O ex-presidente do Instituto Pensarte Sérgio Ajzenberg esquenta o debate iniciado na última edição de Cultura e Mercado, em defesa do Marketing Cultural

Li com preocupação o último Cultura e Mercado de 11 de maio.  Deu-me a impressão de criticas à Lei Rouanet e pior que isso, críticas e dúvidas sobre o Marketing Cultural.  Coloca-se em dúvida sua eficácia e o imenso poder de comunicação que esta forma de Marketing ganhou nos últimos anos.

Assim como o Congresso Nacional nos brinda com infinita capacidade de maldades – mensalão, impunidade, dança, inocência de deputados condenados pelo Conselho de Ética, operação sanguessuga com desvio de dinheiro para compra de ambulância, e ainda muito há por vir – é infinita a nossa capacidade de produtores culturais de qualquer tamanho de darmos tiros nos pés.

Vejamos o que aconteceu nos últimos 13 anos com a Lei Rouanet e com o Marketing Cultural.

O investimento através da Lei em 93 foi de 120 milhões de Reais e de 650 milhões em 2005.

Todas as 200 maiores empresas do Brasil abriram departamentos de Marketing Cultural, não importa se pressionados ou não pelos seus tributários, para realizar aquilo que chamamos de Balanço Social.  Inúmeras empresas “colaram” as suas marcas a grandes eventos no Brasil todo e podemos citar o Pão Music, o Free Jazz, depois Tim Festival, Skol Beats, Chivas Jazz e inúmeros outros.

O cinema ressurgiu das cinzas, concorremos e ganhamos inúmeros prêmios internacionais e multidões a cada ano elegeram um grande sucesso:  Central do Brasil, Lisbela e o Prisioneiro, Carandiru, Se Eu Fosse Você  e inúmeros outros.  Pelo menos 30 filmes por ano são feitos, dando emprego, formando técnicos, dando espaço complementar para os nossos atores.

Orquestras em grandes centros foram recuperadas e chegaram a bons níveis de excelência – OSESP – Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo, OSM – Orquestra Municipal da Cidade de São Paulo, OSB – Orquestra Sinfônica Brasileira sediada no Rio, a OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e vários grandes solistas internacionais puderam se apresentar no país, entre eles os nossos grandes: Antonio Menezes, Nelson Freire, Arnando Cohen e Jean Louis Steurman, todas as orquestras em parceria com muito bons patrocinadores: Motorola, Vale do Rio Doce, Unibanco e outros.

Musicais estilo Broadway puderam ser produzidos.  Vamos criticar o quê?

Os 300 profissionais envolvidos nas montagens?  O desenvolvimento dos equipamentos de som, os peruqueiros, os figurinistas, os cenógrafos?  Vamos criticar o público que gosta deste tipo de espetáculo???  Vamos criticar os patrocinadores que querem o aplauso deste público?

Pois bem!  Aí está o benefício fiscal que tem já 14 anos – a pergunta é:

Podemos começar a diminuir o incentivo, pois a indústria já está implantada, ou necessitamos de mais 6 ou 7 anos para depender menos do Tesouro?

Da Lei Federal inúmeras cidades implantaram Leis Municipais com incentivo de ISS e IPTU e Leis Estaduais com incentivo de ICMS.  Isto causou uma revolução na formalização de centenas de empresas, músicos, atores, técnicos com suas empresas, certidões e notas fiscais.  Calculo que de cada 100% usados para incentivo com dinheiro público, 50% retornam para o governo em forma de impostos pagos pelos fornecedores ou pelo empreendedor.

Hoje, inúmeras empresas já não usam o benefício na sua totalidade quando realizam Marketing Cultural.  O Skol Beats abriu mão do seu total pois o evento já virou indústria, isto é, apoiadores, patrocinadores e receitas de bilheteria “pagam” o evento pois ele está incluído na estratégia de comunicação e marketing da empresa.  O Pão Music depois de deixar o eixo Rio-São Paulo foi para mais oito cidades do Brasil e ele é realizado hoje com 50% da lei Rouanet e 50% de recursos próprios, pois o projeto revelou-se eficiente ferramenta de marketing.

