Acompanhe a reflexão da cantora Zezé Freitas, integrante do Fórum Paulista Permanente de Música, que convoca os músicos a se unirem contra velhas e conhecidas práticas de exploração comercial da cultura

Dia desses chamou-me a atenção o título de uma mensagem em minha caixa postal virtual: “Possibilidade para programação de música”. Entusiasmada abri o e-mail rapidamente e meu ânimo foi, aos poucos, se transformando em indignação…

Diante da infeliz proposta que lia, eu sentia que precisava divulgar para os colegas músicos para que não compactuassem com o fato ou para que não caíssem na armadilha. Sim, porque ingenuamente eu já cantara POR UM PRATO DE COMIDA, agora NÃO mais. Voltando ao e-mail que mexeu com meus ânimos, e sem citar nomes ou local, em suma, ele dizia:

“Você tem até amanhã para responder se quer tocar no Teatro X, por bilheteria, sendo 80% para o músico e 20% para as despesas da casa com som e luz. Ah! E não há tempo para divulgação na revista porque já está fechada. Também temos vagas para janeiro e fevereiro de 2007. Gastamos a verba com todos os projetos ao longo do ano, inclusive para shows internacionais e agora não temos cachê para você”.

Não resisti, fiz a denúncia para minha lista de discussão.

ACORDEM MÚSICOS!!!

Como se já não bastasse a invenção e permanência do dito COUVERT ARTÍSTICO e o avanço dos contratantes sobre o valor do mesmo, em porcentagens variantes de 10 a 50 %. Um espaço cultural que sempre pagou cachê, quer transformá-lo em bilheteria? E olha que já existe casa cobrando, ao invés de realizar pagamento para o músico se apresentar.

Não foi assim que começou o Jabá?

O momento é de REFLEXÃO.
É isto que queremos?

O fato é que os músicos brasileiros começaram a se mobilizar há cerca três anos. Baseado nesta mobilização o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, criou as Câmaras Setoriais que propiciou a discussão entre 18 estados brasileiros e a elaboração de documentos postados no site do MinC.

A Cooperativa de Músicos de São Paulo se fortaleceu. Dentro daquele movimento nasceu um novo sindicato de músicos, o SIMPROIND e em breve os contratantes não mais exigirão comprovação de pagamento da OMB. Surgiu o Fórum Paulista Permanente de Música – FPPM, que se reúne quinzenalmente para discutir questões relativas à categoria, e que, além disto, possui uma lista de discussão virtual.

Temos a Frente parlamentar de Cultura – FREPAC (cidade de SP)
Nasceu o Núcleo Independente de Música – NIM (RJ)
Criamos o Grupo de Apoio ao parlamento – GAP (RJ e SP) e a Sub Comissão de Música no Senado.

Foram deflagrados inúmeros problemas e as discussões acumuladas nos mostram
que é preciso esclarecer e orientar a classe.

Planeja-se para março de 2007 um acordo coletivo em que o Sindicato dos Músicos Profissionais Independentes – SIMPROIND, o Sindicato dos Compositores, o SINDIMUSI (leia-se Wilson Sandoli – há 46 anos na OMB) e o Sindicato Patronal tratarão as questões trabalhistas dos músicos, DJs e técnicos de som.

Enfim, a situação está mudando.

É um momento histórico e pode-se mudar o conceito sobre a UNIÃO desta classe. O músico só precisa estar atento e comparecer para opinar.

A próxima reunião do FPPM acontecerá dia 06/11 das 19h30 às 22h00 na Assembléia Legislativa – em frente ao Ibirapuera. Sala Tiradentes.

Zezé Freitas


editor

2Comentários

  • Eduardo Camenietzki, 18 de novembro de 2006 @ 2:06 Reply

    Gostaria que a Zezé esclarecesse que tipo de acordo ela espera conseguir com o Wilson Sandoli, que já foi defenestrado do conselho federal da OMB e ainda exerce acumulativamente a presidencia do SINDIMUSI e ado CR-SP da mesmíssima OMB? o que ela pensa de negociar com este “””sindicalista”””?

  • Eduardo Camenietzki, 18 de novembro de 2006 @ 2:07 Reply

    Adicionalemente estou comparecendo para opinar gostaria que ela respondesse.

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