Indicado por Gilberto Gil para assumir a Secretaria do Livro e Leitura, Waly Salomão diz que irá ampliar ações anteriores. “Quero que o brasileiro vire rato de livraria”Por Deborah Rocha
08/01/2003

Fome zero
Indicado pelo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, o poeta e compositor Waly Salomão irá assumir a Secretaria do Livro e Leitura prometendo “acabar com a fome de saber do povo brasileiro”. Em depoimento ao jornal Valor, o velho amigo de Gil disse que “vê a leitura como uma forma de ascensão social, como o futebol e o pagode”. “E não me venham com essa história de que poeta não gosta de trabalhar. Sou o baiano mais pontual do Brasil. Eu e Maria Bethânia, que gosto de chamar de Maria Britânica”, comentou.

Influências
De acordo com o Valor, Waly, além de ter publicado vários ensaios e livros sobre poesia, entre eles “Me Segura Que’u Vou Dar um Troço”, de 1971, com projeto gráfico do amigo Hélio Oiticica, é um dos letristas mais festejados da música brasileira. Parceiro de Caetano Veloso (“Talismã”), João Bosco (“Holofotes”), Moraes Moreira (“Lenda do São João”), é autor, junto com Jards Macalé, de um dos hinos de sua gerãção: “Vapor Barato”, gravado com sucesso por Gal Costa nos anos 70.

Plano de metas
O novo Secretário Nacional do Livro, segundo o jornal, ainda não tem um plano de metas traçado, mas adianta que vai dar seqüência a algumas medidas implementadas por seu antecessor, o escritor e professor Ottaviano de Fiore. “Não vou fazer uma política de terra arrasada. Muito coisa boa foi feita pelo governo anterior, como o plano de ampliação de bibliotecas públicas. Mas quero muito mais do que isso. Quero que o brasileiro vire rato de livraria. Fazer com que o povo passe a amar os livros será a minha obsessão.”

Expectativas
O presidente da CBL, Câmara Brasileira de Livro, Raul Wasserman, comenta ao jornal que prefere aguardar os primeiros meses de gestão do novo secretário antes de fazer qualquer elogio ou crítica a Waly. Porém, acha que pessoas como Waly e Ottaviano tendem a ter uma visão romântica demais do tema e pecam quando precisam desenvolver funções administrativas.

“É bom ter uma visão huma nista, criativa e inovadora, ainda mais quando se assume uma secretaria como a do Livro e Leitura. Mas não é o suficiente. É preciso também ter uma boa relação com o mercado, entender de questões operacionais. A gestão do Ottaviano foi cheia de boas intenções, mas deixou muito a desejar”, diz Wasserman.

“Se Carlos Drummond de Andrade foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema (ministro da Educação e Saúde Pública do Estado Novo), não vejo problema nenhum eu assumir a Secretaria Nacional do Livro. Sem esquecer que T.S Eliot escreveu os seus grandes ensaios enquanto trabalhava no Lloyds Bank, em Londres”, argumenta.

“Tenho absoluta certeza que ele vai fazer um grande trabalho à frente do Ministério da Cultura. Basta ver a repercussão mundial de sua nomeação. Não entendo a repulsa de alguns setores culturais contra Gil, o tempo vai convencê-los do contrário”, garante Waly ao Valor.

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