Bom, antes que eu seja massacrado pelas opiniões contrárias, está claro para mim que o trabalho de financiamento à cultura não termina aí.  Estão aí contemplados as manifestações culturais que o mercado pode absorver e que a iniciativa privada quer acolher para a sua marca.

É preciso ter os fundos de cultura apoiando aquilo que não será suportado pelo mercado:  o novo, as pesquisas, a nova linguagem, a ruptura, essenciais para a indústria cultural e para o país.

É necessário e fundamental que o orçamento da cultura em todos os níveis seja aumentado para que o Estado realize a sua política pública, financiando manifestações que estejam dentro do programa dos eleitos.  Afinal de quatro em quatro anos candidatos falam do seu “programa” cultural que está em seu projeto de governo, mas esquecem-se dele após o seu primeiro dia de posse com raras exceções.

Por isto devagar com o andor. Não é porque precisamos vender a tal da “Arquitetura Cultural” que vamos falar de desgaste do Marketing Cultural ou como estarrecido li:  “ou é marketing ou é cultura” ou “o marketing cultural é incoerente e não faz sentido”.

Produtores independentes que apóiam os fundos, o benefício fiscal e um maior orçamento da cultura, uni-vos, pois senão morreremos com o fogo amigo.

Sergio Ajzenberg


editor

21Comentários

  • Cida Medeiros, 17 de maio de 2006 @ 23:26 Reply

    Gilberto Gil falou no fórum da potência cultural que hoje representam os Estados Unidos. Já pensou se o Brasil conseguir resolver seus problemas de fundo desenvolvendo todo este gigante adormecido que é a arte brasileira (do Oiapoque ao Chuí) levantado/apoiado por um gigante chamado público brasileiro (também do Oiapoque ao Chuí)?

  • Cida Medeiros, 17 de maio de 2006 @ 23:27 Reply

    Aí realmente ninguém vai segurar este país. Até agora a história relatada em seus comentários ajudou sim a indústria, mas não contribuiu em nada para melhorar a vida dos pobres, que se tivessem tido acesso a informação de qualidade, via arte, certamente teria se desenvolvido muito mais.

  • Cida Medeiros, 17 de maio de 2006 @ 23:27 Reply

    Este é o debate que precisamos promover agora. Está na hora de não termos somente UMA Fernanda Montenegro, nem somente UM Cidade de Deus. E ouvir dizer que existiu um Chico Science.

  • Anônimo, 17 de maio de 2006 @ 23:28 Reply

    O Brasil está coalhado destes talentos. Where are they? Abraços.

  • Marcos, 17 de maio de 2006 @ 23:51 Reply

    Acho que o sr Sérgio Ajzenberg não leu a matéria da semana passada corretamente. Ninguém ali deixou de prestigiar os benefícios que o marketing cultural trouxe à cultura do Brasil, apenas estão em busca de um modelo mais avançado que possa corrigir as distorções evidentes do mkt cultural e construir novas maneiras de relacionamento entre empresa e sociedade. O mesmo com a Rouanet. Ninguém criticou. Será que ele leu a matéria corretamente ou já se colocou na defensiva de cara, pelo fato de a Divina Comédia ser uma empresa que se beneficia bastante com o mkt cultural?

  • Priscila, 17 de maio de 2006 @ 23:54 Reply

    Uma olhada no site da Divina Comédia, empresa do senhor Sérgio Ajzenberg, e nos tipos de eventos que eles produzem. já deixa bem claro a sua linha de pensamento. Não poderia se esperar outra coisa dele que não essa reação desesperada de defesa de um modelo que sim, trouxe-nos frutos, mas provavelmente muito mais problemas, ao privilegiar primordialmente uma cultura para elites, eventos que de culturais não têm nada (e a Divina Comédia sabe muito bem disso) e deixar nas mãos das empresas os rumos da cultura neste país. Sérgio Ajzenberg: nos poupe, por favor!

  • Pedro, 17 de maio de 2006 @ 23:58 Reply

    Musicais estilo Broadway puderam ser produzidos graças à Rouanet e ao Marketing Cultural? Devemos nos vangloriar disso, Sérgio?

