Depois de uma série decrescente, iniciada em 2008, os números do Mecenato (mecanismo de incentivo fiscal presente na Lei Rouanet) apontam crescimento e superam o maior resultado já obtido pelo maior instrumento de financiamento à cultura, alvo de críticas e embates no setor cultural.
O aumento foi de 22,8%, chegando a R$ 1.270.800.432,14, contra R$ 1.034.707.577,12 em 2009. Em 2008 o montante chegou a R$ 1.200.748.286,34. O volume de projetos apresentados ao MinC também sofreu elevação, chegando ao recorde histórico de 12.825 projetos, dos quais 56% foram aprovados e apenas 25% receberam captação de recursos.
Acompanhe a série histórica no quadro abaixo:
Ano | Qtde Apres. | Qtde Aprov. | Qtde Apoio. | Vl.Apresentado | Vl. Aprovado | Vl. Apoiado |
1993 | 19 | 10 | 2 | 18.710.859,87 | 13.969.236,77 | 21.212,78 |
1994 | 74 | 91 | 7 | 98.228.196,17 | 114.775.297,55 | 533.751,57 |
1995 | 1.378 | 69 | 153 | 767.885.258,48 | 96.043.243,26 | 41.668.264,65 |
1996 | 3.773 | 2.552 | 624 | 2.130.370.530,80 | 1.612.596.208,73 | 195.030.104,41 |
1997 | 7.535 | 3.011 | 1.300 | 3.694.960.473,06 | 1.528.013.048,41 | 330.888.156,33 |
1998 | 6.559 | 3.669 | 1.258 | 3.005.725.978,41 | 1.590.098.542,21 | 310.451.086,40 |
1999 | 8.281 | 3.346 | 1.221 | 3.403.419.394,93 | 1.495.505.214,92 | 310.877.975,35 |
2000 | 6.406 | 3.174 | 1.292 | 2.710.416.568,51 | 1.382.569.111,80 | 462.121.538,32 |
2001 | 8.392 | 2.840 | 1.538 | 3.350.637.734,78 | 1.359.242.185,05 | 514.188.379,32 |
2002 | 8.969 | 4.476 | 1.527 | 4.125.303.358,95 | 2.271.888.163,89 | 483.185.432,36 |
2003 | 7.163 | 4.222 | 1.543 | 3.901.944.691,33 | 1.937.670.619,59 | 463.145.787,91 |
2004 | 7.637 | 5.303 | 2.040 | 5.034.700.325,62 | 2.536.474.736,78 | 593.600.364,38 |
2005 | 12.552 | 6.736 | 2.474 | 8.171.596.264,46 | 3.250.847.846,13 | 888.908.026,98 |
2006 | 9.716 | 6.992 | 2.926 | 6.122.398.670,75 | 3.485.754.280,19 | 928.373.255,70 |
2007 | 11.971 | 6.869 | 3.223 | 7.698.686.153,81 | 3.428.530.229,96 | 1.200.748.286,34 |
2008 | 10.672 | 7.148 | 3.156 | 9.184.481.368,20 | 3.996.073.124,30 | 1.038.879.957,63 |
2009 | 8.906 | 5.505 | 3.022 | 9.871.536.849,00 | 3.366.668.006,86 | 1.034.707.577,12 |
2010 | 12.825 | 7.296 | 3.279 | 7.548.617.388,10 | 5.035.984.838,12 | 1.270.800.432,14 |
Cultura e Mercado fará uma série de pequenas matérias analíticas sobre os número de 2010, a partir desta semana, apontando os maiores investidores, proponentes, quadros comparativos e tendências do mercado.
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O povo é quem paga esta conta, entre tantas outras da cultura. O povo não tem acesso ao que financia e ainda e taxado pelos medalhões, pelo Ecad e pela Sinhá Ana, de povo pirata se fizer donwload. Ou seja, a bi ou tri tributação é a maneira que a falida indústria fonográfica e a novíssima cultura corporativa que ganha uma secretaria no MinC/Ecad, acharam para manter essa terra de ninguém comandada pelos xerifes das milícias da cultura.
