marcosantos

“Porque te amo tanto, pátria minha!”
Vinicius de Moraes – 1943

Tenho ficado surpreso e estupefato com a violência com que o Cultura e Mercado tem se dirigido às nossas autoridades e principalmente à pessoa do ministro da Cultura.

Por incrível que pareça, os últimos artigos de fevereiro e março apesar de sua virulência, foi aplaudido por colegas com as suas opiniões solidárias.

O que quer o Cultura e Mercado? Derrubar o ministro, derrubar o presidente Lula, desestimular os envolvidos na cultura brasileira gritando que não temos mais jeito e que a Lei é mal usada, blá, blá, blá, jogando o povo brasileiro contra a cultura nacional (afinal somos um bando de aproveitadores de dinheiro público), blá, blá.

Não encontrei nestes artigos nenhuma atitude ou sugestão positiva com proposições claras para onde devemos ir, quem somos e principalmente o que queremos!

Serei novamente super criticado por defender o ministro, o ministério, (com sua centenas de colaboradores lutando para que as coisas aconteçam) a lei Rouanet e outros instrumentos necessários para que o povo brasileiro tenha acesso às artes e no final de tudo que é o que eu acredito que todos buscamos – a melhoria do bem estar do povo brasileiro, o seu crescimento e a sua felicidade.

Reitero que a Lei Rouanet é um bom instrumento de financiamento.

Antes que me critiquem, tenho sim usado a Lei para produzir inúmeros projetos. Todos, repito todos os meus projetos foram e são gratuitos para a população. Assim já apresentamos orquestras, shows, circo, cinema de graça para a população ,em cidades como Santos, Campinas, Riberão Preto, Salvador, Belo Horizonte, etc. Mais de 50% dos eventos foram fora de São Paulo e Rio!

Precisa melhorar a burocracia, precisa.

Podemos sugerir mudanças, devemos.

Precisa melhorar a Lei, ora é claro que precisa. Após 14 anos qualquer lei de beneficio fiscal exigirá aperfeiçoamento, aprimoramento. Vamos sugerir ? Que tal  Cultura e Mercado ser o articulador destas e enviarmos juntos ao ministério.

Precisa dar suporte ao ministro para que tudo não fique concentrado na Lei e tenhamos dinheiro no Fundo de Cultura e no orçamento? Precisa. Que tal o Cultura e  Mercado fazer um movimento de adesão e irmos todos ao Congresso cobrar das comissões mais dinheiro para a cultura. Isto é positivo. Isto é trabalhar a favor. Isto é trabalhar para que o Ministério tenha dinheiro, orçamento. Só aí é que podemos reclamar do ministro e de sua atuação. Se não tudo isto é bobagem, nos prejudicamos e não vai nos levar a lugar nenhum.

Vamos para a atitude positiva, adesões no Cultura e Mercado.

Chega de violência inútil.


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11Comentários

  • Leonardo Brant, 14 de março de 2009 @ 8:56 Reply

    Caro Sergio, ao contrário do que vc afirma, não existe um movimento deliberado e orquestrado do Cultura e Mercado. O veículo não tem orientação político-ideológica. Ele está aberto para os que falam bem, para os que propõem, para os que comentam e para os que falam mal, como eu tenho feito, ao observar a decadência de um projeto político que eu, humildemente, ajudei a construir. Sugiro que essas críticas sejam direcionadas a mim e não a Cultura e Mercado, que publica 70%, 80% do seu conteúdo relacionado ao MinC de maneira positiva.

    As críticas ao MinC têm sido fortes, admito. Exagerada às vezes. Mas não são infundadas. São programáticas e não pessoais. Se o ministro centraliza decisões e ocupa um espaço central na arena, inclusive qdo demite sumariamente funcionários dedicados e de reconhecida competência, é porque não gosta de se ver contrariado, chama para si a resposabilidade. É bom ver um lider com opinião e convicção, mas temos que apontar quando essa característica torna-se negativa para a gestão da coisa pública e ação programática, que escorre pelas mãos do déspota. Nesses momentos ele é citado.

