ACM e Weffort elogiam escolha do futuro ministro da cultura, mas petistas ficam com pé atrás. O músico diz já ter convidado Sérgio Mamberti e Hamilton Pereira para o ministérioPor Sílvio Crespo

O convite que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez a Gilberto Gil para ocupar o Ministério da Cultura causou polêmica entre artistas, políticos e profissionais do setor cultural. Mas, curiosamente, os elogios partiram daqueles que, até então, eram oposição ao PT. A princípio, alguns dos tradicionais aliados petistas criticaram a escolha, mas a articulação de Gil com os coordenadores do programa de governo de Lula deve acalmar a situação.

Elogios
Francisco Weffort, atual ministro da cultura, elogiou a escolha de Gil para dirigir a pasta. ?Acho uma boa notícia. Não apenas porque ele é um grande músico, um grande cantor, mas porque ele é um homem ligado aos temas da história da música brasileira?, disse o atual ministro ao jornal O Estado de São Paulo. O senador eleito Antônio Carlos Magalhães, que já enfrentou o PT diversas vezes no Congresso, também gostou da escolha de Gil, filiado ao PV. É ?um representante autêntico da Bahia e dos afro-descendentes?, disse o pefelista.

Críticas
O coordenador de mobilização social do programa Fome Zero, Frei Betto, havia afirmado, dia 16, que preferia uma pessoa ligada à área cultural do PT. Mas ontem disse ao jornal Folha de São Paulo que está ?incondicionalmente ao lado do que Lula decidir?. ?Ele foi eleito e escolhe o ministério?, afirmou.

O Secretário da Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Antônio Grassi, que ajudou a elaborar o programa de governo petista na área cultural e até a semana passada era ministeriável, afirmou que não foi avisado da escolha de Gil. ?Toda a informação que tive foi pela imprensa?, disse Grassi à Folha.

Articulação
Gilberto Gil já começou a articular a estrutura do seu ministério. O futuro ministro entrou em contato com os coordenadores do programa de governo petista na cultura, Sérgio Mamberti, Antônio Grassi e Hamilton Pereira, segundo a Folha. Mamberti ?ficou muito satisfeito?, disse Gil, ?e deixou claro que a colaboração dele será um traço de união entre nós?. Mas até agora nenhum dos três convidados deu uma resposta definitiva.

A articulação que Gil está fazendo em torno dos ex-ministeriáveis é um indício de que a sua nomeação pode não ser uma dispersão da identidade do PT, como afirmou o colunista da Folha Elio Gaspari. O futuro ministro já prometeu seguir as propostas elaboradas pelos petistas. ?Temos o programa de governo do PT, que vai ser um instrumento importante?, disse Gil ao jornal O Estado de São Paulo.

Além disso, o futuro ministro pretende pôr em prática no setor cultural o ?pacto social? que caracteriza as propostas de Lula. ?É formar a equipe e chamar todos os setores que pensam a cultura no Brasil?, disse Gil ao Estadão.

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