Viva a ministra do AI-5 digital! Parceira politica do tucano Azeredo. Isso é a maior sacanagem com o povo brasileiro. E o PT será cobrado por isso, pois "O Príncipe" Antonio Grassi, meio ministro e padrinho de Ana de Hollanda, é do PT.
Oi Leonardo,
Achei esse quadro no site do MinC, onde o "valor apoiado" difere um pouco do seu.
Dê uma olhada na página 305 do link abaixo:
sss://sistemas.cultura.gov.br/tmp/sc_pdf_20110311143221_775_conIncentivadorMecenatoPorRegiaoUF.pdf
E agora? Qual deles seguimos?
Abraços
Marcelo
É isso mesmo Carlos. Vamos derrubar esse sistema! A Ana de Hollanda é culpada por todas as mazelas da cultura brasileira. Em 60 dias de poder, ela conseguiu destruir tudo o que tínhamos... (vc só pode estar de brincadeira, né?)...
Marcelo, foi muito bem observado e anotado. Os valores que eu expus acima são valores consolidados da Lei Rouanet (mecenato + fundo nacional de cultura) e não apenas mecenato.
Em 2009 o mecenato, sozinho, alcançou R$ 977.961.641,55.
Em 2010, os valores são os seguintes, por área:
Artes Cênicas 240.088.745,39
Artes Integradas 199.801.497,93
Artes Visuais 79.389.495,08
Audiovisual 107.654.362,31
Humanidades 91.224.576,06
Música 243.753.575,95
Patrimônio 174.518.947,87
Total Geral 1.136.431.200,59
Todas as informações foram retiradas do SalicNet:
sss://sistemas.cultura.gov.br/salicnet/Salicnet/Salicnet.php
Aliás, recomendo a todos uma visitinha.
Abs, LB
Ótima recomendação, Leonardo. Essa visitinha é extremamente útil a quem trabalha com cultura. Já passou o tempo de quem trabalha com cultura se dizer alérgico a números. Esta leitura é fundamental seja para quem quer conquistar uma fatia deste mercado ou para quem quer criticá-lo (e que o seja para melhorá-lo, espero!).
E para quem olha com olhar crítico, pode render muitas informações interessantes, questionamentos úteis, análises consistentes.
Abs!
Claro que não Leonardo, nem pensar! Os escritores celebérrimos da gestão corporativa, do alto do olimpo já não haviam cantado e multiplicado suas catarses brutalizando a imagem de Juca, o stalinista que come criancinhas? Então, explique essa lesão conceitual que vocês, os tigres da abolição contra o velho Estado do manipulador Juca chegaram a esses números récordes.
O que fazer agora das nossas preleções futuristas quando a realidade usa a nossa língua para chicotear os nossos sofismas? Quatro anos da arte da catarse em ação contra um ministro que mal feriu a cultura brasileira e agora, aqui em passeio público, após a guerra editorializada vemos o tropeço do engenheiro, do urbanista que criou esta via-crucis, tropeçar na própria. Esses números récordes da gestão Juca tem que ser pensados agora como pó de mico pra ver se a rapaziada se coça e se toca em dizer, Juca foi um ministro de grande quilate.
Ana de Hollanda que para quem você parece torcer desde criancinha, desculpe-me, mas ela não é nada disso que eu disse, ela é uma iluminada que, ao lado do Ecad, fará dos músicos brasileiros os próximos ricaços que poderão andar com o seu conversível rabo de peixe nas praias do Leblon, na Paulista e, ainda por cima, dar uma carona ao Grassi até a Savassi.
Mas está tudo certo. Como espuma, tiramos com o vento de uma simples soprada, nós a usamos na hora em que a nossa sensibilidade quiser. Se ela entrar em fadiga, pegamos o canudinho e fazemos bolinha para saudar quem está chegando e tudo vira uma festa.
Dizem que Ana de Hollanda ajudou tanto os blocos do Rio que ela, no próximo ano, vai ser a madrinha do bloco "Concentra, mas não sai".
