Curadoria é uma profissão relativamente nova, que vem atraindo pessoas com perfis bastante diferentes nos últimos anos. “Sob influência direta de estratégias do capitalismo e da globalização, o crescimento do mercado de arte e a espetacularização de mostras e exposições fizeram também com que essa área de atuação e necessidade de capacitação se dilate para a gastronomia, o design, a moda, a informação… abrindo um leque de possibilidades profissionais.”

Foto: fotologicQuem afirma é Sandra Tucci, artista plástica, mestre em Comunicação e Artes pela Universidade de São Paulo e coordenadora do curso de pós-graduação Curadoria em Arte do Senac São Paulo. Para ela, entender a prática curatorial como mediação se faz cada vez mais urgente, assim como que o curador reconheça seu público para que sua proposta esteja alinhada conceitualmente às suas escolhas, evidencie sua narrativa, dê impulso a uma comunicação ativa e que, sobretudo, motive algum tipo de transformação social.

Sandra apresenta de 14 a 16 de julho, no Cultura e Mercado, em São Paulo (SP), a oitava edição do curso Práticas em Curadoria, no qual abordará as origens, modelos, formatos, referências e formação do curador. Ela falará especificamente sobre curadoria em equipamentos culturais e curadorias independentes,  mediação cultural no setor educativo e mercado de trabalho.

Em entrevista, ela fala sobre a função do curador, o mercado de curadoria de arte e o que é preciso para ser um bom profissional nessa área.

Cultura e Mercado – A função do curador de arte mudou com o passar dos anos?
Sandra Tucci – Com a expansão do mercado de arte, a função do curador se expande para além dos aprendizados e domínios tradicionais institucionalizados: conhecer a história da curadoria, que é relativamente recente e que trata das ações de seus protagonistas, seu tempo e lugar, e os resultados que promoveram transformações no cenário das artes; ter conhecimentos em museologia e museografia, para atuação em algum equipamento cultural e/ou para prática com acervos e coleções; ter noções de desenho do espaço ou expografia, para que a ambientação de sua mostra promova intermediação com o público.

Hoje faz-se necessário que o curador tenha ainda conhecimento dos elementos básicos de gestão e produção executiva, a fim de alinhar os anseios institucionais ao seu projeto e poder dar conta da prestação de contas dentro ou fora do museu. Outro aspecto bastante importante da atualidade é saber trabalhar em equipe. O curador deve saber atuar como mediador entre o setor educativo e o público, para que a comunicação, propostas e dinâmicas estejam em sintonia com seu recorte curatorial.

CeM – Quais as principais características de um bom curador de arte?
ST – O mercado de arte parte do princípio que o curador tenha avançados conhecimentos de história da arte e que possua um background de pesquisa, leitura e de escrita, além de ser um frequentador habitué de feiras, bienais, museus e galerias. Com a dilatação das áreas de atuação do curador para além das artes, em exposições de outras áreas – tais como gastronomia, design, moda, musica, etc -, é importante que seja um expert no assunto escolhido.

CeM – O que uma pessoa que deseja trabalhar como curadora precisa ter em mente para entrar no mercado?
ST – É importante perceber os movimentos do mercado e da cena artística. Além dos predicados acima, citaria ainda ser inovador, estar antenado com as mídias sociais e saber se articular institucionalmente. Ter conhecimento de seu público também irá favorecer o acesso e o interesse do público e abrir espaços para possíveis transformações sociais.

CeM – Atualmente quais são os mercados mais promissores para atuação de um curador de arte?
ST – Além da arte contemporânea, todos os acervos e coleções que trazem a público a história da arte. A expansão do formato expositivo para outras áreas também demanda um entrelaçamento de saberes – conhecimentos sobre montagem de mostras de arte podem migrar para exposições com outras temáticas, abrindo o mercado para trabalhos com outros tipos de acervos e coleções. Curadorias online permitem grande acesso e divulgação viral, o que pode promover aberturas para novos formatos, mais sustentáveis.

CeM – Algumas mostras/instituições de arte têm programa de jovens curadores. Qual a importância desse tipo de programa?
ST – Essas iniciativas são muito bem-vindas pois ampliam a entrada de novos profissionais na cena cultural. Apesar de se constituir como educação não formal, este formato atualiza as temáticas profissionais e permite ao candidato desenhar uma rede de contatos. A boa performance do curador está vinculada à aquisição de mais e novos conhecimentos, sempre. Novos formatos de curadoria estão despontando e trazem ao profissional desafios que exigem criatividade, flexibilidade e ousadia.

Clique aqui para saber mais sobre o curso de Sandra Tucci.


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *