O país, que caiu do 6º para o 12º lugar no ranking das maiores indústrias musicais, tem 53% do mercado de CDs tomado pela pirataria, diz pesquisa. No mundo, queda foi de 5%Por Sílvio Crespo

A pesquisa ?Mercado Brasileiro de Música – 2001?, concluída neste mês pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), constata um faturamento da indústria fonográfica no ano passado de R$ 998 milhões, representando uma queda aproximada de 24,8% em relação ao ano 2000 (R$ 1,33 bilhão). Se analisarmos desde 1997, ano em que o Brasil era o 6º colocado na lista dos maiores mercados fonográficos do mundo, com faturamento de R$ 1,38 bilhão, a queda foi de 27,5%.

A principal causa dessa retração, segundo a ABPD, foi o crescimento da pirataria de musical, responsável por 53% da vendas de CDs no país e pela perda de US$ 215 milhões.

Crescimento da falsificação
Esses números colocam o Brasil na terceira posição do ranking mundial da pirataria musical, perdendo apenas para a China, onde 90% dos CDs são ilegais, e Rússia (65%). A ABPD atribui o crescimento da falsificação a fatores sociais, econômicos e culturais: o baixo preço dos produtos ilegais, a facilidade de compra, a falta de consciência do cidadão sobre a ilegalidade dos produtos piratas e a sofisticação dos esquemas clandestinos de comercialização e distribuição.

Menos artistas
Entre as conseqüências da pirataria musical, a pesquisa constatou uma perda de arrecadação para a União, estados e municípios, de R$ 250 milhões em impostos. Além disso, a retração do mercado fonográfico ocasionou o fechamento de cerca de 2 mil pontos de venda de discos, a redução de aproximadamente 30% do número de funcionários das gravadoras e a diminuição de 18% do número de artistas contratados.

Mundo
A queda do faturamento na indústria fonográfica mundial em 2001, segundo a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), foi de cerca de 5%. Entre os 10 maiores mercado mundiais, os únicos que cresceram foram a França, com um faturamento 9,7% superior ao de 2000, o Reino Unido (4,9%), Austrália (4,8) e Espanha (0,8).

O México, 8º mercado do mundo, foi o país que obteve o pior desempenho, com queda de 16,1%, devido à situação econômica deficitária e à pirataria. Como causas da queda nos mercados norte-americano, japonês, alemão e canadense, a IFPI cita o desaquecimento da economia nesses países e o aumento da oferta ilegal de música pela Internet.

Mercados em ascenção
O crescimento do mercado francês é explicado pelo fortalecimento do repertório local (entre os 20 álbuns mais vendidos em 2001, 90% são de artistas franceses) e pelas ações de marketing da indústria fonográfica da França, que duplicaram nos últimos sete anos.

No caso do Reino Unido, a explicação para o crescimento é o forte trabalho de lançamentos da indústria, além de uma distribuição via Internet bem estruturada, representando de 3% a 4% das vendas no país.

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