    Suas críticas são muito bem-vindas, Sergio. Minha função aqui é pública e precisa do acompanhamento e da crítica para não se perder. Falar mal é fácil. Difícil é propor caminhos concretos para apoiar a sociedade a encontrar um norte nas políticas públicas. Não existe um só texto em que não mostre algum caminho, talvez não o correto, mas aquele em que acredito.

  • tito, 14 de março de 2009 @ 11:55 Reply

    Olá Sergio, não sei exatamente quem vc é, se trabalha no minc ou que cargo tem, mas no discurso de posse do Gil, ele estipulou como meta atingir 1% do orçamento, não conseguiu, muito provavelmente não atingirá nem com 4 anos do segundo mandato.

    A lei Rouanet foi prometida uma revisão em 2004, estamos em 2009, convenhamos não precisa tanto tempo pra não ter proposta alguma. Acho válido sua opinião sobre mobilização, mas a gestão é do Minc, e sobre gestão contra fatos não ha argumentos.

    Acredito que passamos por um período (2 anos antes do fim do mandato) que é necessário apresentar as propostas e viabilizá-las, até quando vamos ficar no promessas, planejamento, pesquisas etc…

    O Mamberti que é adorado pela classe artística depois de 5 meses que tomou posse reuniou a classe para discutir assuntos referente á Funarte, não conseguiu sequer fazer um site decente, nesse rítmo vai ser dificil elogiar algo.

  • tito, 14 de março de 2009 @ 12:07 Reply

    Sérgio, elogios ao Minc eu tenho vários, começando pelo PNC, mas elogiar nesse momento acaba sendo encobrir as falhas de gestão latente ao Ministério, as críticas tem o efeito de trazer o Minc aos compromissos firmados. No episódio da pixadora da Bienal o Minc se pronunciou com rapidez, essa atitude foi amplamente discutida aqui, no caso do aumento de impostos para área cultural demorou 2 meses pra se pronunciar, fiquei sem saber se era o Juca que estava de férias ou todo o Ministério.

    É importante dizer tb que assino o RSS do ministério, é impressionante a quantidade de notícias repetidas, apenas muda o título, o conteúdo é o mesmo, vários comentários enivados por mim criticando o Minc não são publicados, o site virou uma campanha institucional abolindo completamente a discussão e as críticas, ainda bem que temos o cultura e mercado como porta voz de pensadores da cultura que ao contrário do que vc pensa, luta para garantir o direto a cultura de forma democrática e republicana.

  • Carlos Henrique Machado, 15 de março de 2009 @ 11:26 Reply

    Sergio, acho que você está fazendo muito alarido e tendo uma visão pequena de uma questão complexa, com essa vitimização pró Juca Ferreira. Jogue-se num horizonte um pouco mais extenso! Você talvez esteja contaminado por seu próprio universo, trazendo aqui à luz as suas obervações a partir da sua realidade e não a da cultura brasileira.

    A meu ver, deveria entrar aqui para discutir duas questões, uma seria o seu discurso pró-marketing, colocando na mesa como um royal street flash alguns eventos que você classificava como bem-sucedidos em 2006. Esta matéria está aí no final da página, no tópico, mais comentados(Marketing Cultural:Já é para todos). Seria interessante que você comentasse aqui por que aqueles projetos de marketing tão fogueteados por você, viraram pó ou, pelo menos, ninguém ouve mais falar.

    O segundo, pra mim muito mais tenebroso. Acompanhei os debates na Carta Maior do Seminário Internacional Sobre Desenvolvimento e, absolutamente tudo o que foi discutido ali, depende de bases estruturais focadas na cultura. No entanto, a palavra cultura não aparece em nenhum daqueles debates, nem nas obsservações da Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Precisamos entender o motivo disso. Eu, que estive no dito “Diálogo Cultural”, fiquei e virei, como todos que lá estavam, meros espectadores do discurso desconetado com a realidade, de Juca Ferreira, sobre o qual escrevi aqui mesmo. Posso lhe garantir que todas as minhas críticas estãos associadas à ausência de planejamento em infraestrutura que o MinC simplesmente nunca quis discutir. Preferiu o caminho cada vez mais improvável da dita e propalada inclusão pela economia da cultura.