  • Fernanda, 18 de maio de 2006 @ 0:13 Reply

    Sou produtora de teatro. Atuo em Santa Catarina, em uma região bem distante do interesse mercadológico da grande maioria das 200 maiores empresas brasileiras. Como profissional quero dizer que essa indústria cultural a que se refere o artigo é privilégio de poucos no centro do país. Quem são os produtores brasileiros que tem acesso às 200 maiores empresas? Além disso, estou farta de submeter o mérito de meu trabalho ao crivo de gerentes de marketing que só estão sensíveis aos interesses de seus acionistas.

  • Maria Alice Gouveia, 18 de maio de 2006 @ 8:29 Reply

    Acho que o Sergio Azemberg tem toda razão. O que o marketing cultural está tirando dos órgãos governamentais? Nada. Ele só acrescenta.
    A redistribuição de cultura é muito mais difícil de fazer do que a redistribuição de renda. Porque quando você “(re)distribui” cultura corre o risco de dar coisas que os “excluídos” não querem assistir. E você vai fazer o que? Obrigar o público a ver os espetáculos “culturamente importantes”? Maria Alice

  • Caio, 18 de maio de 2006 @ 10:48 Reply

    Eu li a matéria do Cultura e Mercado a qual Sérgio Ajzemberg se refere. Acho que ele não leu a matéria direito. Primeiramente, não encontrei nenhuma crítica à Lei Rouanet. E os comentários que li sobre o marketing cultural não o reprovam, apenas percebem lucidamente o disparate conceitual e de raiz entre esses dois termos (marketing e cultura) e enxergam que precisamos buscar novos sistemas de financiamento à cultura, que não percam o que o marketing cultural rendeu, mas sim tragam novas luzes ao que ele não conseguiu resolver. E se uma empresa do porte da Avon começa a questionar a eficácia de investimentos em cultura unicamente pelo ganho de imagem, então alguma coisa realmente está faltando no marketing cultural. A Divina Comédia é uma produtora de grandes eventos, que teve seu nome construído no mercado totalmente em cima do marketing cultural, por isso é natural que Ajzenberg se posicione desta maneira. E não há nada errado na conduta da empresa. Mas essa defesa feita nesse artigo me parece mais auto-defesa, e ataque precipitado semelhante ao que a turma de cineastas do Barretão fez quando o governo ameaçou fechar as tetas da Petrobrás para projetos que não oferecessem contrapartidas sociais.

  • Augusto Marcondes, 18 de maio de 2006 @ 11:45 Reply

    O comentário de Sergio é natural pois ele está inserido no movimento do mkt cultural dos pés à cabeça. E foi um movimento importante mesmo para a cultura no Brasil. Mas os arqumentos que ele coloca só revelam a necessidade da reflexão mais profunda sobre este modelo, sobre esta idéia do que é de fato desenvolvimento para a cultura. Talvez devessems esquecer as denominações e nos preocupar com o sentido do trabalho em cultura. Eu não acho a Broadway importante para mim. Na verdade acho chato.

  • MCF Consultoria & Marketing Cultural, 18 de maio de 2006 @ 12:05 Reply

    É com espanto e indignação que constato a total falta de conhecimento sobre a matéria “Marketing Cultural”.
    Pois, Marketing Cultural é apenas uma denominação para definir uma atividade profissional a qual está estruturada em promover o fomento cultural entre produções e a iniciativa privada. É uma ferramanta utilizada para viabilizar e maximizar os recursos investidos em projetos sócio-culturais.
    Não vamos ser ingênuos e tão pouco partidários, pois “cultura” está diretamente associada à
    “educação”, portanto, sem investimentos governamentais em educação, não haverá leis e incentivos que possam suprir a demanda cultural.
    Também temos que acabar com essa idéia paternalista, de sobreviver através de Leis de Incentivo Culturais, sejam elas municipais, estaduais e/ou federais. O caminho será a contra-partida entre “cultura” e os meios onde ela possa se desenvolver, bem como estar presente onde há necessidade e carência da mesma.
    A “cultura”é business sim, é negócio, como outro segmento qualquer. Ou vocês acham que exista algum “mecenas” que patrocina cultura sem almejar nada em troca ? Simplismente por gostar e apreciar cultura ? Esqueçam !!!
    Enquanto isso, se não formalizarmos uma séria Política Cultural e de Formação de Público para o País, vamos ficar mais 50 anos discutindo o sexo dos anjos.
    Esse assunto é complexo e bastante sério para tratarmos de forma amadora. Há intereses de várias partes, há lobbys e há uma infinidade de egos em jogo que a cada dia aumentam e prejudicam o bom desenvolvimento da cultura. Não é pixando essa ou aquela atividade e profissionais que chegaremos aos objetivos comuns.
    O que vejo é a total falta de união e vontade política de todos que atuam no segmento da cultura em se organizar e fixar metas e objetivos claros a serem alcançados. Ficam todos tentando tapar o sol com a peneira, visto que a solução está mais perto do que imaginamos.
    Falta maturidade, seriedade, profissionalismo, união, planejamento, organização e vontade.
    Por favor, não vamos tirar os méritos de quem realiza e nem jogar pedras na iniciativa privada.
    Cultura e Marketing, podem e devem caminhar juntos, é uma maneira de “vender” cultura como ela precisa ser “comprada”. É a forma de profissionalizar e dar seriedade, que está ausente, em nossa Cultura.
    Todos têm razão, mas ao mesmo tempo, ninguém tem razão. Infelizmente !!!

