Cláudio Prado, coordenador de políticas digitais do Ministério da Cultura, fala sobre conceito inovador que propõe ponte entre mundo digital e ecologia.

Cansado das previsões ambientais apocalípticas, um grupo de pessoas decidiu avançar, colocando a criatividade a serviço de soluções ecológicas sustentáveis e modernas. O resultado é uma proposta visionária: a metareciclagem. Como o nome pode sugerir, trata-se mesmo de um conceito complexo.

Cláudio Prado, coordenador de políticas digitais do Ministério da Cultura, é um dos integrantes do coletivo inovador que topou bancar o projeto. Na tentativa de explicar a idéia, ainda em fase embrionária, ele pega carona na onda recente da web 2.0, nome dado à segunda geração da internet, que avança nas possibilidades de troca de informações e de interatividade entre usuários e a rede (leia mais). “Metareciclagem é algo do tipo, reciclagem 2.0 ou ecologia 2.0, ou seja, uma visão mais ampla sobre as questões ecológicas, que pressupõe uma compreensão holística sobre o assunto”.

Em resumo, o plano é o de criar uma ponte entre o mundo digital e a ecologia que começa pela transformação da sucata digital em tecnologia de ponta, indo além da superfície rasa do assistencialismo. “Não é simplesmente pegar computador velho e botar ele funcionando para doar aos pobres” ressalta Prado. É um processo que, segundo ele, implica em transformações.

“Em primeiro lugar, é preciso entender que não existe lixo digital, essa idéia foi estruturada pelo sistema para criar o mito de que, a cada dois anos, é preciso trocar o equipamento porque ele envelhece muito rápido e deixará de comportar softwares mais modernos que servem para fazer um monte de coisas que as pessoas não usam. Por outro lado, joga-se fora o que poderia funcionar”, observa Prado.

O pontapé inicial já foi dado. O conceito já está sendo colocada em prática na cidade de São Paulo em oficinas experimentais nos vários pontos de cultura – ação do Programa Cultura Viva do MinC que agrega agentes culturais para articulação de ações em suas comunidades. Nestes locais, máquinas antigas, por exemplo, do modelo Pentium 100 podem transformar-se em servidores para uso dos telecentros.

“Estamos construindo a possibilidade de remanejar essa tecnologia velha junto com uma molecada que começa a perceber que aquilo não é um bicho de sete cabeças, e que também não precisa de diploma universitário para manejar”, salienta Prado.

Contra o fim da diversidade, sustentabilidade digital
Para Cláudio Prado, tanto a cultura digital quanto o meio ambiente são questões transnacionais, que estão ameaçadas pelo extermínio da diversidade. O modelo de repetição, utilizado à exaustão pelas TVs é um exemplo desse problema. “Que diferença há entre Faustão e Gugu?”, questiona. A base tosca deste tipo de entretenimento estimula uma relação perniciosa, na opinião de Prado. “O artista que está no programa de um, logo depois já está no do outro, e repetem essa fórmula infinitamente, criando expectadores burros, na medida em que tira deles a oportunidade de acesso a uma programação mais diversa”. Para ele, o atual cenário impõe um desafio: a urgência de mudanças éticas.

O acesso da periferia ao mundo digital tem mostrado que essas transformações são possíveis e, melhor, já estão ocorrendo. “Os portais mais acessados são aqueles construídos por eles mesmos, não vão para uol ou globo.com”. O motivo? É simples. Eles estão interessados nas questões locais, no hip-hop, e em outros elementos negligenciados pela grande indústria de entretenimento.

Prado lembra que, na outra ponta, a ecologia aguarda que algo semelhante ocorra. “Os ambientalistas são contra o desmatamento, queimadas, soja, e são a favor de quê? É preciso haver troca de informação, troca de conhecimentos, em busca de novas formas de gestão e crescimento, existem inúmeras possibilidades sustentáveis a partir do digital”, conclui.

