Com duração de cinco meses, evento em Barcelona pretende estabelecer uma relação permanente entre organizações culturais e a UnescoPor Sílvio Crespo

Na primeira conferência do Seminário Políticas Culturais para o Desenvolvimento, o professor espanhol Jaume Pagès Fita, falou sobre o seu projeto de reunir em Barcelona representantes de todo o mundo para discutir trocar experiências sobre cultura no contexto da globalização. Denominado Fórum Barcelona 2004, o megaevento deverá durar de nove de maio de a 26 de setembro daquele ano.

?Existem vários pontos de vista econômicos e sociais sobre a globalização. Pretendo em 2004 promover um debate com amplo enfoque cultural sobre essa temática?, diz o professor.

Diálogo e criatividade
A diversidade cultural, o desenvolvimento sustentável e as condições para a paz serão os três grandes temas que nortearão o Fórum. Dentro desse abrangente leque de assuntos, o evento pretende estimular ?a reflexão, o diálogo e a criatividade das culturas?, além de promover o ?encontro, intercâmbio e cooperação? entre elas, afirma Jaume Fita. Para isso, serão realizadas mais de 20 conferências, além de debates para troca de experiências entre organizações, sejam governamentais ou não-governamentais. Haverá, ainda, um Festival de Artes e uma Praça das Culturas, para estimular o intercâmbio cultural.


Leia a entrevista do professor Jaume Fita ao Cultura e Mercado

Com a globalização da economia, sr. vê uma tendência de homogeneização e padronização da cultura, prejudicando a diversidade?
Sim, é uma tendência natural. O problema é que em um mundo homogênio muita riqueza se perderia. Daí a necessidade de mobilização da sociedade para preservar a diversidade cultural. Devemos desenvolver os meios técnicos para isso. Em primeiro lugar, os governos e a sociedade devem reconhecer que a diversidade é importante para todos e pode ser preservada.

Além disso, a tecnologia pode facilitar a mobilização social em benefício das culturas minoritárias, uma vez que aumentam as possibilidades de comunicação entre as pessoas.

Como o gestor de políticas públicas deve pensar a cultura, nesse contexto de mundialização econômica?
Acredito que a cultura é essencialmente o conjunto das várias questões que a humanidade sempre fez: o sentido da vida, da morte, por exemplo.

A maneira de responder a essas perguntas constitui as distintas culturas. Não devemos perder isso de vista. Devemos sempre reconhecer que há diversas respostas para essas perguntas. Reconhecendo isso, aprendemos a respeitar as diferentes respostas e, portanto, as diferentes culturas.

Hoje, com o grande número de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, há inúmeras culturas em cada país. A população está aprendendo a conviver com essas culturas distintas, es gestores de políticas públicas devem, então, reconhecê-las e trabalhar pela sua preservação.

O senhor é a favor de políticas nacionais de proteção cultural?
Sim. Eu sou da Cataluña, um país dentro da Espanha que não é reconhecido como Estado. Temos uma cultura minoritária, e sei que, sem o esforço da nossa comunidade, nossa cultura não sobreviveria. Por isso, acredito que seja absolutamente imprescindível uma política de proteção cultural.

Mas proteger não significa fechar fronteiras. Significa apenas permitir que a cultura nacional se desenvolva, mas mantendo a possibilidade de intercâmbio com as culturas externas.

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