No Papo Cultural, o jornalista Eugênio Bucci analisa a situação da cultura na sociedade contemporânea: ?toda obra de arte aparece como mercadoria e toda mercadoria aparece como obra de arte?Por Sílvio Crespo
?O mercado não funciona bem para coisa nenhuma?. Esta frase do jornalista Eugênio Bucci dá uma idéia do seu pensamento crítico em relação à sociedade de mercado. Em entrevista realizada na sede do Instituto Pensarte, em São Paulo, Bucci fez críticas contundentes à forma como o mercado e o Estado atuam sobre a cultura no mundo contemporâneo. A ?promiscuidade? entre poder público e poder econômico, a cumplicidade entre a indústria do entretenimento e o jornalismo cultural e a transformação de todos os acontecimentos em espetáculo são alguns dos traços que o jornalista utiliza para desenhar o retrato da sociedade em que vivemos.
Dentro deste contexto, Bucci discute o papel do Estado na arte: ?fiscalizar a observância de certas regras que proporcionem o escoamento justo e democrático da produção cultural?. A salvaguarda da cultura, como a chamada exceção cultural francesa, é bem vista pelo jornalista por ser uma forma de ?resistência a agressões imperialistas?. Para ele, a arte não pode se lançar no ?salve-se quem puder? do mercado, sob o risco de não conseguir concorrer, como mercadoria, com a indústria cultural norte-americana.
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