Para o secretário, é necessário um “pool” ministerial para cuidar do setor, que engloba “cultura, arte, indústria, comércio e tecnologia”, mas o MinC deve estar à frentePor Israel do Vale
Enviado especial a Brasília
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14/10/2003

A recém-renomeada Secretaria para o Desenvolvimento das Artes Audiovisuais continuará com a ação focada no chamado “cinema cultural” e no esforço de capacitação profissional do setor. Para o secretário Orlando Sena, o desafio do novo cenário será estabelecer uma relação consensual entre cinema e TV, para que nenhum dos lados fique insatisfeito. ?O cinema só será um bom negócio quando for um bom negócio para todo mundo”, diz Sena.

Cultura e Mercado – O que muda na Secretaria das Artes Audiovisuais com a ida da Ancine para o Ministério da Cultura?
Orlando Senna
– Na verdade isso é parte de uma série de providências para se chegar a uma reorganização, uma reformatação do universo audiovisual brasileiro. O primeiro passo é a vinculação ao MinC. Cinema e audiovisual são ao mesmo tempo cultura, arte, indústria, comércio, tecnologia. E todos os ministérios estarão integrados. Tem, digamos, um “pool” ministerial para dar sustentabilidade ao novo projeto do audiovisual brasileiro. Mas a cabeça disso, a articulação, fica com o Ministério da Cultura, porque essencialmente cinema e audiovisual são cultura. Não quer dizer que não sejam as outras coisas também. É tudo.

C&M – Mas do ponto de vista do dia-a-dia, na prática, já é possível visualizar diferenças?
OS
– A Ancine tem que continuar trabalhando exatamente como vem trabalhando. Tem agora que acelerar a fiscalização, a cobrança de impostos, mas esses passos são primeiros passos. Como anunciou o ministro José Dirceu, o Conselho Superior de Cinema será transformado em Conselho Superior de Cinema e Audiovisual. Logo em seguida a Ancine passa a ser Ancinav. Ou seja, é o início de uma série de providências de reorganização e reformatação de todo o audiovisual brasileiro.

C&M – Quando o Conselho deve ser formado?
OS
– Já. Devem ser nomeados seus membros possivelmente esta semana. Isso não demora.

C&M – E a relação com as televisões? Em que medida a conversa já avançou?
OS
– Está bem avançada. Estamos conversando com as televisões há bastante tempo, já há pelo menos uns dois ou três meses. As conversações estão adiantadas e são bastante boas. Ou seja, estamos construindo em conjunto com o setor cinematográfico, com o setor televisivo e com a própria sociedade ?basta pensar no “Cultura para Todos”. Estamos construindo juntos o projeto. Então não há questão de um lado ou setor ficar insatisfeito. Não queremos ninguém insatisfeito. O cinema só será um bom negócio quando for um bom negócio para todo mundo.

C&M – A cota de tela é um assunto em pauta?
OS
– Esses aspectos do que será a Ancinav estão sendo discutidos neste momento pelo Ministério da Cultura e as empresas concessionárias de televisão aberta. Não é um assunto em pauta exatamente, com tanta minúcia, mas evidentemente estamos negociando todas as facilidades para um casamento, uma soma, entre cinema e televisão.

C&M – O desejo da Secretaria das Artes Audiovisuais é de que o comando da Ancine seja mantido ou não?
OS
– Por enquanto o comando permanece o mesmo. Além disso, é prerrogativa do presidente, e não nossa, essa decisão.


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