Carlos Lopes, representante no Brasil da Organização das Nações Unidas, comenta a implementação das ações da pasta liderada pelo ministro Gilberto Gil no âmbito internacionalPor Israel do Vale
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23/12/2003

Representante no Brasil da ONU (Organização das Nações Unidas) e do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Carlos Lopes é uma espécie de ?ouvidor externo? para a implementação das políticas públicas imaginadas pelo Ministério da Cultura do ministro Gilberto Gil, especialmente no que se refere ao aprimoramento da interlocução internacional.

Nascido na Guiné-Bissau, de família de origem cabo-verdiana, Lopes responde pelo comando do posto avançado brasileiro das Nações Unidas, como homem de confiança do secretário-geral, Kofi Anan, de quem foi um dos assessores diretos até poucos meses atrás, em Nova York.

Um dos responsáveis pela formatação de uma agenda Brasil-África, o emissário da ONU no Brasil contribui atualmente para a organização de dois importantes eventos internacionais programados para o primeiro semestre de 2004: o seminário ?Cultura e Desenvolvimento?, com países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), previsto para março, e o Encontro de Ministros da Cultura, para abril.

Divide com essas tarefas uma rotina centrada, desde sua chegada ao Brasil, em oferecer um ?olhar externo? sobre o programa de ação do governo brasileiro na área cultural. ?Muitas das idéias do MinC são fantásticas do ponto de vista do simbólico?, elogia Lopes. ?Mas ainda carecem de efetivação do ponto de vista pragmático?, ressalva. ?Queremos ajudar o ministério a desbravar essa mata que é lidar com a cultura.?

Abaixo, Lopes detalha algumas das ações previstas para transformar reflexão em prática.

Cultura e Mercado – O que está programado de imediato e qual a estratégia de ação nesta parceria entre ONU e Ministério da Cultura?
Carlos Lopes
– Nós fizemos uma avaliação do primeiro ano de atuação do MinC. Uma avaliação externa, um olhar externo para ver o que funciona e o que não funciona. Chegamos à conclusão, por exemplo, que muitas das idéias do MinC são fantásticas do ponto de vista do simbólico, porque é uma definição de cultura que é mais antropológica, mais abrangente, liga a cultura a dois elementos fundamentais do debate, que são cidadania e economia. Quer dizer, há uma série de elementos muito interessantes, mas ainda carecem de efetivação do ponto de vista pragmático. Nós queremos ajudar o ministério a desbravar essa mata que é lidar com a cultura, com essa idéia mais abrangente, mais cidadã.

C&M – Transformar reflexão em prática…
Lopes
– Exato. Aí temos um projeto que nós chamamos Assistência Preparatória, para fazer uma série de diagnósticos complementares e propostas de política pública na área da cultura. Queremos, em função dessas propostas, chegar a um plano de ação que eventualmente tenha financiamento de bancos internacionais como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial, por exemplo. E também temos algumas ações de aproximação com a agenda internacional do Brasil com a cultura: relações com a CPLP, relações com a África.

C&M – A CPLP vai ser a ponte para a relação com os países da África?
Lopes
– Não. É porque é uma prioridade do governo ter relações com a CPLP. Então a gente pode aproveitar essa energia.

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