Categories: PONTOS DE VISTA

O mundo precisa de poesia

Convenhamos que é uma ótima ideia “produzir e alimentar um blog durante um ano, com publicação diária de vídeos inéditos; atrair aproximadamente 6.000 (sic) visitantes diariamente; estimular a formação de público de leitores; estimular a discussão, na rede, sobre poesia e literatura; propiciar o contato e interação de jovens com literatura brasileira; estimular artistas de diferentes áreas a produzir conteúdo baseado em poesias e textos; produzir material audiovisual de grande qualidade técnica e artística; reunir uma equipe altamente capacitada e experiente para realizar o projeto; multiplicar resultados, estimulando o compartilhamento do conteúdo dos vídeos em outras redes, como YouTube, Facebook, Twitter e Orkut”.

Originada dos calendários destacáveis com frases e imagens diárias, a ideia de postar na internet vídeos diários gratuitamente, com uma artista do quilate da cantora Maria Betânia e em paralelo promover a discussão e a difusão da poesia sob todas as formas, é um pequeno ovo de Colombo.

Aí está uma ideia que eu gostaria de ter tido.

Junte-se a isto uma produtora (Conspiração) de reconhecido e exemplar portfólio. Temos então um projeto cultural na lei do audiovisual bem-sucedido?

Não.

Antes falta o dinheiro que só virá se os produtores conseguirem convencer alguma empresa a apoiar o projeto repassando parte do seu imposto a pagar.

Bastou, no entanto, que se divulgasse a aprovação do projeto pelo Ministério da Cultura e sin sala bin, num passe de mágica, tivéssemos uma enorme e furiosa batalha na internet com acusações, insinuações, discordâncias. Mágoa, muita gente magoada. Muita inveja. Um sofrimento de fazer dó. Palavrões no twitter xingando a cantora, ministro da Cultura, ódio represado.

É assustador.

Tem alguma coisa muito errada neste processo.

Desde quando a cultura no Brasil não precisa de incentivos e apoio do Estado? Tente qualquer um ir a uma empresa e oferecer um projeto cultural qualquer sem incentivo e veja se consegue.

Pode ser até que a Maria Betânia e a Conspiração Filmes consigam convencer agências e empresas e patrocinarem o blog com verbas próprias. Ótimo. Seria maravilhoso para a cultura e para a poesia.

E qual o problema do recurso ser incentivado? Neste caso, deve ser incentivado porque basta olhar o que as empresas – o mercado – têm feito pela poesia no Brasil. Perguntem aos poetas o quanto de dinheiro conseguiram privadamente para viabilizar suas ideias nos últimos 20 anos.

Além das suposições de praxe das relações entre a cantora irmã e a ministro irmã, insinuações de protecionismos, a guerrilha também põe em xeque os valores apropriados no projeto, colocando no rol das atividades criminosas ganhar-se dinheiro com o sucesso, com o resultado de anos de trabalho.

Vamos a uma curta análise. Quanto representa de trabalho pesquisar e definir 365 poesias, selecionar trechos, estudar o autor, estilo, atmosfera proposta por poema, definir 365 diferentes interpretações, estudar decorar e ensaiar algo em torno de 1.095 minutos de texto (18 horas aproximadamente)? Quanto representa de trabalho responsabilizar-se por tudo isto mantendo padrões de qualidade, acompanhando as intermináveis horas de edição, de pós-produção? Quanto representa a associação da imagem pessoal da artista ao projeto?

As perguntas acima referem-se exclusivamente a questões de direção artística do projeto.

Pois bem. Várias pessoas criticaram os valores atribuídos ao trabalho da intérprete e diretora. Houve até quem dissesse que se fosse outro nome, o projeto não seria aprovado. Ou ainda que o valor é muito alto e que a cantora não vale isto. A fila de absurdos vai além, discutindo-se inclusive se os prazos de dedicação ao projeto valem isto ou aquilo. As mesmas pessoas que aceitam com tranquilidade o valor da marca de um refrigerante, ou de um tênis famoso, são incapazes de atribuir valor à “marca” de um artista, ao seu valor simbólico e, por que não, o seu valor comercial.