    Quando vejo Américo Códula reiterar esse discurso que teve início com Gil, fico a pensar, se eles tivessem vírgula de razão, as favelas e periferias do Rio de Janeiro, principalmente, não apresentariam uma das mais gritantes tensões sociais do país. O mesmo lugar de onde sairam os grandes mestres do samba, reconhecidos internacionalmente, e as próprias escolas de samba, que são o maior ativo da economia cultural do Rio de Janeiro.

    Toda essa visão panfletária para fugir de uma discussão mais científica, é um vício que nasce dentro do MinC na era Gil. Essa desconexão de várias áreas da cultura por motivos alheios à sociedade, estão mergulhadas numa obscura visão corporativa que beira ao medieval. Por isso, não cobro de nenhuma daquelas pessoas que estiveram no Seminário Internacional Sobre Desenvolvimento, uma visão focada na cultura como aqui estamos neste momento debatendo, sobre o qual, Maria Alice Gouveia nos trouxe dados fundamentais para um melhor entendimento de como vimos parar nessa rua sem saída, estamos aqui nessa feira de peixe, nessa gritaria de pregão. E, do mesmo Vinícius de Moraes que você cita, mas com a sua visão da arte infantil, devolvo-lhe este verso da nossa arca de Noé cultural, “era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque na casa não tinha chão.” Pergunto a você, Sergio, isso te faz lembrar algum ministério? Ou preciso cantar aquela do pato, do mesmo Vinícius e da mesma arca de Noé?

  • Felipe Ribeiro, 16 de março de 2009 @ 12:38 Reply

    Posso não concordar com a forma taxativa que o escritor referiu-se ao Cultura e Mercado. Mas a questão não é essa. O ponto não é esse. Leonardo Brant explicitou o grau de isenção da Cultura e Mercado, ressaltando a tranparência dos textos e afirmando que os mesmos se comprometem a definir soluções para os problemas em que se encontra a cultura. Sinceramente não concordo também com a forma taxativa da opinião de Leonardo. Mas a questão não é essa. O ponto não é esse. A questão é mais simples ainda. A maneira que eu vejo os textos do Cultura e Mercado é a maneira que o ser humano enxerga quando tem interesses próprios. Quando as coisas não andam bem. Muitas vezes, elas não andam bem por um processo alheio a nossa vontade. Muitas vezes a questão é histórica. Ou seja, analogicamente á como culpar o governo pela desigualdade social no Brasil. Sabem quando esta surgiu ?
    A partir do momento que os portugueses aqui se estabeleceram. ( melhor definindo, desde 1500). A inexistência de políticas públicas bem definidas para a Cultura é histórica. Tal consideração , eu não tenho a menor dúvida de afirmar. Um política pontual ou outra, etc.O Ministério não conseguiu melhorar de forma bem definida a ótica do financiamento no Brasil. A Funarte pode ter sido uma instituição pouco eficiente nestes anos de gestão. Inúmeras outras questões o ministério não conseguiu solucionar, não tenho a menor dúvida disto. E é exatamente estes os temas que balizam o site Cultura e Mercado. É exatamente estes pontos que aparecem, o tempo todo. É exatamente sobre este prisma que são feitas as críticas à gestão atual. É como olhar para um espelho e observar aquilo que é mais interessante segundo seus olhos. Ou seja, as críticas são contundentes ?
    Sim , muitas vezes podem até ser. Apresentam soluções claras. Podem até apresentar, porém ja não colocaria o advérbio muitas e sim colocaria poucas vezes. Porém a questão não é essa. O ponto não é esse. O ponto, conforme disse anteriormente á não ressaltar aquilo que tem sido bem feito. O Plano Nacional de Cultura, por exemplo, é histórico. Pela primeira vez teremos um plano de Estado para a cultura. São dieretrizes e metas para os próximos dez anos. Por que será que os Pontos de Cultura em suas virtudes ( com milhares de pessoas sendo beneficiadas), os programas do audiovisual, as políticas de cultura popular ( os editais lançados- Culturas indígenas, Ciganas,etc), as políticas de informações culturais ( como o Convênio com o IBGE- não existia praticamente nada institucionado anteriormente) são tão ineficientes que quando falam sobre estas observam exatamente seus gargalos, assim como todos os programas têm. Os programas terão sempre gargalos, mesmo que seja gerido por um mestre marciano.As críticas com relação aos erros da Gestão obviamente são justas muitas vezes. O problema é que quando leio o site, eu percebo claramente o que o escritor falou: tem objetivos que transpassam a neutralidade. Parecem ser mais egoístas que altruístas. Só não percebe isto quem está envolvido nos interesses das questões que norteiam o site, ou seja: o problema da lei Roaunet, a ineficácia do financiamento, os erros de gestão, etc,etc. Me desculpem o que falarei a seguir Leonardo Brant: “Só não percebem que este site tem sim um direcionamento ( as suas próprias palavras são ambíguas – se o site não tivesse um direcionamento você não falaria em críticas favoráveis ou não favoráveis e sim em apenas críticas)quem não quer.

