O Itaú Cultural, em São Paulo, realiza de 28 a 30 de novembro a primeira edição de Pensamentos e Ações – Seminário Internacional de Cultura e Formação.
Cerca de 25 representantes das áreas de educação, artes e cultura do Brasil e de outros países da América Latina e da Europa participarão de debates e painéis de relatos de experiências com educação e arte.
No dia 28, às 16h30, a mesa de abertura levanta o tema central do encontro: Arte e Cultura na Vida das Pessoas. No debate, Celio Turino, autor do Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura, faz um balanço da iniciativa, que já viabilizou a criação de mais de 3 mil Pontos de Cultura em cerca de mil municípios brasileiros, atingindo aproximadamente 8 milhões de pessoas. Jesús Carillo, dirigente do Departamento de Programas Culturais do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, na Espanha, reflete sobre os desafios dos museus de arte, que estão em um profundo processo de crise institucional. E o coreógrafo piauiense Marcelo Evelin fala sobre o processo de criação artística autônomo, horizontal e colaborativo desenvolvido com o Núcleo do Dirceu, na periferia de Teresina, capital do estado do Piauí.
Às 20h, quatro painéis trazem experiências de cultura desenvolvidas em diferentes pontos do Brasil: o produtor e consultor de políticas culturais Afonso Oliveira explica o Método Canavial, da Zona da Mata de Pernambuco, que prepara pessoas para atuar na cadeia produtiva da arte popular, das artes cênicas e do cinema; o artista plástico e fotógrafo paraense Alexandre Sequeira conta sobre o projeto Nazaré do Mocajuba, no qual fotografou moradores de uma vila de pescadores da região amazônica e reproduziu as imagens em tamanho real sobre cortinas, lençóis, toalhas de mesa e redes; o cineasta de animação Lula Gonzaga expõe as ações do Ponto de Cultura Cinema de Animação, de Gravatá (PE), criado a partir de oficinas itinerantes de animação para cinema em comunidades indígenas, quilombolas, casas paroquiais e assentamentos; e o produtor musical Celso Athayde, um dos fundadores da Central Única das Favelas (Cufa), no Rio de Janeiro, fala dessa rede que mobiliza e forma milhares de jovens moradores de favelas e é um polo de produção cultural, com cursos e oficinas de DJ, grafite, basquete de rua, informática e gastronomia.
O papel de formação em arte de um instituto de cultura é a questão que conduz a mesa Mediação, Formação, Educação, no dia 29, às 16h30. Francisca Caporali, do Ja.Ca – Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia, projeto de residência artística de Belo Horizonte; Janaína Melo, da Escola do Olhar, que integra o Museu de Arte do Rio (MAR), a ser inaugurado em 2013, com o conceito inovador de combinar museu e escola; e José Mac Gregor, do Instituto de Cultura do Município de Querétaro, no México, que tem por objetivo fomentar e difundir a cultura e produção artística local, avaliam a agilidade e o alcance dos trabalhos realizados por coletivos e organizações não governamentais nesse campo, a partir das experiências em cada uma das instituições.
A temática também guia os painéis apresentados à noite. Gustavo Wanderley, da Casa da Ribeira, em Natal (RN), explica como o projeto ArteAção atua, com jovens de 14 a 18 anos, em dinâmicas educativas com o objetivo de criar responsabilidade sobre a qualidade de sua educação e da melhoria da sua escola. A atriz, diretora de teatro e produtora cultural Andrea Freire apresenta a associação cultural Pontão de Cultura Guaicuru, de Campo Grande (MS), que articula ações de relacionamento e convivência entre grupos culturais e artísticos distintos, com atividades cooperativas, solidárias e inclusivas.
A educadora, psicóloga e dramaturga Regina Bertola conta a história do grupo de teatro Ponto de Partida, que já montou 32 espetáculos sobre a cultura brasileira, e que comanda ainda a Bituca: Universidade de Música Popular, em Barbacena (MG). Já a pedagoga e arte-educadora Jacqueline Baumgratz apresenta as ações da ONG Cia. Cultural Bola de Meia, de São José dos Campos (SP), voltada à pesquisa, transmissão e circulação da cultura popular brasileira, tradição oral e cultura da infância.
O último dia de programação começa com um debate sobre o poder da arte em transformar a realidade, com a mesa Estratégias e Possibilidades. Dentro do tema, o assessor cultural Carlos Rendon, do Museu de Antioquia, de Medellín (Colômbia), explica como o projeto Museo y Territorios estabelece um diálogo entre o museu e a comunidade, criando ainda uma rede de trabalho colaborativo entre gestores de cultura e líderes locais.
Seguindo esta linha, o gestor cultural e arquiteto Fernando Garcia Barros fala sobre o projeto mARTadero, de Cochabamba (Bolívia), concebido como viveiro de artes e que realiza ações que visam a transformação social e que contribuam para o desenvolvimento humano e socioeconômico da população. A professora universitária Ivana Bentes fala sobre estratégias de formação que incluem a cultura digital, em especial o Laboratório Cultura Viva, de apoio e fomento à produção audiovisual dos Pontos de Cultura, em parceria com o MinC, e o Pontão de Cultura Digital da ECO/UFRJ, ambos coordenados por ela.
Às 20h, na sessão de painéis, a gestora cultural Carol Tokuyo trata da atuação da Universidade Livre Fora do Eixo (UniFdE), que articula mais de 450 campi de formação livre em todas as regiões do país e envolve cerca de 2 mil pessoas. A arte-educadora Monica Hoff conta como o projeto educativo da Bienal do Mercosul trabalha em prol da aproximação do público com a criação artística contemporânea e seu discurso crítico.
O laboratório de fomento ao conhecimento da arte contemporânea Lugar a Dudas, situado em Cali (Colômbia), é o tema do painel apresentado por Sally Mizrachi, coordenadora geral do programa internacional de residências do local. E o projeto Tecendo Saberes, que valoriza a identidade de comunidades tradicionais e indígenas brasileiras, ganha a plenária por meio da artista multimídia Marie Ange Bordas, que fala sobre a ação é a criação de livros infantis que representem e divulguem um repertório contemporâneo dos saberes e fazeres dessas comunidades.
Toda a programação será transmitida ao vivo pelo site www.itaucultural.org.br, com tradução simultânea em português e espanhol.
A entrada é gratuita. Os ingressos são distribuídos 30 minutos antes de cada mesa.