Observe como é complexa a questão. Trata-se de discriminação ao contrário. Os críticos da iniciativa fazem uma inversão doentia argumentando que é protecionismo, que o projeto não se sustentaria com um nome desconhecido – este sim merecedor de apoio. Reprovam/condenam o fato concreto da aprovação do projeto lastreado num nome conhecido de inquestionáveis méritos artísticos, de ligação pessoal com a poesia e merecedor de remuneração justa pelo valor que agrega ao projeto. Nesta maneira de pensar, preferem deixar de lado o que é bom, responsável, reconhecido, meritório e valorizar o que é duvidoso, desconhecido. Os críticos desta iniciativa esquecem que também na cultura há um processo em curso. O que é novo deve ser incentivado na medida do seu tamanho.

Há poucos dias recebi um comentário discordando de um texto que publiquei onde ressaltava serem necessários cursos de preparação de gestores que considerem os princípios gerais da economia, da administração pública, acrescentando que, mesmo cumprida esta etapa, precisaríamos dar tempo a estas pessoas adquirirem experiência/vivência de gestão. Para alguns, basta um indivíduo fazer um curso e estar pronto para ser gestor de um projeto, uma empresa, um órgão governamental. Parece que não entra na cabeça das pessoas que maturidade artística, administrativa é importante e que, sobretudo na atividade cultural, erudição se obtém pela experimentação, repetição, aprendizado.

Talvez a velocidade com que as coisas acontecem na nuvem levem a estes julgamentos apressados. Talvez a falta de balizamento, a falta de quem diga o que é certo ou errado, do que é bom ou ruim, leve alguns a dizerem o que primeiro lhes passa pela cabeça. Devem também existir outros que, sem qualquer pudor, criam ou aproveitam a onda para fazer prevalecerem seus próprios interesses, mas isto é outra história.

O foco aqui é este fenômeno de distorção de valores, do exagero na crítica, do excesso raivoso.

Situação semelhante acontece com o tsunami envolvendo o jovem cartunista João Montanaro, 14 anos, e sua charge publicada no dia 12/3 na Folha de São Paulo.

Ao desenhar uma onda devastando uma cidade japonesa, escolhendo como tema/modelo uma xilogravura de Katsushika Hokusai criada entre 1830 e 1833, o cartunista foi alvo de elogios, mas de críticas de leitores, sendo inclusive xingado por colegas na escola onde estuda.

Como publicado na FSP de 17/3, o pesquisador Gonçalo Júnior, autor do livro “A Guerra dos Gibis”, “vivemos na era da chatice e do politicamente correto. É uma reação paranoica, o desenho retrata as mesmas coisas que todos estes vídeos que estão no YouTube”.

Neste caso, o mais provável é que os críticos não conseguiram atingir o nível de leitura proposto pelo desenho. Para entender o que foi feito é necessário um mínimo de alfabetização para as artes e a capacidade de perceber que o cartunista pegou um ícone da arte japonesa, justamente uma gravura representando uma onda e acrescentou destroços. Por pura ignorância, alguns furiosos não o condenaram por plágio. Definitivamente aquele não era um trabalho de humor e esta foi a leitura rasa que levou à condenação do autor.

Ou seja, este caso e o outro são situações diferentes, mas a mesma matriz de falta de bom senso, de excessos desnecessários.

O projeto cujo título é o mesmo deste artigo, é bem-vindo. O mundo precisa mesmo de poesia.

Quando a argumentação é baseada em berros, não há o que contra argumentar. Quando uma sociedade começa a espernear aos chutes e pontapés é recomendável o recuo, sob o risco de todos colocarem a mesma carapuça de burrice dos que fazem a crítica.

Cleber Papa

Diretor de ópera, cenógrafo, produtor cultural e membro da ABPO - Associação Brasileira dos Profissionais de Ópera.

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  • Assim que li sobre essa polêmica toda entrei ansiosamente no "Cultura e Mercado", ansiava por um comentário sensato. Eis que finalmente o encontro. Parabéns!

  • ANA DE HOLLANDA O BBB-THANIA E SEU BLOG

    A questão não está na só na Bethania ou em Ana, mas na Lei Rouanet que já nasce viciada e, portanto, beneficia a cultura de um sistema sem integridade, sem caráter, arrogante, além de desprezar a opinião da sociedade, porque corre nos corredores frios da zona do meretrício que é a máfia tributára o que está por trás de toda o extraordinário escândalo que é a Lei Rouanet. O problema é que esta lei criou uma linguagem própria, uma abrangência de si e tornou o incentivo a projetos culturais em componentes permanentes em substituição às políticas públicas de cultura sem paralelo no mundo cultural do planeta.

