Associação Brasileira de Música Independente promove painéis e debates com finalidade de tornar a entidade conhecida como um setor da música brasileiraABMI
Promovido pela Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), teve início nesta quarta-feira, dia 11 de setembro, o 1º Encontro da Música Independente, um movimento de luta pela organização do mercado formado por ela. Uma série de painéis e debates faz parte da programação das manhãs e tardes do Sesc Pompéia durante os quatro dias do encontro; a noite serão exibidos shows com artistas independentes.

De acordo com a Folha de São Paulo, a ABMI contabiliza cerca de 60 selos independentes já associados e 20 em fase de adesão, além de movimentar cerca de 3.000 títulos de CD atualmente em catálogo. No encontro em São Paulo haverá também uma feira em que cerca de 600 desses títulos estarão à venda para quem circular pelo Sesc até este domingo.

Conceito
O presidente da ABMI, Pena Schmidt (produtor musical, ex-executivo da Warner Music nos anos 80 e hoje dono do selo Tinitus), 52, tenta definir ao jornal o conceito de “independente” aceito pela associação: “Independente” é um jargão da indústria, que no entender da ABMI engloba empresas fonográficas nacionais, fundadas e dirigidas por brasileiros”. Ficam excluídos da entidade, portanto, músicos autônomos que fazem seus discos por esforço próprio, sem qualquer ligação com gravadora.

“As grandes gravadoras brasileiras são a exceção para confirmar a regra. A Som Livre [da Globo] e a Abril Music, que são nacionais, seriam aceitas na ABMI. Mas participariam democraticamente, cada selo ou gravadora tendo direito a um voto”, explica Schmidt à Folha. O presidente diz ao jornal que a primeira finalidade, de tornar a entidade conhecida como um setor da música brasileira, já está sendo cumprida.

Crise independente
Ele diz ainda que o contexto de crise econômica e institucional (a partir da recente polêmica da numeração) dá maior evidência à mobilização dos independentes, embora sem relações imediatas e obrigatórias entre os dois fenômenos. “Antigamente havia uma palavra mágica que até se pode voltar a usar, ‘conjuntura’. Na verdade, a crise da indústria já existe há dois anos. O moribundo está lá, se arrastando. Mas a crise não muda nada para nós, continuamos ralando com a mesma dificuldade de sempre. Hoje, no Brasil, não existe mais loja, é cada vez mais difícil encontrar patrocínio ou casa para fazer show. Mas para o independente sempre é assim, ele não depende da crise”, afirma Schmidt à Folha.

Política Cultural
Política cultural foi o tema de abertura do painel de debates, ministrado por André Midani. Segundo a Folha de São Paulo, aos 69 anos, Midani dirigiu as gravadoras Odeon e Philips em momentos cruciais da história da MPB, alavancando nomes como Elis Regina, Chico Buarque, Nara Leão, Jorge Ben, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Rita Lee, Tim Maia, Raul Seixas e dezenas de outros.

Segundo Schmidt ao jornal, sua presença não significa uma reaproximação de Midani, hoje aposentado, com o mercado musical, agora pela via independente. “Ele participa mais como um cidadão que continua querendo trabalhar com música, em movimentos comunitários como Viva Rio e Viva Favela. Midani pode falar de sua experiência, dar uma intimada nos selos independentes”, graceja.

“Ele é um decano da indústria, desde antes do conceito transnacional nas gravadoras. Quando trabalhamos juntos na Warner, nos anos 80, nossa cabeça era de independentes. Não tínhamos a postura de nos vincular necessariamente ao mercado, que só foi se estabelecer depois”, diz Schmidt à Folha, referindo-se ao fato de a Warner ter lançado parte da geração rock dos 80, com Titãs, Kid Abelha, Ira! e outros.

Gravadora própria
As reflexões terminam sábado numa tentativa de incentivar os participantes a formarem suas próprias gravadoras. “Queremos fechar o ciclo lançando a semente de como abrir uma gravadora, com depoimentos de donos de selos e as experiências que a ABMI já conhece”, finaliza Schmidt ao jornal.

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