Sem leis de incentivo e sem patrocínio, Mauricio de Souza produz curtas do personagem Horácio em computação gráfica, que serão exibidos em todo o Brasil. O desenhista negocia, também, a distribuição dos filmes no exteriorPor Sílvio Crespo
Produzir filmes internacionalmente competitivos, utilizando os mais avançados softwares de computação gráfica, que poderão ser vistos em 185 salas de todo o Brasil ? tudo isso sem o apoio de nenhuma lei de incentivo e nem sequer patrocínio de empresas. Esta façanha foi conseguida pelos estúdios da Mauricio de Souza Produções, cujo personagem Horácio, filhote de dinossauro que faz sucesso há 38 anos, será protagonista de curtas de 1 minuto.
A produtora marcou para o próximo dia 6 de julho a estréia do personagem nos cinemas. Na mesma data, o longa-metragem ?As Novas Aventuras da Turma da Mônica?, de 1982, reestréia em Campinas, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiânia.
Os Estúdios Mauricio de Souza pretendem produzir um total de 26 curtas até o final do ano, e planejam, também, a produção de um longa para 2003. Os curtas animarão as platéias brasileiras antes da exibição dos longas, nos Cinemas Severiano Ribeiro.
Sem patrocínio
O que o público brasileiro vai conferir a partir de julho nos cinemas é resultado do trabalho de um estúdio nacional que está se posicionando como produtor de filmes para os mercados interno e externo. Sem patrocínio, Mauricio de Souza aposta no retorno por meio de licenciamento dos produtos que levam o nome dos personagens. Atualmente, a Turma da Mônica mantém cerca de 3 mil itens no mercado, com um total de 160 empresas apostando no carisma dos personagens para alavancar suas vendas.
Mídia mundial
Por enquanto, a Mauricio de Souza Produções negocia contrato com a distribuidora multinacional Warner. Além disso, os canais pagos Discovery e Cartoon já manifestaram interesse pelas produções. ?Eles têm interesse na produção nacional, não só nos nossos desenhos; o preço em reais é muito interessante para eles?, afirma Mônica de Souza, diretora comercial e fonte de inspiração para os quadrinhos. ?Estamos começando a preencher espaços na mídia mundial?, diz Mauricio. A produtora negocia, ainda, parceria com o BNDES e com o Ministério da Indústria e Tecnologia.
Esforços isolados
O desenhista acredita que o aumento do número de produções audiovisuais nacionais que conseguem espaço no exterior pode ser atribuído muito mais a esforços isolados de produtores do que a ações governamentais. ?Infelizmente, não podemos falar ainda em política cultural para o audiovisual aqui no Brasil; mas a era Collor já terminou e estou bastante otimista?, diz.
Longa
O longa-metragem a ser produzido, ao contrário dos curtas, não contará apenas com recursos próprios. Mônica de Souza procura patrocinadores para o projeto já aprovado pelas leis Rouanet e do Audiovisual.
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