Na presença da superintendente do Escritório, co-fundador dos Racionais acusa fiscais da instituição de roubarem dinheiro que pertenceria a compositores e intérpretesPor Sílvio Crespo
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07/11/2003
?O Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), as editoras, esses sistemas são baseados no ?Artigo 171?: eles expropriam as obras dos artistas. Vai ver a família do Jackson do Pandeiro, cuja música toca muito pelo Brasil, vai ver está passando fome. Tem que acabar tudo e começar tudo de novo?. A afirmação, de um dos fundadores do grupo Racionais MC, Milton Salles, foi uma das poucas críticas ao Ecad em debate realizado na última quarta-feira (dia 5) em Belo Horizonte, sobre o direito autoral na área de música. O evento foi a terceira etapa do seminário Música & Movimento, que reúne às quartas-feiras nomes influentes do mercado musical em mesas-redondas abertas ao público.
Roubo
Durante o debate, Salles acusou fiscais do Ecad de roubarem dinheiro pertencente a compositores e intérpretes. ?Já tive vários salões de baile e os fiscais do Ecad chegavam lá, salão lotado, eles lançavam [nas planilhas de controle] que tinham só um décimo do público, cobravam tanto por isso e levavam uma bolada para o bolso deles?. E continuou: ?outras vezes, como aconteceu em muitos shows dos Racionais, eles lançavam que foram executadas músicas do Ferreirinha. Não tem nenhum Ferreirinha no grupo. Então, quem é que recebe os direitos??.
Ao lado de Salles, a superintendente do Ecad-RJ, Glória Braga, ouvia atentamente as acusações. Em seguida, contra-atacou: ?se quem deve agisse corretamente, não haveria fiscais corruptos. Se todas as pessoas e empresas pedissem autorização para executar as músicas, se declarassem quais são e se pagassem corretamente, não haveria enganos?. Segundo ela, ?nem todos os 200 fiscais do Ecad agem de má-fé?.
?O melhor do mundo?
Apesar da sua atuação causar polêmica no meio artístico, o Ecad foi defendido pela maioria dos debatedores presentes no seminário. O compositor Fernando Brant foi entusiástico: ?eu já viajei por outros países e posso dizer: o Ecad é um dos melhores escritórios de arrecadação do mundo?. Recentemente, Fernando Brant havia acusado as gravadoras multinacionais de ?lotearem? a Abramus, pequena sociedade autoral, com o intuito de aumentar sua influência na arrecadação de direitos autorais e conexos.
O advogado Hidelbrando Pontes, especialista em direito autoral, acredita que muitas críticas ao Escritório são feitas por empresas que não pagam direitos autorais. ?Recentemente a Rede Globo empreendeu uma campanha dizendo que o Ecad estava querendo acabar com as festas juninas. Por trás disso, estava uma campanha da Globo para evitar de pagar uma dívida grande que ela tem com o Ecad, com os compositores e músicos?.
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