Empresas socialmente responsáveis despertam cada vez mais a atenção dos investidores apesar da falta de informação, no caso do BrasilArtigo escrito por Pedro Angeli Villani, analista SRI da ABN AMRO Asset Management,e por Roberto Sousa Gonzalez, coordenador da Comissão de Balanço Social da Abamec-SP, ressalta o aumento dos investimentos em empresas socialmente responsáveis, bem como a falta de informação de natureza social das empresas brasileiras e os benefícios trazidos pela responsabilidade corporativa. O artigo foi publicado na edição no 90 da revista Mercado de Capitais. Leia abaixo o resumo.
Política de investimentos
O segmento de investidores em empresas socialmente responsáveis é uma das grandes novidades na política de investimentos. A atenção despertada é resultante do tamanho que esse segmento já atingiu nos EUA, Europa e Japão; ao excelente histórico de rentabilidade durante toda a década de 90; e ao apelo de se unir o útil ao desejável, ou seja, a rentabilidade à indução de um papel corporativo socialmente correto.
Fundos mútuos
Os fundos mútuos de investimentos em ações de empresas socialmente responsáveis continuam apresentando surpreendente crescimento e, conseqüentemente, registram aumento expressivo de sua participação sobre o total do mercado de fundos mútuos. Nos EUA, por exemplo, 13% do total de recursos sob gestão profissional estão alocados em algum tipo de investimento envolvendo empresas socialmente responsáveis, com um total que ultrapassava a US$ 2,3 trilhões em junho de 2001, segundo o Social Investment Forum (www.socialinvest.org).
Informação
Investidores socialmente responsáveis que desejam investir em papéis brasileiros, mas não possuem informações de natureza social das empresas, acabam levando seus recursos financeiros para outros mercados, onde a informação de natureza social está disponível. Uma parcela dos US$ 4 trilhões de SRI (Socially Responsable Investing) circulante no mundo poderia estar contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do nosso país.
Os analistas SRI utilizam várias ferramentas. Entre elas os dados constantes nos balanços sociais das companhias, pois estes subsidiam avaliações, uma vez que complementa as informações já constantes nas demonstrações financeiras.
Desde janeiro de 2001, os investidores socialmente responsáveis estão sendo alimentados com informações das companhias listadas na bolsa brasileira, através do departamento de pesquisa do Unibanco. Essa é, até o momento, a única fonte independente de informações sociais para investidores em papéis brasileiros.
Retorno
Os estudos que associam o retorno superior à responsabilidade corporativa estão agora se apoiando em algumas descobertas aceitas pelo menos na esfera intuitiva dos grandes investidores, administradores e analistas de investimentos. O retorno superior seria decorrente de benefícios colhidos por empresas de melhor desempenho na área de responsabilidade corporativa, entre os quais destacam-se:
Maior reconhecimento das marcas e melhor imagem junto aos consumidores e outras partes interessadas;
Redução de custos pelo uso mais eficiente de água, energia e combustíveis, e pela reciclagem de lixo e resíduos;
Maior produtividade dos empregados, em decorrência de maior motivação, menor absenteísmo e turnover;
Menor risco de litígios legais em relação ao meio ambiente, empregados e consumidores;
A existência de grande variação na eco-eficiência de empresas concorrentes não é muito transparente e não muito bem entendida pela maioria dos investidores, gerando daí uma oportunidade de investimentos com rentabilidade superior.
Desenvolvimento
As empresas necessitam enxergar que, a prática estratégica da responsabilidade social e sua comunicação ao mercado, podem ampliar a base de clientes, a produtividade, a fidelidade dos consumidores, efetivar uma redução de custos, facilitar o acesso a financiamento, trazer novos recursos através dos SRI para o mercado de capitais e ampliar a base acionária com o surgimento de mais fundos de investimentos socialmente responsáveis brasileiros.
As empresas estarão contribuindo para o progresso social e econômico, criando um círculo virtuoso com seus profissionais, consumidores, fornecedores, clientes etc.Na esfera governamental podemos dizer que, através das entidades financiadoras, está havendo uma contribuição para que as companhias executem ações sociais corporativas.Por tudo isso acreditamos que o Plano Diretor do Mercado de Capitais deve ter um espaço destinado ao SRI, pois irá contribuir com novos recursos, trazendo desenvolvimento econômico e social para o Brasil.
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