Abraços.
Que paciência, hein Leonardo. Se vcs publicarem notícia sobre o terremoto no Japão o Carlos vai debitar na conta da Ana de Hollanda, a mando do ECAD. Sugiro a indicação do templo budista a ele, pra ver se acalma um pouco. Devemos creditar isso na conta de Henilton Menezes, que vem organizando a gestão da Lei Rouanet. Agora só falta um banho de moralidade e mais força à CNIC, enfraquecida ainda mais na gestão de Juca Ferreira e seus favorecimentos a baianos, amigos e comparsas de campanha por permanência no poder.
E pensar que Juca rodou o Brasil durante 8 anos (como Secretário, Ministro Interino e Ministro efetivo) maldizendo e condenando a Lei Rouanet por todos os males causados à cultura brasileira, buscando no discurso desmantelar o esquema que se formou em torno dela... mas, ao que parece, aprovando com celeridade, nos bastidores, a manutenção desse esquema tão tortuoso e deformante de fomento. As sinecuras da Lei não são "café pequeno".
PS: Carlinhos, meu querido, menos né... Só falta você atribuir a Ana de Holanda a responsabilidade pelo terremoto do Japão!
"Robson"
O maniqueísmo que está sendo estimulado pelos conservadores que se agarram a Ana de Hollanda como a uma boia de um afogado, faz esse jogo pra tentar construir uma corrente que interligue o Ministério da Cultura e o setor corporativo, assim como Ana está interligando o MinC ao Ecad. Esta é a toada paulistana do setor corporativo. Esse jogo retórico de luzes na gestão atual tem regência declarada de tentar associar a todo custo os riscos de criticar Ana e atingir Dilma, e até Lula, imagine!
O ministério de Ana de Hollanda, nos primeiros 100 dias, já foi premiado com o troféu abacaxi nos corredores do planalto. O que significa que está muito longe de Ana tocar piano a quatro mãos com a presidenta Dilma.
Quanto ao Henilton, indiscutivelmente é uma pessoa lúcida e objetiva, ou seja, Juca acertou na mosca quanto o convidou para a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (SEFIC).
Leonardo e Sergio
No artigo "Choque de Gestão", de Leonardo, vocês abrem uma discussão sobre a otimização das políticas públicas de cultur, e falam de questões verdadeiras, sobretudo o que Sergio diz. Acho mesmo que esta é a questão mais imbricada da cultura brasileira, principalmente nos municípios e estados aonde essa política é a mais miúda, rasteira e absolutamente partidarizada. Até porque as essas secretarias acabam se transformando em comitês permanentes com direitos a showmícios disfarçados. No entanto, a partir do excessivo debate sobre a questão da Lei Rouanet pouco falamos sobre o fracasso conceitual do setor corporativo que trata a cultura como se fosse um parafuso, de maneira mecanicista mais que mercantilista, vemos que estamos, sob o ponto de vista conceitual, fazendo cada vez mais buracos n'água.
Quando exaltei aqui a fala de Manevy sobre a proximidade do Estado com o cidadão e, para tanto a desburocratização deveria ser prioridade para alcançar esse ideal, entendi perfeitamente que Manevy compreendia o limite do Estado como gestor e a força motora da sociedade como a grande geradora de energia que estimula a pluralidade e riqueza das nossas manifestações.
A gestão atual do MinC já tentou, sem sucesso, usar a bandeira do Projeto Pixinguinha como logomarca de uma gestão eficiente que pautasse a política profissionalizante que tanto Ana quanto Grassi sonham, para se sentirem respaldados dentro do ambiente corporativista do teatro e da música. Além de ser um pensamento miúdo e até chinfrineiro para ser cantado como política de Estado. Ana e Grassi se esquecem de que foram protagonistas, na Funarte, desse projeto na última e fracassada tentativa de sobreviver da aura de Albino Pinheiro, quando tiveram uma chuva de críticas e o abandono de muitos artistas a esse tipo de receita. Ou seja, foi um absoluto fracasso.