  • marcello bittencourt, 16 de março de 2009 @ 13:51 Reply

    Sergio Ajzenberg – parabéns, você é a única pessoa que eu vi elogiar a lei Rouanet. Ela apenas privilegia os grandes grupos e os institutos culturais ligados ao capital financeiro, além dos principais intérpretes da nossa canção. Você é uma rara exceção.

  • Leonardo Brant, 16 de março de 2009 @ 17:08 Reply

    Obrigado Felipe. É isso mesmo. Eu, como todo ser humano, tenho uma visão do mundo a partir dos meu referenciais, segundo meus dilemas, angústias e interesses. Esse é ponto central da discussão. Não quero me colocar, e não me coloco, como alguém capaz de enxergar o todo e de gerar soluções para tudo. Pelo contrário, sempre assumi o lugar de onde de onde falo, explicitei os interesses e as motivações da crítica e dos elogios, que são frequentes e às vezes tb equivocados. Quero garantir essa condição de errar, assumir e redimir. Estou aqui todos os dias, há 10 anos. E continuarei enquanto houver discussão inteligente, pois me alimento muito disso daqui nas consultorias que presto, no pensamento que procuro exercer e aprimorar. E sobretudo na vida. Vamos em frente, errar é com a gente! Abs, LB

  • sergio, 17 de março de 2009 @ 16:40 Reply

    Caros leitores do Cultura e Mercado q fizeram suas criticas e/ou comentários. Carlos Machado diz q os meus projetos ou os q cito já desapareceram, e q nem o marketing deu certo.
    O Pào Music volta este ano com tudo quando do ano da França no Brasil.
    Algumas ações com Lei rouanet outras sem. Estamos fazendo no interior de SPaulo o Telefonica Trio Tons q já reuniu de graça mais de 400mil pessoas com shows interessantes com maestro João Carlos Martins,Paralamas, Vanessa da Mata e Frejat. O Motomix tbem um evento criado por nós continua sendo produzido assim como iniciamos o Festival Claro Curtas. Portto o marketing através das artes deu certo e está funcionando. O q nào temos são as outras formas de financiamento atraves dos Fundos e do Orçamento. Por isto reitero q a Lei precisa de aprimoramento mas precisamos lutar para q tenhamos verbas nas duas linhas. Politica pública nào pode ficar só com a Lei mas nào vamos nos iludir, este dinheiro nào vai migrar para o Orçamento da Cultura e sim irá para o contigenciamento da Uniào!!
    Alguem duvida??
    Sergio Ajzenberg da Divina Comédia

  • Carlos Henrique Machado, 17 de março de 2009 @ 19:27 Reply

    Sergio
    Prometi a mim mesmo, e por razões bem definidas, que não quero mais discutir leis de incentivo, marketing, empresariado brasilero, pois estes jogaram a cultura brasileira num miopia que nos tirou o foco central da arte como forma representativa da sociedade. Tenho em minhas contas que o marketing é uma das maiores mentiras do século. Acho que ele, se pensado cientificamente, foi uma justificativa de pesados grupos mundiais como forma de atenuar um processo muito mais amplo de domínio, e que, de certa forma ele é jogado na discussão como boide piranha. Não tenho qualquer motivo para crer nessa visão gerencial pela lógica de uma coisa que acredito ser uma mentira.

