Criado para disseminar a produção cênica gaúcha para o interior do estado, projeto patrocinado pela AES Sul e coordenado pela Cida Assessoria de Eventos conclui nove meses de turnêsPor Deborah Rocha
Nova lógica cultural
Encerrada a temporada no último dia 18, com a peça teatral “Como Vivem os Mortos?”, o projeto Lâmpada Mágica chega ao seu terceiro ano consecutivo de atuação e não apenas atinge como supera sua principal meta: instaurar uma nova lógica de operação cultural que não privilegie a capital do estado e que não deixe relegado a este centro difusor econômico e populacional o papel único de criação e disseminação do fato artístico.
Energia cênica
Com patrocínio exclusivo da empresa de energia AES Sul, financiamento da Lei de Incentivo à Cultura do RS e coordenação da Cida Assessoria de Eventos, além do apoio do Instituto Estadual de Artes Cênicas e Hotel Everest, o Lâmpada Mágica viajou por 48 cidades do estado sulista com oito turnês e dez espetáculos teatrais distintos durante o período de nove meses. Entre eles, “Ano Novo, Vida Nova”, “Flicts”, “Bailei na Curva”, “Bonecomédia” e “La Nonna”. Os números alcançados no ano de 2002 confirmam o sucesso – no mínimo, “marketeiro” – da empreitada. O que significa, em linhas gerias, um maior envolvimento da comunidade com as ações do projeto, fato que realça sua característica de investimento cultural privado.
Números
De 2000 a 2002, a arrecadação, que é revertida para projetos de arte elaboradas por entidades beneficentes escolhidas nas próprias cidades, passou de R$ 84 mil para mais de R$ 111 mil. O número de espectadores – destacando a doação de 10% das bilheterias para escolas carentes e públicos especiais – era de 47 mil e aumentou para 52 mil no mesmo período. Segundo a assessoria de imprensa da Cida Assessoria de Eventos, o aumento do montante arrecadado deve-se ao maior número de cidades abrangidas e ao aumento do valor unitário do ingresso vendido (em 2001, ficava entre R$ 1,00 e R$ 5,00, e neste ano passou para R$ 2,00 a R$ 6,00).
Responsabilidade Social
Roberto Zanardo, diretor de Marketing da AES Sul, diz que para a AES Sul, o projeto Lâmpada Mágica é excelente por propiciar que a empresa exercite um de seus mais significativos valores: a responsabilidade social. Segundo ele, a iniciativa tem o valor de levar cultura para o interior do Rio Grande do Sul, gerar empregos e contribuir para o desenvolvimento de ações de solidariedade. “Além disso, o projeto é forte consolidador de marca, de forma simpática e atuante. Todo esse cenário faz com que o projeto Lâmpada Mágica seja visto pela AES Sul como uma compensadora ação de marketing cultural, ligando nome/marca da empresa a um projeto de reconhecida qualidade”, acrescenta Zanardo.
Foco cultural
Segundo a assessoria da Cida de Eventos, o projeto é prioritariamente cultural, pois seu ponto de partida é o incremento das artes no estado do Rio Grande do Sul. Apesar disso, está em consonância com as tendências mundiais de patrocínio, qual seja, a de uma atuação cada vez mais interdisciplinar aliando a promoção artística e sua democratização junto a extensões comunitárias e sociais. Neste sentido, dentro da filosofia mundial da AES Corporation, o Lâmpada Mágica busca ao mesmo tempo a potencialização dos esforços e investimentos.
Benefício social
O maior benefício da sociedade é ter acesso a uma produção cênica de qualidade vinda do estado do Rio Grande do Sul a preços populares, num espírito de compartilhamento e numa gradativa conscientização da importância das artes para uma atuação mais crítica, capacitada e promissora de todos os cidadãos direta ou indiretamente envolvidos com o projeto – as encenações, as doações, as atividades de aperfeiçoamento.
Influências
Para Rodrigo Cogo, assessor de imprensa da Cida de Eventos, “a própria imprensa vê-se motivada a novas abordagens, descobre novos espaços culturais e outros projetos que, até então, passavam despercebidos ao grande público, e desta maneira também por ele desprestigiados”. Segundo ele, muitas empresas e governos têm seguido este caminho: projetos itinerantes pelo interior acontecem agora em Belo Horizonte e São Paulo, por exemplo, da mesma maneira que grandes patrocinadores voltam suas atenções para atrações regionais e não somente nacionais.
2003
Os planos do Lâmpada Mágica AES Sul para o ano que vem ainda não estão definidos. Se o projeto for aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura, que determina isenção fiscal da Lei de Incentivo à Cultura do RS, irá conter novamente dez espetáculos teatrais entre março e novembro de 2003. É esperar para ver!
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