    Vamos acreditar e trabalhar em prol da Cultura, mas que tenhamos consciência !!!
    Ah, parabéns pela nova denominação: “Arquitetura Cultural”. Bonito, não ???

    Marcelo Freire

  • Claudio Vieira, 18 de maio de 2006 @ 13:18 Reply

    Reflexão p/ Sr. Sergio Ajzenberg 16/05/2006 Do Fórum Nacional de ArteCidadania Recentemente o Centro Cultural Banco do Brasil retirou a obra de Márcia X de uma de suas exposições, em resposta a manifestações de entidades religiosas e correntistas do banco, que ameaçavam retirar seus investimentos da instituição financeira. O Santander Cultural, no Estado do Rio Grande do Sul, censurou recentemente duas obras de uma exposição por considerá-las agressivas às famílias que freqüentam o Espaço. Os dois exemplos acima expõem uma ferida aberta numa sociedade que financia a arte com dinheiro público por decisão das grandes corporações. O mesmo acontece com alguns programas de arte em comunidade, que servem para \”reduzir tensões sociais\” e \”preparar crianças carentes para o mercado\” (aspas retirados de peças publicitárias de programas corporativos). Nos dois casos, a arte patrocinada torna-se conveniente para a manutenção de um status quo e acabam produzindo ações culturais alinhadas com os interesses das grandes corporações. O Fórum desta semana questiona essas práticas e coloca algumas indagações ao leitor de ArteCidadania.org.br: Estaria a arte subordinada às grandes corporações? Artistas e curadores têm sua liberdade cerceada por esse sistema? Existe saída para a situação? O patrocínio cultural continua sendo a grande saída para o desenvolvimento das expressões artísticas? Podemos pensar numa relação de independência e não de conveniência entre as partes? Qual o papel do Poder Público nesse meio? Participe do Fórum Nacional de ArteCidadania! fonte: sss://artecidadania.locaweb.com.br/site/paginas.php?setor=4&pid=996

  • MARCOS ANDRÉ CARVALHO LINS, 18 de maio de 2006 @ 16:19 Reply

    não há , a princípio, uma afronta ao marketing cultural ao falar-se em arquitetura cultural. A arquitetura cultural diz respeito a filosofia da própria empresa , no modo como ela assimila e reaje às carências e primazias da sociedade, e o marketing cultural é uma dessas respostas. O que não pode mais se aceitar é que uma empresa promova, apóie ou estimule um determinado comportamento , levando em consideração a sua situação na mídia, e se utilizando de eventos culturais de grande apelo popular, e em contrapartida atue sigilosamente aviltando determinados interesses da sociedade a qual se dirige. É a lei rounaet de um lado e a lei do gerson do outro. há de haver um equilíbrio, um consenso quanto às práticas efetuadas por determinada empresa no seu relacionamento midiático com a cultura e os cidadãos. Ou retornaremos àquele velho jargão da antiguidade: pão( trabalho ) e circo ( espetáculos, entretenimento ); esquecendo o fator saúde, educação e divertimento também( por que não ?) mas com portas abertas ao experimentalismo, inclusive arcar com o risco de ouvir o que não quer, críticas. .É muito fácil fazer um festival de rock e tal, o difícil é fazer este mesmo evento contando e dando suporte a grande maioria de carentes que este país possui. infelizmente não estamos na europa, eua ou japão. cultura aqui ainda implica uma veia educativa importante. qualquer evento que não acrescente também está colaborando com o caos. os últimos acontecimentos de rebeliões no país todo refletem muito bem a necessidade que esse país tem de novas mentalidades , novos objetivos e novas metas. apenas pão e circo não é suficiente.

