FanPage do Facebook  e do Twitter, na FanPage e no Twitter da Cult Cultura, da Thaís e do Leo. A partir dessa divulgação, nossos amigos replicavam os posts e tweets, criando uma rede de divulgação”, lembra a cantora.

Também foram enviados e-mails e mensagens pessoais para os amigos mais próximos, além do e-mail marketing padrão para os mailings da cantora e da produtora. A assessoria de imprensa ficou por conta da jornalista Letícia Gouveia e, além disso, foram impressos 5 mil flyers para distribuição em estabelecimentos comerciais.

“Fizemos parceria com outro projeto do Catarse, em que investimos nele e ele investiu no nosso e, desta forma, ambos se divulgaram. Eu já tinha um blog em que divulgava assuntos relacionados ao Vinícius de Moraes e aos meus shows. A Cult e eu começamos a fazer posts em que explicávamos como funciona o Catarse e o investimento em projetos de Crowdfunding. E no site Jornalirismo, a Thaís escreveu uma matéria sobre crowdfunding, em que citou o meu projeto”, explica Ana.

Para ela, a maior dificuldade foi a falta de uma cultura de investimento em projetos culturais. “Percebemos que as pessoas não investem porque não têm dinheiro, mas porque não entendem que não importa o valor investido, o importante é apoiar. Algumas pessoas achavam que se investissem só R$ 10 não iria ajudar, então tínhamos que explicar que se cada um que curtisse (por volta de 900 pessoas) a página investisse o mínimo, já teríamos ultrapassado a meta.”

Uma saída para as pessoas que ficavam com receio de fazer pagamento pela internet foi divulgar uma conta bancária da Cult, que transferia o investimento fazendo o procedimento no site.

“A maior surpresa foi o que chamamos de ‘Investidores Proativos’, que são pessoas que não conheciam meu trabalho mas, através da indicação de amigos ou do site do Catarse, investiram no projeto. Também ficamos muito felizes quando vimos nosso projeto em destaque na homepage do Catarse, entre os ‘projetos que mais causaram catarse'”.

As recompensas para quem apoiou foram: música por e-mail, agradecimento especial do blog, ingresso VIP para o show de lançamento da música, cartão VIP para todos os shows “Como Dizia o Poeta” durante o ano de 2012, assistir à gravação ao vivo e show em empresa. Mas segundo Ana, os convites e os agradecimentos no blog foram os itens que mais atraíram os investidores.

No final do ano, Ana recebeu a notícia de que foi contemplada em um Edital da Secretaria de Estado da Cultura (SP), com o qual gravará seu primeiro CD. Decidiu, então, dar um CD para cada pessoa que investisse a partir de R$ 50. Segundo ela, isso também ajudou muito para a arrecadação total.

Agora, a faixa com Toquinho e o CD estão em fase de pré-produção. As datas de gravação estão sendo definidas e os fãs certamente aguardam ansiosos.


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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