    Nenhum dos dois, Bethania e MinC estão fora da lei que tem em sua ancestralidade a paternidade de Collor e que os economistas da cultura corporativa criaram um estilo próprio em todo o universo cultural brasileiro para que pudesse reduzir a pó todo o pensamento a partir dos seus desenhos e planos estratégicos.
    A Lei Rouanet criou, além de muitos absurdos, uma nova relação de gueto e estrelato. Isso era considerado publicamente tolerável porque ela está a serviço do "berçário" dos novos gênios da cultura brasileira. A Lei Rouanet com sua lógica econômica, criou uma indústria de empregos temporários, ou seja, ficcionais com remuneração inflacionada, sobretudo para os produtores-captadores (hoje até com associação) a partir da indústria de projetos, o que tornou esta lei legendária para os corporatocratas e suas doutrinas neoliberais. O que não ajuda em nada neste momento a compreender esta questão é que no governo Lula, Gil e Juca trabalharam para derrubá-la e, agora, no MinC de Ana de Hollanda a veneta da ministra logo na primeira entrevista, antes mesmo de assumir a pasta, avisou de sua deslocação, usando os mesmos argumentos para travar as reformas da LDA para também travar as reformas da Lei Rouanet. E aí ela entrou no centro do roda-moinho com o episódio da Bethania.

    Este é o problema, Ana está amarrada a esta questão e não há nada que a liberte deste suplício, pois ela se fez de pedra e mesa com sua onipotência para sustentar os benefícios dessa escandalosa lei. Então, transformou-se em um rolete de fumo. O que é na verdade R$1.800mil de Bethania perto do que arrecadou Jabor? Só com Eike Batista ele captou um valor cinco ou seis vezes maior que este, porque Jabor em entrevista manejou seu punho e sacudiu os ombros visivelmente se lixando para a opinião pública e dando uma resposta definitiva... "é mais ou menos pr aí, uns 12milhões" talvez mais (só do Eike), desdenhou Jabor. Tudo isso para expor um sopro de sua "genialidade" e sua bonita intenção de mostrar o que é viver de fato da "suprema felicidade" de uma lei.

    Ana, na sua primeira entrevista, puxou a brasa para a sua sardinha e, sem gentileza ou amabilidade tentou fazer da primeira coletiva, sentada à mesa, um pano verde, dizendo-se convencida de que as reformas da LDA e da Rouanet tinham caido ali, pois ela tinha um royal street flash na manga contra as propostas de Juca Ferreira. Este é o toco trágico em torno da questão da Bethania. Ana blefou e, agora, vai pagar todas as contas daqui por diante.

    O Itaú Cultural erguido na AV. Paulista, por exemplo, ensinou a muita gente como criar asas com os ingênuos recursos públicos vindos da Lei Rouanet. O Instituto Millenium usa e abusa de qualquer valor para fretar seus "intelectuais", todos os recursos saídos do bolso do coitado do Zé Caipora que somos todos.

    Todas aquelas beijocas que assistimos nas revistas de premiação de cinema com tapete vermelho e tudo nos coquetéis da Hollyood brasileira vem da pura covardia do planeta Rouanet a partir da meiguice de milhões extraídos do bolso da sociedade. A plebe aqui é quem paga as contas do ídolo heróico. E não adiantou a legião de revoltados que sistematicamente combatem a lei anos a fio porque a mídia dos Marinhos e Civitas têm suas fundações que passaram a existir a partir da Lei Rouanet que não foi feita pra beneficiar criaturas humanas.

    Lembram-se do levante do Canecão feito pelos medalhões da Globo logo no começo da primeira gestão de Lula? Lembram-se de Cacá Diegues dando tapas na mesa e exigindo seus privilégios em frente ao Gushiken? O problema é que agora Ana de Hollanda colocou as suas impressões digitais contra as reformas que estavam sendo discutidas com a sociedade. E aí bastou vestígio do seu nome cada vez mais criticado por um rosário de questões para que a veneta da sociedade a colocasse no centro desse turbilhão, melhor dizendo, no centro do pilão para socar a sua imagem junto com a de Bethania. Este é o risco de uma coletiva fúnebre e caricatural que Ana de Hollanda deu com sua religiosa veneração ao Ecad e seus sutís medalhões, dando uma de adolescente deslumbrada, com ar sisudo e ideias anacrônicas.