  • Ana Paula, 19 de maio de 2006 @ 16:27 Reply

    O marketing cultural tem sérios problemas e conseqüências, e com certeza Sérgio Ajzenberg está defendendo o seu lado com este artigo, ao meu ver, bastante exagerado e unidimensional. Mas vamos combinar que a Brant Asociados também aproveitou o espaço do Cultura e Mercado para divulgar a sua “arquitetura cultural”. O tal Fórum foi super divulgado e coberto neste site, assim como aquela matéria da Avon e sua nova política de patrocínio, também construída pela Brant. E aquele curso horrível da Petrobrás que não tinha nenhum conte;udo cultural decente e que ta,bém teve divulgação neste site porque ia contar com o lançamento do livro de Leonardo Brant? No fim, é cada um defendendo o seu lado.

  • Vania, 19 de maio de 2006 @ 21:37 Reply

    Há 6 bilhões de lados no planeta se pensarmos somente nos seres humanos, tirando fauna, flora, seres insensíveis e outros. É tempo de diálogo, de consonância, de tolerância, de busca de entedimento. Quando se fala em cultura, em que estamos pensando?

  • Marise Siqueira, 21 de maio de 2006 @ 1:10 Reply

    Não cabe esse caminho de discussão: o marketing cultural já era. Todos sabemoes que não é mais perspectiva para o setor cultural. Vamos deixar fluir um pouco de novas idéias… Vamos comemorar… por favor! Oxigênio! Somos da cultura! Deveríamos estar extasiados com novas idéias e com o questionamento do antigo. Essa discussão só vale para revisarmos o nosso limite atual que é o mkt cultural. É tudo o que precisamos. não é mesmo? E uma coisa que tá em paralelo no debate é uma acusação de que a revista está sendo usada para promoção e defesa do que interessa a A ou B. Como se não houvesse o mesmo espaço para todos nós C, D, E, F… Como se o pensamento de um produtor-desbravador, diretor de uma das maiores produtoras do país, a Divina Comédia, e de uma consultoria com a influência e as idéias da Brant Associados, ou mesmo o novo livro de Leonardo Brant não fossem de interesse geral dos produtores culturais de todo o país. Gente, vamos pensar um pouco e melhorar o nível do blá-blá-blá. Bjs.

  • Carlos Almeida, 21 de maio de 2006 @ 21:34 Reply

    Discordo do comentário de Marise Siqueira, sobre a acusação de que o site pode estar sendo usado para promoção e defesa de certos nomes e interesses. A Brant Associados e o livro do editor do site podem até ser de interesse do nosso setor, mas isso não tira o fato de a pauta editorial precisam de uma filtragem quando os retratados estão ligados à equipe que realiza o site. Chama-se ética jornalística.