Já o Projeto Pixinguinha na década de 80, foi um sucesso por ter sido gestado pela sensibilidade de ALbino Pinheiro e sua compreensão de restabelecer um canal da sociedade com o universo crítico da arte durante a ditadura com o projeto "Seis e Meia". Este projeto deu tão certo que foi imitado por vários estados e centenas de cidades. Ou seja, isso sedimentou um caminho para que, então, fosse fundado o Projeto Pixinguinha porque era cercado de atmosfera humana.
Na verdade, Leonardo e Sobreira, o projeto se dava na rua, num ambiente festivo de comunhão, de sonho, adaptado para dentro dos teatros aonde chegava-se ao apogeu do que vinha sendo fermentado no ambiente cultural em espaço público e que Albino Pinheiro, de forma bastante despojada, soube captar. É dessa questão toda, dessa sensibilidade que, por motivos que Sergio aponta com bastante verdade, mas não é só no setor público, mas também no privado, que nunca se investiu tanto em cultura e nunca os resultados foram tão minguados, principalmente os projetos que estão ancorados pelas leis de incentivo.
O que realmente temos que comemorar hoje, e muito, é a sensibilidade de Célio Turino, com os pontos de cultura; e Gil com a cultura digital que nos trouxeram essa atmosfera brasileira de maneira a voltar a sonhar com uma profusão de novas amálgamas. Quanto menos intervencionismo burocrático, quanto mais sublinharmos o que já foi desenhado pela sociedade, e bulirmos menos nisso, mais chance teremos de nos aproximar de uma política cultural acertiva. Mas com os departamentos de marketing, comandados por, o podemos chamar de "os cabeças de muringa ou burrocratas", e as secretarias de cultura que, na verdade, são resíduos de feudos políticos, acho pouco provável que por essa via consigamos uma liga com a sociedade que está cada vez mais crítica porque está cada vez mais se comunicando em rede.
Sergio, Ana não provocou o terremoto no Japão, ela só deu cadeira a uma milícia chamada Ecad que, além de tentar com isso dar vida aos zumbís da indústria fonográfica falia e, consequentemente tenta usar esses barões empalhados como espantalhos, já já isso pega fogo, pois espantalhos são feitos de palha.
Sergio, é muito fácil condenar a Ana de Hollanda pelo terremoto. Envio o roteiro e você me ajuda a soltar o vírus na rede: 1) inventamos um factóide (ex: na noite anterior ao terremoto, Ana teve audiência com o ECAD); 2) Espalhamos pelo twitter; 3) Escrevemos um artigo e publicamos nos vários sites da comunidade. O mesmo artigo escrito de várias maneiras e com vários nomes diferentes, com datas e fatos que comprovam a ligação de Ana com o ECAD, a força do mal por trás dos abalos sísmicos; 4) publicamos um comentário falso do Hildebrando, dizendo que foi ele que mandou a Ana provocar o terremoto; 5) Convocamos as viúvas do Juca na blogosferapara ficar o dia inteiro do twitter difundindo que a culpa era mesmo de Ana; 6) Criamos #hashtags para explodir o factóide: #anaterremoto #anatsunami; 7) convocamos toda a rede para transformar o factóide em verdade; 8) cutucamos o Carlo Henrique (tipo: vc viu Carlos, fiquei sabendo que a Ana cancelou a viagem que tinha para o japão duas horas antes do terremoto!!! tem coisa aí!!!); 9) Carlos joga toda a sua raiva na cabeça dos leitores deste site, escrevendo o mesmo artigo já escrito antes, só que 5 vezes maior, citando Mario de Andrade e Milton Santos; 10) leonardo brant publica e ajuda a dar vazão ao factóide, quando deveria ser mais criterioso com o que publica aqui neste espaço precioso; 11) Ana Paula Sousa e o Jotabê Medeiros levam a sério e publicam nos jornalões, entrevistando deus e o mundo sobre a notícia bomba: Ana de Hollanda provoca terremoto e causa racha no governo!; 12) Jornal Nacional, CNN, o céu é o limite.