Encontro de Porto Alegre formula e discute alternativas para os campos político, econômico e social e oferece resistência ao modelo neoliberalPor Sílvio Crespo
O II Fórum Social Mundial, que teve início no dia 31 de janeiro e vai até 05 de fevereiro de 2002, está reunindo importantes nomes da política mundial e setores organizados da sociedade civil para discutir e propor alternativas aos modelos econômico e político vigentes de modo a garantir maior justiça social. Com o lema “um outro mundo é possível”, o evento é uma oposição direta ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, Suíça, no mesmo período, e que este ano está sendo realizado em Nova York, e reúne as mais influentes personalidades que defendem o atual modelo político-econômico, dito neoliberal.
O Fórum está organizado em conferências, oficinas e seminários, cujos temas abordados se dividem em quatro eixos: I – Produção de riquezas e reprodução social; II – O acesso às riquezas e a sustentabilidade; III – A afirmação da sociedade cilvil e dos espaços públicos e IV – Poder político e ética na nova sociedade. Segundo os organizadores, as conferências procuram expor propostas contra a “globalização neoliberal” discutidas por movimentos e organizações e voltam-se para a construção de consensos respeitando a diversidade de propostas. Os seminários têm por objetivo analisar, elaborar um pensamento e aprofundar as reflexões sobre as temáticas específicas; são uma forma de socializar as reflexões de estratégias alternativas. Estão sendo apresentados por redes e organizações do Conselho Internacional do Fórum, instância permanente formada por entidades internacionais que tem por objetivo central a ampliação e a consolidação do processo de mundialização do Fórum. As oficinas, diferentemente, estão sendo apresentadas por organizações inscritas como delegadas, ou seja, que não fazem parte da organização do Fórum.
No Comitê Organizador estão presentes a Abong (Associação Brasileira de Organizações não-governamentais), a Attac (Ação pela Tributação das Transações financeiras em Apoio aos Cidadãos), a CNBB, a CUT e o MST, entre outras organizações. Além dos organizadores, o Fórum conta com a presença de intelectuais, políticos e representantes de organizações não-governamentais, de sindicatos e de associações. Estão presentes também o lingüista Noam Chomsky (dissidente político do Estados Unidos e professor do MIT), 30 membros do parlamento europeu, e candidatos esquerdistas franceses à presidência da República.
Cobertura completa
A idéia central defendida pelo Fórum, de formular soluções para os problemas sociais derivados da forma como está sendo feita a globalização, seria inconcebível se não se levasse em conta um tema que será exaustivamente debatido: a responsabilidade social das empresas. Intelectuais, representantes de organizações não-governamentais e de associações estão participando de discussões nesse âmbito. O Cultura e Mercado fará uma cobertura dos principais acontecimentos do Fórum referentes ao tema.
Arte e Cultura
No setor de cultura, teremos a participação do grupo Teatro do Oprimido e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na apresentação de uma oficina. Há também discussões de caráter mais geral, como a oficina “Cultura e globalização”, promovida pela organização Zero à Esquerda, e “Ação cultural na construção do ser latino-americano”, entre outras.
Algumas organizações estão apresentando também projetos que têm desenvolvido, caso do “Projeto Rede.com Criança e adolescente”, apresentado pela Associação do Bem-estar da Criança e do Adolescente, e da oficina “Arte em movimento”, organizada pelo Centro de Referência Integral de Adolescentes, que mostra a experiência de articulação de uma rede de mobilização social na Bahia pela Educação, Saúde e Direitos Humanos que tem a arte como elemento agregador. Além disso, Hamilton Faria, diretor do Instituto Polis, é responsável pela oficina “Arte e identidade cultural na construção de um mundo solidário”. Entre as conferências, destacamos a que discute “Produção cultural, Diversidade e Identidade”.
Responsabilidade social
Quanto à responsabilidade social da empresa de um modo geral, destacamos a oficina “A empresa e a inclusão social”, promovida pela Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania e “A participação da empresa no fortalecimento da comunidade”, pelo Instituto Telemig Celular. O papel da empresa no desenvolvimento social está sendo discutido também pelo Instituto Ethos na oficina “Empresa privada como agente e parceira da transformação social”.
Atividades culturais
Além das conferências, oficinas e seminários, o fórum Social Mundial inclui eventos culturais com entrada franca. Estão incluídos shows de Hermeto Paschoal, O Rappa e várias outras bandas nacionais e estrangeiras. Haverá também uma apresentação do grupo Teatro do Oprimido, organizada pela CUT, ao ar livre, no estacionamento da PUC-RS.
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