A partir de pontos coletados na fase virtual do Visões da Cultura, seminário inicia formulação de Carta Propositiva ao Minc e cria comissão; Sérgio Sá Leitão: “contribuições significativas”Por Deborah Rocha
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11/09/2003
No dia 9 de setembro, o Instituto Pensarte deu mais um passo em direção à criação de um Fórum Permanente de Cultura com a realização do Seminário Visões da Cultura no Sesc Vila Mariana de São Paulo. Os pontos coletados durante os dois meses da fase virtual foram discutidos ao longo do dia, dando origem a possíveis caminhos para uma política cultural brasileira. Destinada às áreas específicas, a parte da tarde organizou Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual, Livro e Literatura, Patimônio, Museus e Cultura Popular em salas separadas para que inscritos e chefes de mesa pensassem em suas especificidades. O resultado foi lido em seguida e dará origem a uma Carta Propositiva que será entregue ao Ministério da Cultura no próximo dia 23. Este passo, porém, não encerra o processo; ao contrário, inicia uma articulação contínua em torno do tema.
Permanência
No seminário, ficou estabelecida também a criação de uma comissão, que deverá se responsabilizar por manter a permanência do Fórum, bem como fazer a articulação com os demais fóruns existentes na área. Como o setor de artes cênicas foi fracionado em dois, a partir de uma reivindicação de uma representante da dança, a comissão do Fórum Permanente será composta de 12 pessoas, uma de cada núcleo setorial, a serem escolhidas entre os grupos, e mais três indicados pela diretoria do IP.
Núcleos de Cultura
Os núcleos que mais se estenderam em idéias, Artes Cênicas e Cultura Popular, foram também os que receberam um maior número de inscrições – além do Audiovisual, que apesar de um menor grupo, já tem proposições bastante organizadas. O que não quer dizer que estejam mais avançados, pois, como disse Marcelo Manzatti, presidente de mesa de Cultura Popular, a área não é reconhecida como um setor, tendo que inclusive ter pleiteado uma ?vaga? dentre os contemplados pelo Visões. Entre as principais reivindicações expostas por ele estavam a criação de instâncias que dêem conta da realidade ?multifacetada e complexa? do setor, a regulamentação da lei que o insere na pauta orçamentária do patrimônio imaterial, além da inclusão de seu ensino em programas de educação.
Patrimônio e Artes Visuais pleitearam, respectivamente, a transformação do turismo em função cultural e uma política de manutenção dos acervos, além do reconhecimento do profissional da artes plásticas, entre outras. Ronaldo Bianchi, diretor do Mam, ressaltou ainda a necessidade de intercâmbio entre os acervos estaduais e com os internacionais. O núcleo de Artes Cênicas partiu das premissas de formação de mão de obra, de gestores e produtores técnicos e da reestruturação da Funarte. Já Marcos Kirst, responsável pela área de Livro, pontuou a necessidade de uma campanha permanente de incentivo à leitura e de políticas de financiamento para implantação de novas livrarias.
Alguns pontos que não puderam ser discutidos durante o Seminário, como financiamento à cultura e direitos autorais, poderão ser encaminhados para o site www.visoesdacultura.org.br até o dia 23.
Comunicação organizada
Ao final, Sérgio Sá Leitão, chefe de gabinete do ministro Gilberto Gil, fez suas considerações e sugestões a respeito da ação promovida pelo Instituto Pensarte. Sugeriu que as propostas, ?extremamente significativas para o MinC?, sejam discutidas com fóruns que articulam-se em outros estados na mesma linha e que, além disso, algumas delas sejam mais aprofundadas e concretas. Lançou também um desafio para que o debate seja levado para a agenda da sociedade e não apenas dos mesmo de sempre, tornando-o um assunto da agenda eleitoral, tendo em vista, inclusive, as eleições municipais no ano que vem. E ressaltou: ?Nem tudo vamos conseguir implementar em curto prazo por falta de recursos e equipes?.
Em relação ao nome do fórum, decisão que gerou certa polêmica por uma pretensão que pode transmitir inicialmente, ficam as considerações de André Martinez, diretor do IP. ?Alguém nesse país tem que propor esse forum. Se nós não fizermos a proposta quem vai fazer??.
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