Ministro da Cultura pede que parte do investimento em comunicação das empresas estatais, que será centralizado na Secom, seja direcionado à sua pasta e à dos Esportes19/02/2003
O governo federal estuda a criação de um órgão, ligado à Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), para administrar as verbas das empresas estatais destinadas a patrocínio cultural e esportivo. Ontem, o ministro da Cultura Gilberto Gil pediu que parte dessas verbas seja repassada à sua pasta e à dos Esportes, segundo notícia publicada no jornal Folha de São Paulo. Em 2002, as empresas estatais investiram, juntas, em comunicação – e aí se inclui o patrocínio cultural – cerca de R$ 600 milhões, segundo a Folha.
Repasse garantido
De acordo com Gil, o presidente Lula já havia decidido repassar essa verba ao MinC quando convidou o músico para chefiar o ministério. Para Gil, a questão não é ?se? haverá esse repasse, mas ?como ele será feito?, afirma o compositor ao jornal. Partindo desse pressuposto, a equipe de Gil pede o repasse de R$ 300 milhões a um fundo voltado para financiar projetos dos ministérios da Cultura e dos Esportes.
Marcos Flora, chefe de gabinete da Secom, afirma que está aberto a dialogar com Gil, mas é a favor de que os investimentos das estatais devem estar ligados aos interesses das empresas, já que elas não pertencem apenas ao governo. À Folha de São Paulo, Flora explica: ?Como os acionistas minoritários das estatais vão avaliar investimentos em patrocínios que não têm retorno mercadológico?”. O valor cultural de um projeto pode não corresponder às necessidades da empresa, e para fomentar essa produção, o governo deve buscar fundos em outro lugar.
Para Gil, o repasse da verba se justifica porque o patrocínio cultural é em parte feito com dinheiro público, por meio de renúncia fiscal. ?O que se reivindica é que os projetos de incentivo passem pelo crivo da política cultural do ministério?, explica o tropicalista à Folha. Como parte dos esforços para angariar recursos para a Cultura, Gil pretende criar a Loteria Cultural. A proposta seria apresentada ontem ao Ministro Antônio Palocci (Fazenda).
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