    Agora, com a língua amolada da sociedade, Ana virou picadinho de fumo junto com Bethania e acaba pagando a conta de uma lei imoral que já está aí há vinte anos e que fez a horta de muito marmanjo do show businnes comprar coberturas na delfim Moreira e cia.

  • Desculpa Cleber, mas discordo de você. Na minha opinião a questão não é o blog e nem a Maria Bethânia, que por sinal acho uma artista fenomenal. O grande problema é o valor, ele é sim, muito elevado. Sabemos que produzir um vídeo para postar num blog é fácil e barato, inclusive feito por qualquer um hoje em dia. Claro que a qualidade de muitos deixa a desejar... No entanto o que me parece injusto é uma verba tão alta ser aprovada para um blog, quando inúmeras produtoras menores e desconhecidas conseguem sofridos R$ 30 ou R$ 40 mil para produzir um filme, pela mesma lei. É injusto que milhares de grupos de teatro desconhecidos sofram para conseguir um minimo de apoio para existir. Fica realmente dificil concorrer com um projeto que tenha Maria Bethania, Andrucha e a produtora Quitanda como proponentes.

  • Cara Juliana,
    Vc tocou nos pontos nevrálgicos desta questão. A produtora apresentou um projeto, o MinC analisou,fez os cortes que achou devidos e aprovou o incentivo. A partir daí, o projeto cai na vala comum da mendicância. Terão de passar o pires como todos nós.
    Chances de sucesso? Alguma. Garantia? Veja o que tem sido feito pela poesia até aqui no Brasil e vc tem uma pálida idéia do problema.

    De toda maneira, não acho que o problema deva girar em torno de quanto cobra a Maria Bethânia por um show ou para fazer 365 vídeos de 3 minutos. Acho extremamente perigosa esta discussão. Leva facilmente para comparações distorcidas.

    A concorrência como você disse é difícil mesmo. Não será vetando a Bethânia que menos cotados terão mais chances. Isto é ingênuo.

  • Lamentável a nota da Monica Bergamo, esta sim teria que se redimir, dar maiores explicações sobre o projeto e não fazer matérias sensacionalistas.
    Vindo a gerar centenas de críticas a Bethânia e a Lei Rouanet, que foi quem salvou a área cultural brasileira nos últimos anos e além de projetos culturais de altíssimo nível gera milhares e milhares de empregos.
    Fazendo um desfavor para as leis de incentivo e tirando qualquer crédito que elas tenham.

    Discordo da quantidade de vídeos,do cachê da Bethânia, o Minc poderia ter sugerido diminuir a quantidade de vídeos com a finalidade de baratear o projeto.
    Mas se pensarmos que são 365 vídeos daria um custo de 3.500 por vídeo, o que não é nada para uma produção AUDIOVISUAL, além de divulgar a poesia e poetas brasileiros além do que quem trabalha com a Lei Rouanet sabe que existem uma série de custos com captação de recursos, administração, prestação de contas, divulgação...
    Blog é democratização do acesso podendo estes vídeos serem usados em sala de aula e chegar em qualquer lugar do Brasil.

    80% dos projetos não captam recursos e dos 20% que captam, 90% deles não consegue o dinheiro total do projeto e sim somente uma parte.

    A jornalista deveria se preocupar em fazer matérias que somassem para a boa realização das leis de incentivo que nem o Cultura e Mercado faz e não que só prejudicasse a Lei e pessoas sérias que trabalham na área.
    Matérias sobre:
    A dificuldade da captação de recursos para projetos menores, tetos de valores para areas culturais, fundo nacional da cultura, a nova lei que esta no congresso, pq a musica popular cai no art 26 e instrumentais e peças de teatro, livros de baixissimo nível estão no art 18, captação de recursos via orgãos ligados ao governo que em breve serão os 10 maiores captadores de recursos, acabando com o dinheiro do mercado para outros projetos...

    Apesar de tudo a Lei Rouanet tem funcionado e evoluído em algumas partes
    E a Lei Estadual que não aprova 80% dos projetos estes reprovados por critérios esdrúxulos de um funcionário e não critérios da Lei.

    E a Lei Municipal de SP que serviu de exemplo para dezenas de outras Leis, foi responsável pela realização de milhares de projetos e nos últimos anos graças ao nosso Secretário Municipal Kalil vem desparecendo cada vez mais.