Carlos Minuano


editor

5Comentários

  • hernani dimantas, 20 de junho de 2007 @ 20:28 Reply

    observacao: Claudio Prado nao eh do metareciclagem. creio q vcs devem checar fontes antes de publicar informacoes falsas. Claudio Prado eh apenas um usuario das ideias desenvolvidas pelo metareciclagem. A Metareciclagem eh um modelo aberto e independente que deu consistencia ao programa cultura digital. assim como, dialoga com outros projetos de tecnologia social.

  • Elenara Iabel, 20 de junho de 2007 @ 23:59 Reply

    Bem, não deixa de ser louvável o reconhecimento governamental. mas, é preciso destacar que metareciclagem é coisa pública, do público, não do Estado, governo ou da Propriedade Privada.

    Como disse o querídolo metarecicleiro Glerm Soares:

    metareciclagem é sobre “ferramentas” (porque isso tem no site “oficial” metareciclagem.org ) então eu desafio: Metareciclemos essa palavra, porque ela é uma ferramenta. Ta aí pra ser usada.

    Invoco aqui o Flusser, que fala da arte como um campo independente dos outros 3 grandes campos lúdicos humanos: a religião, a ciência e a filosofia. A arte como campo semântico é o espaço onde qualquer “adulto”, pessoa considerada sã e com voz ativa na sociedade, pode “delirar”, criando mundos, novos conceitos, comunicando-se de uma maneira totalmente não-especializada.

    Se o termo esta distorcido, sinto muito. Acho que precisa ser discutido então. Achei esse recalque desse thread não condizente com o tipo de busca
    que encontro por aqui. Eu diria até uma visão ingênua da palavra.

    Aliás, o uso que algumas pessoas por aqui fazem da palavra metareciclagem de uma maneira muito inteligente ( Como a clássica definição do Dpadua de que metareciclagem é “ensinar os sobrinhos fazer bolinho de chuva”) é totalmente sincronico com definições inteligentes da palavra Arte.-> é uma instituição sim, mas que taí pra ser redesenhada e desconstruída sempre.

    Quem falar que isso não tem a ver com metareciclagem ta mentindo, se iludindo, recalcando.

    E espero muito mais dessa provocação, porque a galera aqui é massa. Então que venha continuar o thread um Focault “metareciclado” falar de “Palavras e coisas” por que o ltsp a gente já sabe configurar e o mangue beat a gente já conhece, né?

    abraços metarecicleiros

    glerm
    abaixo-assinado: Lelex metareciclerx

  • vm_rb_mb, 21 de junho de 2007 @ 0:32 Reply

    Metareciclagem nao eh, metareciclagem acontece. Quem pensa conhecer metareciclagem, desconhece o seu sentido e sua razao de re_existir.

    Pois, Fluida e Pulsante —> Rede Metarecicleira 10.1 …..uma rede de dimensao_geometria variavel_temporal que continuamente re(auto)configura_se em função_acao das circunstancias e dos objetivos tecno_tacticos_apaixonantes_sedutores…

    amanha??
    talvez!

  • Comentador, 21 de junho de 2007 @ 15:18 Reply

    Noticia pressupoe credibilidade, acho que vcs deveriam conferir as fontes antes de afirmar fatos equivocados… a matéria mostra absoluto desconhecimento tanto do que se trata, quanto dos membros do coletivo, quanto do conceito que ela se proproe a abordar.
    A definiçaõ de matareciclagem apresentada no artigo esta longe de se aproximar da realidade do movimento e reforça o desconhecimento que a vossa fonte tem do tema abordado.

  • Jorgivaldo Santana Lopes, 8 de março de 2009 @ 21:57 Reply

    Olá acho uma otima proposta precisamos avançar pois o mundoestá ficando cheio de lixo tecnologico precisamos desenvolver projetos de metareciclagem estou procurando empresa que compre materiais tecnologicos selecionados e embalados
    atenciosamente Jorgivaldo fone 71 3218-3503 8784-1700

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