Foram divulgados nesta quarta-feira (18/5) os resultados da 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, entidade mantida pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros). O objetivo é conhecer o comportamento leitor medindo a intensidade, forma, limitações, motivação, representações e as condições de leitura e de acesso ao livro – impresso e digital – pela população brasileira.

Foto: Abhi SharmaComo base para a pesquisa, define-se leitor aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses – em papel, digitais ou eletrônicos e áudio livros, livros em braile e apostilas escolares, excluindo-se manuais, catálogos, folhetos, revistas, gibis e jornais. Não leitor é aquele que declarou não ter lido nenhum livro nos últimos três meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses.

Estima-se que 56% da população brasileira leram pelo menos partes de um livro nos últimos três meses. Em 2011, quando foi realizada a última edição da pesquisa, esse índice era de 50%. Aumentou também o número de livros lidos por ano: de 4,0 em 2011, para 4,96 em 2015.  No entanto, 74% dos entrevistados afirmaram não ter comprado um único livro nos últimos três meses. E 30% nunca compraram um livro na vida. Entre os compradores, 63% são da classe A, 40% da classe B, 24% da classe C e apenas 13% das classes D e E.

Em 2011, o Centro-Oeste do país liderava o número de leitores por região com 53%. Em 2015, o melhor percentual passou a ser o da região Sudeste (61%). A região Centro-Oeste caiu para a segunda posição (57%) e a região Norte ultrapassou a região Nordeste, alcançando o terceiro lugar com 53%.

A principal forma de acesso ao livro é a compra em livrarias físicas ou online (43%), seguida por ser presenteado (23%), emprestado de amigos ou familiares (21%) e emprestados de bibliotecas de escolas (18%).

Entre os fatores que mais influenciam na hora de escolher um livro para comprar, o tema ou assunto é determinante para 55% dos entrevistados, seguido por recomendaões de amigos e famliares (20%), autor (19%), título do livro (17%) e preço (16%). Com relação à influência para começar a ler, 33% declararam ter tido algum incentivo, sendo que a figura materna – mãe ou responsável do gênero feminino – é a maior influenciadora (11%), seguida por professores e professoras (7%).

Entre as principais motivações para ler um livro estão: gosto (25%), atualização cultural ou atualização (19%), distração (15%), motivos religiosos (11%), crescimento pessoal (10%), exigência escolar (7%), atualização profissional ou exigência do trabalho (7%). A Bíblia é o livro mais lido entre os leitores de qualquer grau de escolaridade e livros religiosos aparecem nas listas dos últimos livros lidos e dos mais marcantes.

As mulheres continuam sendo as mais leitoras entre todos os gêneros (59%) e aumentou o número de leitores na faixa etária de 18 a 24 anos (de 53% em 2011 para 67% em 2015).

Com relação à leitura em meios digitais, a leitura de livros fica apenas em 6º lugar (15%) em uma lista que incui leitura de notícias e informações em geral (52%); estudo e pesquisas para a realização de trabalhos escolares (35%) e aprofundamento no conhecimento a respeito de temas de interesse pessoal (32%). Questionados se já ouviram falar em livros digitais, 41% dos entrevistados responderam sim, porém apenas 26% declararam já ter lido um e-book. Dentre os que declararam já ter lido um e-book, 88% disseram que o baixaram gratuitamente. Apenas 15% declararam ter pago pelo livro digital.

Quando o assunto é o que gosta de fazer no tempo livre, a leitura ficou em 10º lugar. Perdeu para assistir televisão (73%), ouvir música (60%), usar a internet (47%), reunir-se ou sair com amigos e família (45%), ver vídeos ou filmes em casa (44%), usar o Whatsapp (43%), escrever (40%), usar Facebook, Twitter ou Instagram (35%).

Os não leitores disseram que a falta de tempo é a principal razão por não lerem (32%), seguida por não gostar (28%), não ter paciência (13%), preferir outras atividades (10%) e ter dificuldades para ler (9%). Falta de bibliotecas por perto foi justificativa para 2% dos entrevistados, mesmo índice dos que citaram achar livro caro ou não ter dinheiro pra comprar.

A pesquisa comparou os aumentos no número de leitores e dos índices de leitura com o aumento da escolaridade do brasileiro. Nas últimas décadas, o Brasil teve uma redução na proporção de analfabetos e indivíduos com escolaridade até o Fundamental I e aumento da proporção de brasileiros com Ensino Superior e, sobretudo Ensino Médio.

Em 2011, em especial, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), houve um ponto de inflexão nos níveis de escolaridade do brasileiro. Naquele ano, pela primeira vez, a curva dos brasileiros só com nível do Fundamental I (1º ao 5º ano) se encontrou com a curva dos brasileiros que tinha concluído o Ensino Médio. De lá para cá, as curvas se distanciaram, aumentando o número de brasileiros com Ensino Médio. A última edição da PNAD, em 2014, mostra que 29% dos brasileiros concluíram o Ensino Médio enquanto que 26% têm só até o Ensino Fundamental I.

“Os menores esforços empreendidos nos últimos 10 anos começaram a dar seus resultados, mas o que temos hoje ainda é insuficiente e precário. Deixando a nossa síndrome de vira-latas de lado, temos que entender que estamos fazendo a coisa certa. Se não fizermos esse exercício, ficaremos num ceticismo imobilizante”, afirmou durante a apresentação da pesquisa José Castilho Marques Neto, ex-secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).

A pesquisa foi feita entre novembro de dezembro de 2015, com cerca de cinco mil pessoas acima de 5 anos de idade. Do total da amostra, 33% frequentaram o ensino médio, 25% o ensino fundamental II e 21% o fundamental I; 13% têm ensino superior.

Divulgado a cada quatro anos, Retratos da Leitura no Brasil segue os parâmetros do Centro Regional para el Fomento del Libro em América Latina (Cerlalc). Entre as novidades dessa edição, foram introduzidas perguntas com o objetivo de intensificar a avaliação acerca de bibliotecas (incluindo as escolares), do uso de Internet e de leituras e livros digitais.

Clique aqui para acessar a íntegra da pesquisa.

*Com informações do Publishnews, Estadão e G1


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