Nunca antes na história deste país um presidente posou para foto oficial com os jogadores e a comitiva da Seleção Brasileira de Futebol, antes de seu embarque para o campo de batalha. (A julgar pelo visual dos fardões trajados por todos os que aparecem na foto, publicada em primeira página em diversos jornais do país, diria-se tratar mais de um contingente do exército do que de um time de futebol, daí a comparação).

A foto transparece um contundente mal estar. Lula e sua Marisa estão distantes dos jogadores (Kaka, a estrela do time, na última fila), deixando espaço para Ricardo Teixeira em primeiro plano, que junto com o técnico Dunga e diversas eminências pardas do comitiva ladeiam o casal governante.

Mas não seria apenas este detalhe a comprometer o astral da foto. Nos bastidores do governo e do empresariado é notório saber que Lula não “engole” o Banco Itaú, tendo já manifestado essa sua queda em alguns eventos públicos.
Lembro-me bem de um deles, na Federação do Comércio de São Paulo, no evento de lançamento do Vale Cultura, quando o presidente demonizou em seu discurso aquelas empresas que mantém institutos próprios para amealhar os incentivos fiscais sem que estes saiam totalmente de suas alçadas, como é o caso do Itaú, com o seu Instituto Itaú Cultural.

A coisa chega a tal ponto que no meio político cultural existe a desconfiança de que as alterações propostas pelo governo na Lei Rouanet, provocando a sua extinção, sejam uma encomenda do próprio presidente ao seu atabalhoado ministro da cultura.

As alterações visariam, entre outros objetivos, atingir realizações do Itáu Cultural à frente da cultura (cujo orçamento anual, na casa dos R$40 milhões, supera o de muitas secretarias municipais e mesmo estaduais da cultura, no Brasil).
O Itaú Cultural, diga-se, vem fazendo um trabalho magnífico, e talvez por isso mesmo incomoda muito aos gestores públicos, justamente porque realiza um trabalho estruturante, sério, voltado não apenas para o curto e médio prazos.
Pois bem. Na tal foto, vemos que todos do pelotão do Brasil a caminho da Copa trajam assintosamente o logotipo do Itaú. que ali cerca o presidente por todos os lados. Se a manchete do jornal crava “Rumo ao hexa”, Lula bem quer ganhar agora uma terceira eleição, com sua candidata, para depois voltar por mais dois mandatos, chegando ao penta. Eu cá no meu canto, assumo meu lugar de torcedor e digo: boa sorte, Brasil.


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Executivo do Instituto ArteCidadania e Coordenador do Porto das Artes, em Goiânia, é autor dos filmes “Nove minutos de eternidade”, “Bernardo Élis Fleury de Campos Curado, escritor” e “Amianto, I lobby you”, entre outros.

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