Sem garantia de receita para custos de R$ 3, 7 milhões, museu enfrenta risco de desabamento de teto caso não sejam iniciadas obras estruturais. Acervo e programação foram prejudicadosPor Deborah Rocha
07/02/2003
Sem teto
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro encontra-se numa situação difícil, para não dizer dificílima, como urgenciou a diretora do museu, Maria Regina, em entrevista ao O Globo. Os problemas começam no teto do bloco-escola, que corre o risco de desabar a qualquer momento se não forem iniciadas com urgência as obras estruturais não realizadas desde a construção do museu, nos anos 50. Somam-se a isso, a não confirmação de receita para cobrir os custos de R$ 3,7 milhões, previstos para 2003, e a falta de orçamento para financiar as obras necessárias, com custo estimado de R$ 2 milhões.
?Somos um dos únicos museus privados do Rio e não temos nenhum governo custeando nossa sobrevivência. Fazemos uma ginástica até para pagar nossos custos de manutenção, como folha de pagamento e contas como água, luz e telefone. Para continuarmos de pé, precisamos de um mantenedor que se responsabilize por isso regularmente. Também não temos idéia de onde podemos tirar dinheiro para a reforma?, explica Maria Regina ao jornal.
Em 1978, o Mam foi praticamente destruído por um incêndio e passou por reformas nos anos 80, mas a revisão da estrutura projetada pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy ? um dos maiores nomes da arquitetura moderna nacional ? nunca foi feita.
Acervo prejudicado
De acordo com o O Globo, no ano passado, a precariedade das instalações fez com que todo o acervo da Cinemateca do museu, que guardava tesouros do cinema brasileiro e internacional, tivesse que ser transferido para o Arquivo Nacional e para a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Na ocasião, a prefeitura prometeu R$ 3 milhões para a criação da Cinemateca Carioca. A verba está sendo esperada até hoje. Toda a biblioteca de artes plásticas também se encontra encaixotada, porque corre riscos por causa das infiltrações.
Além disso, as 6.029 obras de arte do acervo, 4.048 da coleção de Gilberto Chateubriand, também têm problemas de armazenamento. “O acervo adquirido até 1980, cerca de 50% do total, está em boas condições, mas as outras estão espalhadas em depósitos impróprios e não temos como construir instalações adequadas”, informa o curador do museu ao Estado de S. Paulo, Fernando Cochiaralli.
Programação
Segundo informou ao jornal paulista, até o ano passado, 37% vinham de receita própria, 15% vêm da prefeitura do Rio, 40% através da Lei Rouanet (os principais parceiros são Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES, Furnas e Eletrobrás) e os 8% retantes de patrocinadores diretos. Maria Regina afirma que, todos os anos, faz dois projetos de patrocínio, um para manutenção do MAM e outro para exposições. “Este ano já adiamos exposições porque o patrocínio não saiu”, informa ela.
Incoerência
O fato chama ainda mais a atenção no momento em que a prefeitura do Rio fechou contrato para a construção da filial carioca do Museu Guggenheim, que vai exigir um investimento inicial de mais de R$ 1 bilhão e tem custo de manutenção anual estimada em R$ 32 milhões.
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