    Salve a poesia

  • enquanto isso, os professores continuam ganhando super pouco... tendo que se virar pra se manterem atualizados e alimentados (pq os dois com aquele salario é quase impossivel)
    enquanto isso, o governo não permite que as apostilas utilizadas na escola publica paulista tragam textos de autores atuais, pois não se dispoe a pagar pelo direito autoral...
    enquanto isso, milhoes continuam sem acesso a internet

    vamos lá divulgar a cultura então! mas só a maria bethania conseguirá verba pra isso tá?

    dois pesos e duas medidas, sempre....

  • Tudo ridículo, como de resto tem sido ... Dilma, Ana e Bethânia, orgulho do Brasil. O que não presta na Lei é a falta de privilégio para o conteúdo nacional, a falta de perspectiva de que a questão cultural ocorre na presença do produto estrangeiro que é hegemônico no mundo. Como vamos potencializar nosso conteúdo, dar a ele forças para conviver com a cultura global, como vamos produzir direitos...é mais do que inconveniente, é deprimente observar o movimento de grupelhos que se acham, forçando a mão em cima do governo, tentando desestabilizar, passar por cima do novo governo, que é legítimo, foi eleito democraticamente e tem todo direito de governar convivendo com as diferenças. Mas o que se vê é outra coisa, deprimente...enfim, não passarão.

  • estão demonizando a bethânia e se esquecendo que assim (os da cultura) damos um tiro no pé. primeiro porque a lei rouanet em todos os seus anos de funcionamento jamais atingiu seu teto anual de renúncia, portanto, este projeto não é excludente e não está tirando do projeto de ninguém. e falo como um ex-membro da cnic. ("80% dos projetos aprovados não captam recursos e dos 20% que captam, 90% deles não consegue o dinheiro total do projeto e sim somente uma parte", registrou o leitor chico ferreira).
    outro ponto é que existe sempre aquela invejazinha de se estar no lugar de quem está ganhando, bem brasileira. bethânia não tira o lugar ao sol de ninguém, pelo contrário, com suas idiossincrasias tem extrapolado a atuação de uma intérprete da mpb e prestado um relevante serviço à divulgação dos poetas e da poesia. coisas que não têm preço. o mercado que as regule, lembrando que a lei rouanet (de renúncia de parte do imposto a pagar) é feita exatamente da ideia do lucro. porque seria diferente? temos medo de quê?

  • Cara Renata,
    Uma coisa nada tem a ver com outra. Salário de professor, acesso à internet, ampliação e reforma dos aeroportos, construção de estádio, são todas questões que precisam ser resolvidas, cada uma na sua seara.

    No que concerne ao episódio em questão, o que chama a atenção é a fúria raivosa e a ignorância com que o tema foi (está) sendo tratado.

    O tratamento que está sendo dispensado à cantora Maria Bethânia, à Ministro da Cultura Ana de Holhanda é desrespeitoso e desleal.

    Maria Bethânia e qualquer artista brasileiro tem o direito de pleitear recursos via leis de incentivo. No caso em questão, pela Lei do Audiovisual, cujo fórum é a Ancine e não a CNIC (o MinC já explicou isto de maneira meio torta).

    Uma parcela dos raivosos - culturetes de primeira hora - diz que as leis de incentivo deveriam ser para os jovens talentos. Um equivoco absoluto: jovens talentos NÃO conseguem que empresas "patrocinem" seus trabalhos usando os incentivos fiscais ou não. Isto é obrigação do Governo através dos programas de fomento, editais etc.

    Cabe ao Governo - trata-se de franquia de direitos (sabe aqueles tais direitos sociais e políticos que incluem Cultura, Educação, Saúde e Sustentabilidade Ambiental?)- o investimento direto em Cultura, o desenvolvimento de políticas com programas multidisciplinares e multifacetados.

    De resto é preciso bom senso. A crítica pela crítica é destrutiva. Os artistas brasileiros em todas as áreas precisam ser estimulados a produzir mais aqui e fora do Brasil. Isto não é apenas uma questão de sobrevivência, mas de estratégia de desenvolvimento. A exportação de cultura é um valor econômico. As indústrias criativas, incluindo moda, design, arquitetura etc. são importantes.

    Longe de penalizarmos Maria Bethânia, deveríamos promover outras iniciativas similares.

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