    A internet está nos trazendo uma revolução maior do que imaginávamos, mais do que desmistificar os heróis tidos como produto de marketing, está desmistificando o próprio marketing. A população não perdeu a visão crítica e, da mesma forma analiso a planilha do IBGE que Juca Ferreira anda com ela debaixo dos braços pra cima e pra baixo. Numeros, o que são números para a cultura? Qual a abrangência deles? Quais os métodos adotados? Nao podemos analisar as coisas dessa forma, no caso da cultura, principalmente, elas não podem estar reduzidas a uma avaliação técnica manca, fisiológica, estática.

    O aprofundamento dessa questão é urgente no Brasil, Sergio. Usamos números ao nosso bel prazer, quando queremos desqualificar algo usamos a quantidade, e para qualificar, usamos a mesma medida. Ora, isso não pode ser parâmetro pra nada. O nosso olhar tem que ser mais extenso, sobretudo mais complexo. Mergulhar neste almoxarifado de planilhas, números, não nos trará nenhum avanço. Os principais componentes da cultura estão no processo político e social, não na armadura numérica e percentual, elas só trazem a fotografia dos números, a essência do processo fica fora dessa avaliação. E números, Sergio, como acabei de dizer, jogamos a favor ou contra, de acordo com a nossa necessidade. Nada pode ser tão manipulável quanto os números.

    Não entrei numa batalha campal para desqualificar os projetos que citei, sequer sabia que você estava diretamente envolvido, minha crítica está no quimerismo. Se pegarmos, ponto a ponto, todas as avaliações apressadas que tivemos com a sociedade brasileira, sempre desqualificando, sempre impondo doutrinas, cabrestos, vira-mundos para formatá-la ao gosto de um grupo econômico que a domina, veremos que cada um daqueles argumentos são absolutamente infundados para a nossa realidade. Esse poocesso só ganha legitimidade comprada no alarido sofismático, mancheteada. Normalmente, esse foguetório acaba logo no domingo, e na segunda, é jogado nas contas do esquecimento e fica tudo por isso mesmo. Nada neste país é carregado de tanta mentira quanto o universo cultural. Essas mentiras clipadas que ganham força midiática de todas as formas corporativas que foram cooptadas por um comando central.

    Por isso, Sergio, não vou mais discutir aqui e em lugar nenhum este processo. Se a Lei Rouanet for uma verdade, ela se sustentará, se for uma mentira, pior, se for prejudicial à sociedade, ela mesma se incumbirá de varrê-la como já fez com outros equívocos no passado. A minha proposta é trabalhar no campo que, por enquanto, nos resta, baseado na força emocional, na luta, seguindo as tendência da própria sociedade, sendo porta-voz de suas demandas. Acho que é este o papel da cultura, pelo menos diante da sociedade. E não há nenhum romantismo nisso. Temos as provas do mundo de que quem imortaliza um sistema é a sociedade.

    Não quero com isso ser áspero com as iniciativas de quem quer que seja e, muitos menos parecer pessoal nessas questões. Somente avaliei a tônica, o beat dado com acentuação máxima a um quesito que, como já citei, por razões claras, acho que é factóide. E, sinceramente torço para que você esteja de fato correto e que tais frutos devolvam à cultura brasileira um ambiente de plenitude, dissociado dessa visão picotada da fotografia brasileira que, a meu ver, estamos cada vez mais caminhando sob a lógica do gerenciamento a serviço de grandes corporações. E, neste caso, as carteiradas do marketing valem pouco para a sociedade, ou melhor, além de trazerem vício embutido, elas induzem a um olhar equivocado para um conjunto de ações.
    Grande abraço e obrigado pelo debate.

