Lula pede socorro a Gil, que deixa o recado: “nenhuma corporação ou governo pode sobrepujar a necessidade de uma governança multilateral baseada nos direitos humanos”

O Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro, foi instituído em 1970, por meio da Lei número 5.579. A escolha da data é uma homenagem ao aniversário de nascimento de Rui Barbosa, um dos mais importantes personagens da história do Brasil.

Rui já foi chamado de Águia de Haia, por seu famoso discurso. Gil, baiano como Rui, é aclamado por todo o mundo por sua atuação junto à Convenção pela Diversidade Cultural.

Para assinalar as celebrações, o Ministério da Cultura promove desde 1995 a entrega das insígnias da Ordem do Mérito Cultural, cuja solenidade é realizada, preferencialmente, nesse dia.

Mas pela primeira vez na história do Brasil um Ministro de Estado da Cultura falou à Nação. Gilberto Gil gravou uma mensagem, que foi veiculada no último sábado à noite, em cadeia nacional, pela rede de TV aberta. Em seu pronunciamento, ele fez um balanço das realizações do MinC e dos êxitos alcançados na área cultural, nos últimos três anos:

“Temos muito para celebrar neste dia da cultura. Ainda temos muito que fazer. E caminhamos na direção certa, trabalhando muito para valorizar e desenvolver a cultura brasileira. Cultura, agora, é prioridade mesmo.”

Nesta terça-feira, dia 8 de novembro, durante a cerimônia de entrega das insígnias da Ordem do Mérito Cultural, no Palácio do Planalto, o Ministro da Cultura Gilberto Gil fez novamente um pronunciamento sobre as conquistas da pasta durante o governo Lula.

40 personalidades e grupos artísticos foram homenageados durante a cerimônia, demonstrando a diversidade da cultura brasileira.  Na presença do presidente Lula e da primeira-dama Marisa Letícia, Gil interpretou, ao lado do músico francês Henri Salvador, a clássica canção Dans Mon Île.

Em seu pronunciamento, o Ministro apresentou dados sobre a economia da cultura no mundo e no Brasil, afirmando que aqui “a cultura responde por 5% dos empregos formais e 5% do PIB, de acordo com estudo realizado pelo Ipea, a pedido do MinC”. A pesquisa levou em conta somente a arrecadação tributária. E lembrou novamente do grande potencial de expansão que a cultura ainda apresenta no país.

Gil também citou a Conferência da UNESCO realizada em outubro, que aprovou a Convenção Internacional de Proteção e Promoção da Diversidade Cultural. “Um documento vital para a cultura na era da globalização”. O ministro foi incisivo ao defender o direito às expressões culturais: “Estou convencido de que, a esta altura da história mundial, nenhum país pode se impor aos demais, nenhuma sociedade pode buscar soluções por conta própria, nenhuma corporação ou governo pode sobrepujar a necessidade de uma governança multilateral baseada nos direitos humanos.”

O papel que o Brasil desempenhou na Convenção foi destacado pelo Ministro. “Nos últimos meses, o Brasil passou a ser reconhecido como referência mundial nos diálogos a respeito da proteção e do estímulo da diversidade cultural.”Gil disse ainda que espera que o país seja um dos primeiros a ratificar o documento.

Afirmando que o Minc colocou a cultura como parte estratégica do governo Lula, lembrou de modo genérico algumas das conquistas realizadas nos últimos três anos.

Lula, por outro lado, calou-se diante do discurso veemente e sempre convicente de Gilberto Gil. Essa é uma chance vital para o Brasil, que vê pela primeira vez a cultura no centro das atenções.

A fala de Gil soou amena para a nação, mas para Lula pode ter soado como uma incômoda brisa baiana, que insiste diante do mar em alentar uma possibilidade de transformar a cultura brasileira em algo que Gilberto Gil sonhava, mas a maré alta de sua equipe econômica insistiu em negar.

Leonardo Brant


editor

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