O universo do cordel. Este é o mote da exposição itinerante que três cidades francesas vão abrigar até Janeiro de 2006, em decorrência das festividades do Ano do Brasil na França
Pelas mãos da pesquisadora Andrea Lago da produtora Vide o Verso que concebeu o projeto, a exposição apresenta uma visão panorâmica e atual de temas universais/regionais, tomando como ponto de partida a literatura popular em verso e a xilogravura, manifestações que ajudam a compor a fisionomia cultural do Nordeste brasileiro e fazem refletir sobre a atualíssima campanha de preservação do patrimônio imaterial da humanidade.
Um dos principais enfoques é a existência de antecedentes franceses nas matrizes do nosso folheto: a littérature de colportage é expressão literária da cultura popular medieval francesa, cujos traços são facilmente identificáveis na produção cordelística nacional.
Com ambientação associada à cantoria e outras expressões de oralidade, ao mundo das feiras livres, da poética de folhetos e imagens xilográficas da vida nordestina, a exposição também evoca a França medieval com os personagens saídos das histórias de cavalaria para o imaginário brasileiro e para a literatura de cordel, encarnados principalmente em Carlos Magno e nos Doze Pares de França.
O fio condutor será a trajetória pessoal do homenageado do evento, o xilógrafo e cordelista José Francisco Borges, ou J. Borges, aliada à riqueza do acervo do pesquisador brasilianista Raymond Cantel (1914 – 1986), que manteve contatos diretos com Borges e outros artistas populares, freqüentou o país durante as décadas de 50 a 70, e defendeu ardorosamente o cordel brasileiro e manifestações literárias similares de Portugal e França.
O curador brasileiro da mostra é o pesquisador e folclorista Roberto Benjamin e a curadoria francesa está com a pesquisadora Ria Lemaire, diretora do Fonds Raymond Cantel, instituto de documentação e pesquisa sobre literatura popular brasileira, cujo precioso acervo será cedido para a exposição.
O projeto irá levar à França os artistas J. Borges, Ivan Borges e Marcelo Soares que oferecerão oficinas de xilogravura ao público. Patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil e apoio cultural da Natura e da Rexam.