Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, aponta cantor e compositor como provável Ministro. Em entrevista à coluna, Gil diz que atenderia à convocação de LulaPor Sílvio Crespo
O cantor e compositor Gilberto Gil recebeu convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para dirigir o Ministério da Cultura, segundo notícia publicada pelo jornal Folha de São Paulo. A colunista Mônica Bergamo afirmou que Gil foi o primeiro nome sugerido por Lula para a pasta da cultura. A notícia surpreende grande parte da classe artística e da imprensa, que esperava nomes como o ator Sérgio Mamberti ou o Secretário do Estado do Rio de Janeiro Antônio Grassi.
Indeciso
Gil ainda não deu a resposta definitiva ao PT. ?Só conversando com o Lula?, disse o ministeriável à colunista. Indagado se aceitaria o convite, respondeu: ?Não sei, não. Eu não tenho, assim, vontade, porque é muito complicado?. Mas o compositor ainda não descarta a idéia: ?só [aceitaria] se fosse uma convocação mesmo, tipo um ultimato da parte do Lula. Isso vai depender dele?, afirmou.
Se depender das formulações do programa de governo de Lula, intitulado ?A Imaginação a Serviço do Brasil?, o futuro ministro da cultura terá um espaço muito maior de atuação do que o atual. O programa prevê uma maior intervenção estatal na cultura. Hoje, o principal investimento cultural da União acontece por meio das leis federais de incentivo, em que as empresas abatem do Imposto de Renda parte do dinheiro investido em projetos culturais.
Desafios
Entre os principais desafios do futuro ministro está a ampliação dos recursos destinados ao financiamento cultural, já que o ministério deverá ter um papel mais interventor na dinâmica da cultura nacional. Além disso, os artistas e demais profissionais do setor aguardam ansiosamente a definição de questões como a consolidação do papel da Ancine (Agência Nacional do Cinema), a numeração de CDs, livros e DVDs e a relação entre o Estado e os incentivadores privados da cultura.
Descentralização
O programa petista estabeleceu como uma importante missão para a pasta da cultura a descentralização administrativa, por meio da implantação do Sistema Nacional de Política Cultural. De acordo com o secretário municipal da cultura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia, que participou da elaboração do programa, o Sistema ?deverá ser para a cultura mais ou menos que o SUS (Sistema Único de Saúde) é para a saúde?.
Financiamento
Na questão do financiamento à cultura, caberá ao futuro ministro a função de articular com a Caixa Econômica Federal, com o Banco do Brasil e com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) linhas de crédito para entidades culturais. Essa tarefa é determinada pelo programa de governo do presidente eleito. Além disso, o Ministro da Cultura deverá ampliar os recursos do Fundo Nacional de Cultura.
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