Ao receber condecoração francesa, Gil aposta na ?cultura do povo bronzeado? como força de resistência. Aillagon: 2004 será o ano da cultura do Brasil na França23/01/2003

Nova cultura política
Segundo informa o Brasil Online, o ministro da cultura Gilberto Gil, ao receber nesta quarta-feira a medalha da Ordem das Artes e das Letras do colega francês, Jean-Jacques Aillagon, declarou que os brasileiros devem reafirmar perante o mundo “uma nova cultura política”. “O Brasil tem agora com seu presidente operário Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de aportar uma nova cultura política ao mundo e de reafirmar seu lado mágico, sedutor, mestiço, exótico, novo. Graças à França e graças ao Brasil de meu coração por este gesto”, disse, ao receber a condecoração francesa.

2004
O ministro francês Aillagon, que anunciou que 2004 será o ano da cultura do Brasil na França, disse sem formalidades ao lhe entregar a medalha: “querido colega, prometo fazer todo o possível para chegar a ter um pouco de suas qualidades de cantor e bailarino”.

Cultura de raíz
De acordo com o Brasil Online, Gilberto Gil afirmou que as raízes africanas do Brasil, “a cultura do povo bronzeado, servirão para impulsionar no mundo uma força de resistência, de alegria e de vontade de viver, apesar de tudo”. O ministro lembrou, em declarações à AFP, que no ministério da cultura do Brasil existe a Fundação Palmares “para a defesa do candomblé”, a religião sincrética que nasceu da mescla dos cultos dos escravos africanos e do catolicismo desde a época da colônia portuguesa.

80%
“Temos sobretudo que defender nosso candomblé da Igreja Evangélica, que a persegue. A dimensão negra de nossa cultura é importante não só para o Brasil e América Latina, mas para o resto do mundo”, declarou. Gil disse também que, após cumprir alguns compromissos de show acertados antes de ser nomeado ministro, “deixarei 80% de minha atividade para me consagrar ao desenvolvimento de nossa política cultural, isto é, trabalhar para a felicidade das pessoas”.

Cultura americana
Ao se referir à colaboração com a França, assinalou que “vão ser criados grupos de trabalho antes do fim do ano, aqui e no Brasil, para impulsionar nossa cooperação em matéria cultural. E não creio que os projetos da França em relação ao Brasil, a acolhida que nos dispensa Paris, sejam protecionismo. Creio que os franceses precisam aprender coisas dos brasileiros e de sua cultura, talvez para escapar um pouco do domínio, do peso da cultura americana”.

Gilberto Gil espera representar a grande diversidade de seu país, dar impulso à cultura popular. “A gente vai crescendo, construindo. Temos uma cota de calor humano e muito amor para dar”. “Pessoalmente espero envelhecer com coração de criança e tentar seguir um pouco a trajetória de um discípulo de Buda, por que não?”, concluiu.

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