  • Carlos Henrique Machado, 17 de março de 2009 @ 21:49 Reply

    Sergio
    Prometi a mim mesmo, e por razões bem definidas, que não quero mais discutir leis de incentivo, marketing, empresariado brasilero, pois estes jogaram a cultura brasileira num miopia que nos tirou o foco central da arte como forma representativa da sociedade. Tenho em minhas contas que o marketing é uma das maiores mentiras do século. Acho que ele, se pensado cientificamente, foi uma justificativa de pesados grupos mundiais como forma de atenuar um processo muito mais amplo de domínio, e que, de certa forma ele é jogado na discussão como boide piranha. Não tenho qualquer motivo para crer nessa visão gerencial pela lógica de uma coisa que acredito ser uma mentira.
    A internet está nos trazendo uma revolução mairo do que imaginávamos, mais do que desmistificar os heróis tidos como produto de marketing, está desmistificando o próprio marketing. A população não perdeu a visão crítica e, da mesma forma analiso a planilha do IBGE que Juca Ferreira anda com ela debaixo dos braços pra cima e pra baixo. Numeros, o são números para a cultura? Qual a abrangência deles? Quais os métodos adotados? Nao podemos analisar as coisas dessa forma, no caso da cultura, principalmente, elas não podem estar reduzidas a uma avaliação técnica manca, fisiológica, estática.
    O aprofundamento dessa questão é urgento no Brasil, Sergio. Usamos números ao nosso bel prazer, quando queremos desqualificar algo usamos a quantidade, e para qualificar, usamos a mesma medida. Ora, isso não pode ser parâmetro pra nada. O nosso olhar tem que mais extenso, sobretudo mais complexo. Mergulhar neste almoxarifado de planilhas, números, não nos trará nenhum avanço. Os principais componentes da cultura estão no processo político e social, não na armadura numérica e percentual, elas só trazem a fotografia dos números, a essência do processo fica fora dessa avaliação. E números, Sergio, como acabei de dizer, jogamos a favor ou contra, de acordo com a nossa necessidade. Nada pode ser tão manipulável quanto os números.
    Não entrei numa batalha campal para desqualificar os projetos que citei, sequer sabia que você estava diretamente envolvido, minha crítica está no quimerismo. Se pegarmos, ponto a ponto, todas as avaliações apressadas que tivemos com a sociedade brasileira, sempre desqualificando, sempre impondo doutrinas, cabrestos, vira-mundos para formatá-la ao gosto de um grupo econômico que a domina, veremos que cada um daqueles argumentos são absolutamente infundados para a nossa realidade. Esse poocesso só ganha legitimidade comprada no alarido sofismático, mancheteada. Normalmente, esse foguetório acaba logo no domingo, e na segunda, é jogado nas contas do esquecimento e fica tudo por isso mesmo. Nada neste país é carregado de tanta mentira quanto o universo cultural. Essas mentiras clipadas que ganham força midiática de todas as formas corporativas que foram cooptadas por um comando central.
    Por isso, Sergio, não vou mais discutir aqui e em lugar nenhum este processo. Se a Lei Rouanet for uma verdade, ela se sustentará, se for uma mentira, pior, se for prejudicial à sociedade, ela mesma se incumbirá de varrê-la como já fez com outros equívocos no passado. A minha proposta é trabalhar no campo que, por enquanto, nos resta, baseado na força emocional, na luta, seguindo as tendência da própria sociedade, sendo porta-voz de suas demandas. Acho que é este o papel da cultura, pelo menos diante da sociedade. E não há nenhum romantismo nisso. Temos as provas do mundo de que quem imortaliza um sistema é a sociedade.
    Não quero com isso ser áspero com as iniciativas de quem quer que seja e, muitos menos parecer pessoal nessas questões. Somente avaliei a tônica, o beat dado com acentuação máxima a um quesito que, como já citei, por razões claras, acho que é factóide. E, sinceramente torço para que você esteja de fato correto e que tais frutos devolvam à cultura brasileira um ambiente de plenitude, dissociado dessa visão picotada da fotografia brasileira que, a meu ver, estamos cada vez mais caminhando sob a lógica do gerenciamento a serviço de grandes corporações.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 18 de março de 2009 @ 10:51 Reply

    Sergio!
    Em tese, quando você apresenta, assim de maneira humilde, seu repertório público privado como um “Cheique da cultura”, com este arsenal, exibindo seu poder de fogo, você, naturalmente abona a fotografia de toda a crítica que se faz da concentração de, digamos, “os 10 mais influentes”, dentro e fora das quatro linhas.

    E aí, justifica sim a sua preocupação em termos cuidado ao buscar a critica seletiva e fisiológica.

    Acreditar que alguém tenha calos é mesmo difícil quando se anda de cromo alemão de bico largo.

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