  • Leonardo Brant, 23 de maio de 2006 @ 2:40 Reply

    Amigos leitores, venho humildemente a público repudiar um comentário que me deixa enormemente preocupado, dado o tom da acusação. Não quero defender a minha “ética” no plano do jornalismo ou qualquer outro, pois minha trajetória faz isso por mim. Quero apenas contar uma história. A Brant Associados criou CeM no final da década de 90, ainda com o nome Pensarte e desde então se esmera em produzir material pioneiro e de qualidade, patrocinado pelo espírito público que norteia todos os movimentos desta empresa. CeM nasceu como canal de difusão das idéias e reflexões da Brant, para imediatamente passar a ser de toda a comunidade cultural, de maneira plural e irrestrita, por reivindicação cotidiana de todos aqueles que aderiram à sua proposta editorial. E amparada, sem dúvida, pela força creditada por todos nós ao Instituto Pensarte, que encampou a ampliou a briga de um pequeno grupo para toda a sociedade. Cultura e Mercado jamais censurou uma idéia, ainda que contrária aos interesses dominantes em governos, corporações, tampouco os supostos da própria Brant ou do Pensarte. Cultura e Mercado não é “jornalístico”, no sentido da acusação. Seu trabalho é rastrear e ruminar fatos, fenômenos, realidades dadas e, às vezes, indesejadas. Não é isenta, assim como nenhum outro projeto editorial o é. É compromissada com sua proposta instigativa e reflexiva, que vem de berço, e com os seus mais de 30 mil visitantes mensais, que ajudam a construí-la. É uma ponta importante de um sistema que inclui pesquisa, ação, articulação e difusão. Por isso, não faz sentido censurar o próprio laboratório, um dos poucos que propõe metodologias alternativas para as questões que afligem a atividade cultural brasileira. Mesmo porque conta com o respaldo da academia, do mercado, de instituições respeitadas no Brasil e no exterior. Poderíamos, sim, ter sido pegos pela vaidade. Mas para isso contamos com o mais crítico leitor de toda a imprensa. E a ele damos os instrumentos democráticos de manifestação, de vigilância, para que se possa ajudar a construir cada vez mais essa rede fenomenal que cresce e se consolida a cada dia. E venho manifestar-me por respeito a este leitor, que acompanha o dia-a-dia de um trabalho que completa 7 anos. Queremos sim transmitir a este leitor a Arquitetura Cultural, não porque a Brant Associados quer ganhar mercado com as tecnologias que produz, mas para fazer com que o mercado e, principalmente, a sociedade, ganhem com elas. Queremos que os profissionais da cultura se apropriem desta e de outras novas idéias, assim como se apropriaram de Cultura e Mercado, do Instituto Pensarte e de tantos outros projetos que nos envolvemos nesses anos todos. Aliás, queremos encorajar as pessoas que configuram o que chamamos de mercado a adotar novos conceitos, a repensar suas atitudes, a compartilhar as experiências. E com certeza não fazemos isso por autopromoção, mas sim para oxigenar práticas caquéticas e obtusas de um setor que se deforma e se aliena a cada dia, pelo vício dos que agem sem reflexão e paixão. Motivo pelo qual optamos por um modelo de negócio não baseado na competição, um modelo que abre mão da acumulação de capital para direcionar recursos privados à produção de conhecimento e conteúdos copyleft, à incubação de novas instituições de fins públicos e à disseminação de saberes. É natural que essa atitude cause estranhamento, principalmente por parte dos não agem sob os mesmos princípios. Por isso, caro leitor, fique à vontade para julgar a atitude empresarial da Brant Associados. Continue a fazer isso de maneira aberta como nos comentários abaixo. Se desejar, investigue também profunda e detalhadamente essa empresa, sua equipe, sua história, suas idéias e seus atos. Nossas portas e nossos braços estão como sempre estiveram: abertos. E acuse-nos de qualquer coisa. Inclusive de não sermos éticos, se um dia deixarmos de ser. Por outro lado, convidaria o caríssimo e paciente leitor a refletir a respeito de como é fácil manchar a credibilidade alheia sob a proteção do anonimato de um comentário. Ossos do ofício de um instrumento de livre iniciativa e livre expressão, que continuará assim, cada vez mais, ainda que possa sofrer com o fato de ser democrático. Muito obrigado, Leonardo Brant

  • Paulo Drumond, 25 de maio de 2006 @ 14:56 Reply

    Parece que o sr. Sergio Ajzenberg não está no Brasil ou não conhece o Brasil. Está estarrecido com o que? Ou é marketing (assim mesmo, minúsculo) ou é Cultura mesmo. Danilo tem razão. O marketing até hoje só serviu para resolver interesses das empresas como ferramenta de promoção institucional ou de produtos (uma forma a mais de “levar mais algum”), e para promover eventos e produtos de lazer ou Arte de elite. O “resto” (a Cultura diversa, não mercadólogica), que não dá RETORNO, joga-se num fundo de cultura. É isso aí, o Brasil todo num fundo de “curtura”!

  • Maria Alice Gouveia, 25 de maio de 2006 @ 15:58 Reply

    O Claudio Vieira comenta indignado a censura que as empresas fizeram a dois produtos culturais como se isso fosse uma grande novidade e como se o Estado nunca tivesse feito censura a obras e a artistas no Brasil.Onde estamos?

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